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Marcelino Botelho

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Albrecht Dürer, Mãos
 

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Bio-bibliografia:

 

Poesia:

  1. a dança das pedras

  2. cova do mar

  3. paisagem

  4. decodificação da oficina

  5. soneto da etérea continuidade

  6. soneto de orbe e de infinito

  7. soneto de todo o corpo lavado

  8. pindorama pau-brasil

  9. corpo sobre a lâmina

  10. ho-men-age-m a cum-mings


 

Ensaio, crítica & resenha:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal de Tributos

 

Jornal de Filosofia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Marcelino Botelho


Soneto da etérea continuidade

 

 

Pássaros à espera de insetos, ovo manhã.

Urgentemente expelem de suas asas um vento excedente,

Frijo e gasoso: a abundância de espaço

Instiga ao vôo o corpo como um dardo.

 

Várzeas e um céu profundo fluem, aglutinados;

Musgos, nuvens, seres alados, qual fantástico

Contato de deuses e de sementes:

A vida pulsa, persistente, posta e difusa.

 

E por mais que tentemos transformá-la, descrentes

E confusos do que somos, por disparecer

A face e o gozo da liberdade,

 

Suave o pássaro penetra a carne

Da paisagem, que o sustenta, e o devolve,

Em parte, pois dele também se alimenta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Marcelino Botelho


Soneto de todo o corpo lavado

 

 

 

Ao longo das margens, acerquei-me

Do rio, que em minhas botas assentou.

Busquei, assim, em suas rotas, de joelhos,

Lavar o cansaço como se lavam as gaivotas

 

E os olhos de quem chorou; como lava o inverno.

Ali, o corpo rompeu-se pus e ventania

Para além do dia e das mãos que imitavam o inferno,

Tomando-o da água, que não o embacia.

 

Menos até que isso: da água-mão que o embalsamava

E o ungia; mesmo assim, o corpo, como um rio, seguia.

Vestia-se de água e de vento, por fora e por dentro.

 

E a cada momento girava seu carrossel de espumas

E trazia à terra toda o pasto das chuvas,

As coisas todas como um inventário imenso!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Marcelino Botelho


From: "marsel" <marsel@bol.com.br>
Sent: Tuesday, August 12, 2003 11:36 AM
Subject: Habitação


Querido Feitosa:

Poesia como essa Habitação é de comentar-se mudo, estatelado, antes de tudo; silenciadamente mastigá-la,Albrecht Dürer, Mãos postergá-la,triturar pa-lavra a pa-lavra. Portanto, trabalho infindável deglutir tal desjejum dos deuses. 

Mas, caro poeta, para o deleite de intelectuais socráticos e pós-socráticos, semióticos ou sociológicos, precisamos primeiro vivenciá-la, apreender dela o que não lhe pertence (talvez o poeta, como os dentes, preso em si mesmo, não saiba onde more, mas, ensimesmado, sabe onde habita). Morar e habitar, nesse desiderato, têm, nesse poema, semioses diversas: acredito que o aedo simplesmente criou uma campo sinestésico de verdadeira
grandeza verbal, surpreendente.

É de notar-se como "morar" torna-se um signo fluido, etéreo, volátil; e, ao contrário, "habitar" fecunda-se algo quase que palpável, por conta do efeito do jogo dos "relata" do signo: significantes e significados sofrem uma forte compressão de sentido: habitar dentro dos próprios dentes funciona também como uma hipérbole de habitar-se dentro de si mesmo, de forma tal que se possa sentir esse estar-ser, que é abstrato (mas
inteligentemente o poeta coteja-o sinestesicamente, dando-lhe concretude), daí a intensidade do sentido ser tão crostada.
Ora, o poeta "sabe que não sabe" onde mora porque a poesia que capta está em todas as coisas: na realidade a poesia é que mora em todas as coisas, por isso o poeta conecta-se a todas as coisas por via do que cria; mas, realisticamente, está em si mesmo, habita-se. Preciso, então, foi separar bem os sentidos, como o fez, de morar e habitar. O jogo entre o concreto/abstrato vai delinear o perfil da lucidez peculiar do discurso poético.  Veja-
se: penugem/cor (segunda estrofe); ouvido/som (terceira estrofe); olhos/horizontes (quarta estrofe); mães/branca e preta (quinta estrofe); mulher/mãe (sexta estrofe); alma(o imaterial)/tudo(o material: pele, cabelo etc.)...

