Irineu Volpato
Biografia
Irineu Volpato, já consumindo os 70, nasceu em terras de roça nuns
morredos Paraíso, somados a Piracicaba. Por isso não me estranhem
quando constante me digo de Ressaca, Caiapiá, Ponta do Morro, Araquá,
que era um corguinho altivo, mas semvergonhosamente vadio, sua
nascida em Cuvitinga, eitava por Santa Júlia, cortava Vila Estação,
navegava entre terras cujos nomes ainda acho me lembro. E doutras
plagas também que vizinhavam ali onde.
E como tantos curiosos da sorte também eu vim catar beiras, que aís
sobravam na vida. E não passo reclamo do tanto que essa vida
doou-me, que aprendi saber-me exato de quanto cabia e era meu.
Botei uns filhos na vida, bonitos (eta coruja !) pra não de mim
reclamarem. Me andei por uns ofícios, que sustiveram meu sendo, me
garantiram uns depois . Me despedi de patrões, mas quem se despede
do trampo ? Catei meu picuá de sonhos que tinha largado atrás e
meti-me literato, com meu jeitão revezado e fui espiando a vida,
naqueles cantinhos amoitados que poucos cuidam catar. Somei uns
livrinhos lavrados com títulos de arrepiar, quase um poema inteiro
(que sempre assim pensei – se não me lerem os poemas, pelo menos a
resenha no título vão ter que engulir de ler). E de entremeio
brinquei com uns amigos de França, do México, do Paraguai (me
esquecia da Argentina), ah, também duma Itália, de traduzi-los,
traduzirem-me.
E pra me completar literato vim recolher-me de só, em beira rabeira
de estrada, que emenda duas cidades neste Estado de São Paulo
(Piracicaba-Santa Bárbara). Propriamente na roça, mas com suas
facilidades cidades de luz, telefone na casa, mas com todo o quieto
o do mato, com passarinhos e seus cantos,cães e curiangos em noites
e arrebois de chorar.
Não tenho E-Mail nem site, prefiro o preto no branco escorrendo no
papel. Amo as cartas em que toco com devoção de oração.
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