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Cecília Quadros 

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Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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Contos:


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Rembrandt, Holanda, 1606-1669, A volta do Filho Pródigo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

Cecília Quadros


 

A jangada


Te vejo
Linda, simples, vela estirada pelo vento,
exibindo singelo desenho: mulher em vermelho.
É teu descanso e na praia permaneces.
Cheiras a mar, madeira, suor dos homens que te manejam.
Te abres para mim e me surpreendo com o exíguo espaço
em que descansam teus marinheiros:
tosco, suficiente apenas para um sono rápido
antes da volta ao trabalho, a busca pelo peixe
-de vigília fica sempre um jangadeiro
a zelar pelo sono dos companheiros.
Descansam confiantes,
pois já leram o céu, as nuvens e as estrelas.
Depois é revezar, voltar a pescar,
reparar, remendar, trabalho árduo, solidário,
protegido pela reza das namoradas ou companheiras.
Sei que quando chegam e os peixes descarregam
agradecem a Deus a sobrevivência,
a boa pesca, e o seu quinhão nas vendas,
pois a jangada, com amor guiada mar a dentro
quase sempre não lhes pertence...


Fim de tarde,
Vela com destreza enrolada,
Mãos rudes, pele maltratada
Não sei o que mais me toca
Se o pescador ou a jangada...
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Jerônimo, de Caravaggio

 

 

 

 

 

Cecília Quadros


 

Atravesso portas e mais portas


 

Atravesso portas e mais portas
Percorrendo, curiosa, empoeiradas áreas,
Prolongamento desconhecido da minha própria casa.
Por que só agora o acho?
- Sensação de desperdício de tempo e espaço -


No sonho
as portas que na realidade nunca abri,
Os mistérios que não tentei desvendar,
Tudo o que podia e não tive ousadia para conquistar...


20-06-05

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Cleópatra ante César

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Carlos Nóbrega

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

Cecília Quadros


 

Com poetas não se fala de arranjos terrenos

 

 

Com poetas não se fala de arranjos terrenos,
mas de vôos de pássaros, flores,
bonecas de louça, versos e estrelas;
de madrugadas longas, noites frias
ou manhãs com orvalho, tardes lentas;
de olhares perdidos, apáticos ou apaixonados
ou sorrisos amplos e serenos
(se o Amor é certo e se faz pleno).


Fala-se de destino, impaciência e desejo
(deste sutilmente),
quando o Amor ainda é mistério ou recente...


É assim que amam os poetas:
sonham, suspiram, tateiam
e tudo é verso, festa e encantamento...
Se do devaneio algo os desperta,
Languidamente vão transpondo
a linha imaginária, que só o sonhador conhece.


Há que se ter paciência com os sonhos, as quimeras,
pois é assim que amam os poetas...
 

 

 

 

Crepúsculo, William Bouguereau (French, 1825-1905)

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Marselino Botelho

 

 

10.11.2005