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Fabio Cairolli

fabiocairolli@ecmonline.com.br

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Raquel Naveira

 

Ana Cristina Souto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Fabio Cairolli


Dia Nacional da Poesia.


 

Por que (não) celebramos este dia?

 

Neste dia 14, comemora-se uma daquelas datas que costumeiramente vemos em nossos calendários, no alto das paginas das agendas, mas que geralmente passam esquecidas de todos, inclusive de muitas instituições ligadas ao assunto. Refiro-me ao Dia Nacional da Poesia.

Com efeito, é de certa forma previsível que uma data como esta seja esquecida. A poesia não é como o pai, a mãe, o namorado, o trabalho, ou tantas outras coisas às quais as pessoas devotam tempo e importância suficientes para que não se esqueçam da data. A poesia é, além disso, uma coisa difícil de ser explicada em suas características mais profundas e, o que é pior, não é algo para o qual exista uma utilidade imediata. A única certeza que há, em relação a ela, é a de que nenhuma resposta às suas perguntas é definitiva.

No entanto, esta indefinição, que poderia ser vista como algo negativo, é uma de suas maiores virtudes: a poesia, quando não está presente na vida das pessoas com versos, estrofes e rimas, está presente naquela música que não sai da cabeça, está presente naquela frase dita por alguém que nos tira o chão, nas lembranças de cada um, nas dúvidas, nas certezas. As coisas que estimulam cada pessoa, que encantam cada um, não precisam figurar em volumes de capa dura do século XVI nem no programa de curso de uma faculdade de Letras para merecerem o adjetivo “poético”.

A respeito deste tema, Antônio Candido, um entendido no assunto, afirma que a arte, ou o Direito à Arte, a poesia entre elas, deveria ser integrada aos direitos universais do homem. Sua tese era de que os seres humanos, além do direito à vida, à igualdade e à liberdade – e outros tantos direitos assegurados na famosa declaração – possuem uma necessidade vital de sonhar. A melhor forma de compartilhar um sonho, segundo ele, é a expressão artística. Por meio dela, exercemos e recebemos a influência dos demais, constituímos um mundo próprio e participamos do mundo dos outros. O sonho, e suas formas de desenvolvimento, completam o homem.

Sonho é uma palavra que também está por trás desta data se levarmos em conta que este dia foi escolhido em homenagem ao nascimento do poeta Castro Alves, em 14 de março de 1847, há 160 anos, portanto. Castro Alves, indivíduo cuja presença contagiava o mundo ao redor, é um grande exemplo de quanto valem os sonhos. Homem comprometido com seu tempo, expressou como poucos os valores e anseios de sua geração: cedo despontou como poeta, não só de versos amorosos, mas também de composições sociais, defendendo ferrenhamente a abolição dos escravos e o regime republicano. Seus poemas, que declamava nas escadas e corredores das Faculdades de Direito, arrancavam aplausos e admiração de seus colegas, primeiro em Recife, depois em São Paulo. A tuberculose, que o levou aos 24 anos de idade, matou um homem, mas não enterrou a idéia. O chamado Poeta dos Escravos alcançou popularidade quase imediata e teve sua bandeira sustentada por homens como Tobias Barreto, difusor do liberalismo no Brasil do século XIX, e Rui Barbosa, que, além das atividades públicas em que esteve envolvido, fez-se guardião do material do poeta. Castro Alves não viveu para ver a República, nem a Abolição, mas uma e outra viveram por causa de homens como ele, que ousaram expor seus sonhos.

Desta forma, este ano, se ainda houver tempo, ou então o ano que vem, vamos aproveitar este dia para pensar na poesia. Não apenas naquela poesia que é impressa em livros, mas no material de cada pequena (ou grande) revolução que queremos praticar com nossas vidas. Não temos o que celebrar?

 



Fábio Cairolli é tradutor e poeta, atualmente mestrando em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo. É autor do livro de poemas Amores (2005).
 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

 

Fabio Cairolli

 

 


O poeta e tradutor Fabio Cairolli disse que fazia questão de me mandar um manuscrito. Que seja, pois, a la antiga, o prazer do calígrafo — de escrever e de ler.

E de guardar.

Uma nova forma de guardar... na www.

 

 


Nota do Editor: Fabio Cairolli refere os panfletos que o Jornal de Poesia remete ao primeiro contato. [Se o amigo ainda não tem os seus, é só dar um clic.] Aqui os links para os textos referidos:

1. Uma Canção Distante

2. Estudos e Catálogos - Mãos

 

 

 

Manoel de Barros

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), João Batista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

 

Cleynyra Guimarães

 

 


Amores

livro de Fabio Paifer Cairolli

 

Amores é um projeto artístico, desenvolvido por Fábio Cairolli, que resultou em um livro de poemas de sua autoria e ilustrações de Marisa Paifer, lançado no início de 2006.

Fruto da inter-relação entre as experiências do autor como poeta e como pesquisador de Letras, o ponto central da sua composição é a noção de que o sentido de uma obra de arte é produzido em dois momentos: quando o autor escreve e quando o leitor lê. Isso quer dizer que os poemas só se decodificam totalmente quando o leitor termina sua experiência de envolvimento com o texto. Desta forma, o objetivo deste projeto foi produzir um tipo de poesia que não se afastasse do leitor, mas sim que o trouxesse para dentro do livro, intrigando-o e instigando-o a reconstruir ele próprio os poemas que ele poderia ter escrito sobre sua vida.

Composto de 46 breves poemas (em torno de 10 versos cada), o livro trata não só dos amores de um homem por uma mulher, mas do sentimento que cada um pode nutrir por um hábito, por um lugar, pelas outras pessoas, por si mesmo, pelos eventos, pela vida. As ilustrações de Marisa Paifer, desenhos e aquarelas, para cada um dos poemas realçam e completam a construção desta trama, na qual os dois extremos da intimidade de uma pessoa são ligados.

35.
Hoje, por mais comum que esteja o dia,
Celebramos uma data festiva.
Pouco importa que o trânsito não ande,
Que os executivos suem, que alunos
Façam provas e cabulem as aulas:
Hoje, só importa que somos felizes.
Tanto mais felizes quanto os outros
Indiferentes



Cleynyra Guimarães
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Lau Siqueira

 

Paulo Bomfim