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Eurico Neto

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  • Bio-bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

 

Um esboço de Da Vinci

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Eurico Neto


 

Ceia

Ao poetartista-plástico Eugênio Paxelly



Assentados à mesa
repartem o peixe mitológico
(mil anos os espreitam das escamas carcomidas)
Mil olhos
Mil’entes
Ante a mesa posta, verbofágicos,
os comedores de palavras
― ceiam ázimos
― bebem verbo
― gestam lácteas estrelas.
Vejam-me d’entre eles,
meus múltiplos eus e eu,
afiando essa faca ineffabille,
repartindo, nesse médium volátil,
Esse pães guturais...


Pina
06/11 /1995
Eurico



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Eurico Neto


 

ILHA –SEM- DEUS


Aquecer a frágil’alma
Ao calor desses destroços
Esses retraços que ardem
Em um ser baldio e sem crença
Esfregar mãos engelhadas
Ao fogo desse monturo
Prender a morte num engulho
Sem desistir da existência
Buscar sentido no caos
E fé na lenta agonia:
Esses barracos imundos.
Essas entranhas vazias.
Trapos, lama, palafitas
Sem Deus na ilha esquecida
E a vida?
A vida é também retraço
No pó das desconstruções.
Essa inútil empreitada.
Um traço desesperado
Que nós riscamos no Nada...


Eurico Neto 16.01.2003

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Eurico Neto


 

Mitopoese III: Aphrodite




Dos olhos saltam peixes imprevistos,
não há punhais.
As mãos são aves, ágeis, finas.
Luzes feéricas ao seu passar,
cabras e carneiros no caminho de seus pés.
Acendam-se os luzeiros da noite:
Ei-la!



Eurico
17.OUT.1995
(Com especial dedicatória à amiga Leila)

 

 

 

 

 

25/07/2006