Rita Brennand
Minhas RaizeS
Quando eu nasci, aninharam-me,
aninharam-me em berço pintado de verde.
Até que enfim, veio menina !
Respirei pela vez primeira
ouro e verde.
Nasci brasileira e nordestina !
Na casa do engenho com nome de santo,
(santo pobrinho!)
São Francisco!
minha vó Francisquinha,
minha mãe, Francisca,
me deram o nome de minha
Dindinha: Rita.
Nome forte como madeira
de que cupim não gosta.
Da janela do engenho só se via
o lençol verde do canavial.
O sobrado, tem tanta história!
Cada janela é um olho.
Quantos olhos dali, já olharam!...
Agora é a minha vez,
porque aqui nasci.
E é daqui o meu começo,
aqui finquei raiz.
Me criei asas e olhos.
E de onde eu estiver,
arribo de novo neste quintal.
Me sonho de novo nessa varanda,
me molho do cheiro
dos tachos de doce,
da manhã morna,
do gosto da brisa;
revejo os bichos caseiros,
os embuás, as lagartixas,
os sapos, as caranguejeiras,
besouros e formigas...
Passarada mangueiras
pitangas cajás cajueiros
É daqui desse engenho, na Zona da Mata,
do engenho São Francisco,
que escorro de mim
meu caldo de cana caiana,
meu refresco de pitanga,
meu sumo de caju.
Agora é a minha vez,
porque aqui nasci.
É aqui o meu começo.
Aqui finquei raiz!
Rita Brennand, O luar em meu olhar
azul
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