José Albano
Biografia
Poeta singular, no dizer
de Manuel Bandeira, "porque inteiramente fora dos quadros da poesia
brasileira", José de Abreu Albano nasceu em Fortaleza no dia 12 de
abril de 1882 e estudou no Seminário da cidade entre 1892 e 1893.
Mas logo o pai o mandou estudar na Europa, onde requentou os
melhores colégios, na Inglaterra (Stonyhurst College), na Áustria
(Colégio Stella Matutina) e na França (Colégio dos Irmãos da
Doutrina Cristã).
Dessa formação algo
"eclesiástica" duas ilações podem ser tomadas: uma, a linhagem de
sua poesia mística; a outra, a sua predileção pelo passado, pois
achava que a perfeição artística estava lá. Não lia os escritores de
seu tempo e a sua obra, de modo geral, é de gosto clássico,
arcaizante, camoniana. Assim, fugia ao esquema, algo repetitivo do
Romantismo/Parnasianismo/Simbolismo, fuga para o passado, pois
"propositadamente ele não quis ultrapassar a Renascença", como diz
José Sombra.
Bem jovem ainda, José
Albano está de volta à terra natal, quando começa a publicar seus
poemas no jornal A República e estuda no Liceu do Ceará. Em 1902 vai
para o Rio de Janeiro, com a intenção de estudar Direito, mas
interrompe o curso e volta ao Ceará, na condição de professor de
latim do Liceu. Europa, Ceará e Rio de janeiro marcarão as várias
etapas da vida do poeta.
Depois de trabalhar no
Ministério das Relações Exteriores, José Albano, já casado, vai para
o consulado brasileiro em Londres. Mas abandona a carreira pública
para viajar pelo mundo, enquanto continua a produzir seus poemas de
feição clássica. Poliglota, escreve em francês, inglês e alemão,
mas, como lembra Manuel Bandeira, "tão versado em idiomas
estrangeiros, prezava como ninguém a pureza do vernáculo".
Inquieto, "um doido com
intervalos de gênio", como disse Gondin da Fonseca, José Albano
acaba abalado mentalmente, mas se recupera após três anos de
tratamento no Brasil e volta à Europa. Alguns de seus poemas são
enfeixados, pelo próprio autor, em "plaquetes requintadas",
dificilmente encontráveis hoje em alguma biblioteca.
Deve-se a Manuel Bandeira
e a Braga Montenegro o estudo e a divulgação de suas Rimas. Manuel
Bandeira, como inúmeros críticos da obra de José Albano, ficou
indeciso quanto à classificação estética do poeta, naquele começo do
século com escolas que se entrecruzavam e influenciavam lealmente os
poetas.
Como o Parnasianismo tinha
uma feição algo clássica, tal constatação levou alguns estudiosos a
incluírem José Albano nesta Escola. Manuel Bandeira, depois de
julgá-lo fora "dos quadros da poesia brasileira", levanta a questão:
"Todavia, alguma coisa em sua poesia soa à corrente poética do tempo
em que ele viveu. Esse tempo era o simbolismo. Pela espiritualidade
de sua inspiração, pela musicalidade de sua forma, pela
sensibilidade por assim dizer outonal de seus versos, é dentro do
quadro simbolista que melhor cabe a sua singular figura.
José Albano morreu na
França, em Montauban, às margens do rio Tarn, no dia 11 de julho de
1923, e foi sepultado no pequeno cemitério da cidade.
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