Luiz
Eurico de Melo Neto
Prezado
poeta, o interessante é q eu também não tenho nada impresso, e
de repente fiquei à cata de algo teu nas livrarias. Já baixei os
nove capítulos do Círculo Hermenêutico, vou imprimir e
distribuir com os amigos do 'trecho'. Sabe amigo, vc sabe q a
gente se surpreende com um texto qdo se identifica com ele, qdo
diz o q a gente gostaria de dizer ou de ouvir.
Foi
isso o q aconteceu comigo ao ler o Círculo. Pertenço a uma
comunidade de artistas plásticos e poetas daqui q se denominou
Grupo Arrecifes. Poetas e filodoxos de mesa de bar, diletantes, o
q é um pecado, mas o trabalho e as Xantipas não nos dão tempo
para exercer a arte com mais dedicação. Bem, pra terminar, sou
meio devoto de um tal de Esferismo, criado por um artista genial
dessa terra saída das águas, o Paxelly. Lembra um pouco o
Perspectivismo de Ortega y Gasset, mas como foi criado por um
pintor/escultor é repleto de belas imagens.
Mas
essa das 'senhas' e a maneira com que vc saca, das coisas miúdas,
essa verdadeira revelação filosófica, é luciferina, isto é,
portadora de luz. Luz? Que luz? Lembrei tua prosa, o teu ritmo, o
trato veloz com as minudências. Quero declarar, sem conter o
elogio q já se anunciava desde o começo deste e-mail: q vc foi a
primeira cabeça pensante que deparei nesse areópago cibernético,
aliás, passou a ser areópago depois q topei com vc. Creia q tuas
idéias vão ser digeridas irmãmente na ceia verbofágica q eu e
meus múltiplos eus fazemos em meu interior. O Círculo abriu-me o
apetite
verbal e a senha da plasticidade. E ainda dizem que no Brasil não
há
filósofos. Tu és filósofo genuíno. Embora o maior elogio q eu
te possa fazer é te chamar de Poeta.
Receba
meu abraço e a minha sincera admiração:
Luiz
Eurico de Melo Neto
Recife
de Pernambuco, essa terra onde os uçás saem do mangue e vêm dar
suas crias no asfalto, 25.06.03 - 5h26
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