Evidentemente uma poesia com essa dimensão não está adstrita a mecanismos semióticos, lúdicos ou o que quer que se queira exatamente determinar. O dito do poeta é algo ainda indizível aos olhos e ouvidos os mais atentos.

Por outro lado, uma poesia dessa grandeza não se faz só com sentimento (talvez mesmo sem ele): mas surge de um processo verbal articulado entre diversas realidades significantes cujas estruturas lingüísticas revelam uma nova diversidade de significações buscadas incansavelmente pelas mãos ágeis do escritor, pelo raciocínio intangível em si mesmo, porque poético.
Seu poema, certamente, não é um texto para ser decifrado
(porque labor impossível), muito menos nessas poucas linhas; também não é só para ser sentido (labor óbvio ao literário, porque estético). Mas algo para ser discutido indefinida e incansavelmente dentro da multifacetadas experiências humanas porque pode dialogar com o espírito, e apenas ser sofregamente sentido pela carcomida carne.

Marcelino Botelho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Marcelino Botelho


Itinerário Cultural

— Estréia na Antologia Poética  de  Novos, publicação da Livraria e Comércio Cultural Reler. Recife-PE.

— Menção - honrosa em concurso de crônica, promovido  pelo Diana Clube  e Diário de Pernambuco. Recife-PE.

— Menção - honrosa do IV Concurso Nacional de Poesia da revista Brasília. Brasília - DF.

— 1.º e 2.º lugar do Prêmio Ascenso Ferreira de Poesia,  da  Secretaria de Educação de Pernambuco e Prefeitura de Palmares. Recife-PE.

— 2.º lugar do Prêmio Villa Lobos de Música, do Conservatório Pernambucano de Música e Secretaria de Educação de Pernambuco. Recife-PE.

— 1.º lugar  do  Prêmio  Gervásio  Fioravanti de Poesia, da Academia Pernambucana de Letras. Recife-PE

— 6.º Colocado no concurso de poesia do Festival de Inverno de Garanhuns-PE

— Participou na V Amostra Artística de Poesia  da  Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Recife-PE.

— 3.º colocado do vestibular em Letras (Portugës-Inglês)-UNICAP.

— 1.º lugar do Prêmio/Crítica da II Semana de  Poesia  da  Faculdade  de Direito do Recife da UFPE. Recife-PE.

— 1.º Prêmio/Crítica do II Concurso Nacional  de Poesia Arari Fonseca. Olinda-PE.

— Participou da antologia A Nova Poesia Brasileira, publicação da Editora Shogun. Rio de Janeiro-RJ.

— 1.º do vestibular em Administração-ESUDA.Recife-PE

— Menção-honrosa do Prêmio Mauro Mota de Poesia  da  Fundação do Patrimônio  Histórico  e  Artístico  de  Pernambuco - FUNDARPE. Recife-PE.

— Lança o CD -TURMALINA, com dez canções suas.Recife-PE.

— Convidado a integrar o casting da gravadora BMGV on line.

—  Participou do II Congresso Nacional de Escritores. Recife-PE

—  Cursou a Especialização em Literatura brasileira-FAFIRE.

— 5.º lugar no concurso de poesia da Faculdade Fransineti do Recife-FAFIRE. Recife-PE.

— Participou do Congresso Poético-Cultural. Olinda-PE
 
— Participou da Conferência Gramática e Ensino: Uma Revisão de conceitos. Recife-PE.

— Participou do III Congresso Nacional de Escritores. Recife-PE.

— 6.º colocado na seleção para o mestrado-Teoria-UFPE.

 

Marcelino Botelho é formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Poeta, ensaísta, compositor, escreveu os livros de poesia A Dança das Pedras, Inventário das Chuvas, Resumo do Cromo, O Corpo sobre a Lâmina, Poemas de Anzol,  Estórias de Goteira e Sons por toda Vida e ensaios sobre a poesia de João Cabral, semiótica, música, canção popular, os contistas Machado de Assis e Moreira Campos, o teatro de Joaquim Cardozo, Baudelaire, etc. Publicou em jornais e revistas.

Nome artístico: Marsel.

Site:  www.marsel.hpg.com.br

e-mail: marsel@bol.com.br