Afonso Luiz Cornetet |
From:
Afonso L S Cornetet
Sent: Wednesday, October 05, 2005 3:19 PM
Subject: Sobre centauromaquia e outros
bichos
Sabe, SF, às vezes fico aqui me perguntando como pode alguém ser tão criativo. Uma beleza este texto. Tive até a petulância de parar omeu trabalho e dedicar-me a esta saborosa e nutritiva leitura. Uma fonte de saber este texto, não tenha dúvida. Nele se aprende, cresce, evolui, etc, etc, etc... pérolas de lição extraídas e assimiladas: [...] há um único bicho valente total em toda a Natureza: o cavalo montado ou o homem a cavalo, tanto faz, que são apenas um bicho único. No estado selvagem, o cavalo é um bicho reconhecidamente medroso. [...] Mas, domador verdadeiro jamais espancará o animal. Há uma linguagem secreta." "A educação é pela pedra, disse o poeta, mas é pelo cavalo, digo eu, que passa o domínio do humano. Há um intenso jogo de orelhas. Quando murchas, saia de perto, é coice, é salto, é estranheza. As orelhas estão direcionadas à frente e em pé, em dupla ou alternadas. O domador tem que jogar o som lá na frente, no momento em que as orelhas apontam para frente, de modo que o som não venha de trás, como se fosse a fera a perseguir o animal. Claro que isto o senhor não vai ler em nenhum manual... Brilhante SF, um primor. Parabéns! Até mais, Afonso |
Aníbal Beça |
From: Anibal Beça
<anibal.beca@vivax.com.br>
Sent: Thursday, October 06, 2005 03:58 AM
Subject: Uma pequena lição de cavalaria
EM CIMA DOS CASCOS Feitosa, lacei vosso cavalo chegado no tropel, crinas esvoaçantes, do vento Cariri, para um conciliábulo, em que o nosso Vento Geral, doce constatação, apeia e se curva em reverência ao mano arigó, danado em danação eqüina: AVISO AOS CAVALEIROS DE FINA ESTIRPE PRIMEIRA GRANDE LIÇÃO DE CAVALARIA: "TODOS SOMOS CAVALOS-DE-SANTO, INCORPORADOS, EM BUSCA DE DÓCEIS MONTAS, OU REBELDES POTRANCAS, PARA A CAVALGADA DAS PLANÍCIES BRANCAS". CAVALGAMOS OU SOMOS CAVALGADOS? EIS A QUESTÃO.
Epígrafe de um certo Velho Chico:
O caos chega a galope em duros cascos: A palavra patável do cavalo potável rega a sede do verbo da campina.
O solitário verbo lambe a noite dessa garganta escura - a gruta emudecida - à espera da fala em sua partilha
Essa crina
lunar ao sol se alteia
no ímpeto
do galope na memória
e o cavalo
vassalo do seu halo
segue
regendo em funda melodia
acordes de
desejos
leve pluma
na língua amaciando instantes em seus momentos
Eis o fio da tarefa a se afinar: A palavra potável do cavalo patável que sabe do galope e o calmo trote
(Mundo que não
existe sem palavras
nem fala ao
lado oposto aos seus olhares
coisa com
coisa ausente de emoção.)
Que venha
então os raios no tropel
fiat lux no
meu verbo
a maravilha
bela que se instaure patável e potável.
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Gildemar Pontes |
From: "Gildemar Pontes" <gilpoeta@yahoo.it>
Sent: Thursday, October 06, 2005 9:17 AM
Subject: Comentário
Feitosa, poeta dos rebuliços e das gravuras assombrosas que saltam do nada, no meio da cara, refazendo no olho o olhar ingênuo. O Francisco é um rapaz bom, viajador, conhecedor de mato e de palavras, reconhece as estradas e a geografia maior, entende a memória e a história que ficou. Entrevistou o poeta e adivinhou o contador de histórias grandes, romanceiras, pra ouvir da tardinha à lua alta, vigiada pela coruja e pelos olhos dos meninos no mato, esperando o bicho que vem a galope. O poeta conhece dos cavalos e suas plumagens e impaciências. Vez por outra lembra meu avô, agarrado naquele roupão de cáqui, teimando o céu com os olhos azuis. A gente menino só fazia confirmar os bichos e criar outros mais medonhos que os dele, desenhados nas nuvens. Eu tinha medo de cavalo, o bicho era grande e difícil de subir. Já o jumento para nós era um tolo, acabrunhado, parado ali esperando uma cipoada pra girar o mundo. Nesse eu "amuntava em riba" da cangalha que saia com o mucumbu doendo. Ia buscar água no olho perto do rio de pouca vista. A nossa diferença, Feitosa, é que tu nasceste perto do mato e sabe dos feitiços do mato; quanto a mim, nasci na beira do mar e ia pro mato, de vez em quando, visitar meu avô e suas histórias mateiras. Qualquer dia eu conto histórias de mar, que é bicho medonho, de engolir gente e falar pelo vento coisas bonitas e misteriosas. Abraço, macho véi! Gildemar Pontes
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Paulo de Toledo |
From:
paulodtoledo
To:
soaresfeitosa
Sent: Thursday, October 06, 2005 3:50 PM
Subject: cavalos poéticos
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Luiz Paulo Santana |
From:
lupasan@uol.com.br
Sent: Sunday, October 02, 2005 11:48 PM
Subject: Uma pequena lição de cavalaria
SF: Foi uma bela, mítica, histórica cavalgada. Inflamou os campos, moveu os ares em grandes ventanias, despertou poetas, fez suspirar o leviatã — que não se atreve porque o caos é aparente — na hora mesma em que pele vermelha e cavalo frementes, hifenizados no "montado-e-vigilante" chispam, causando tremores no olho de quem olha e sem piscar lê até o fim. E tem cavalo e homem antes da "transfusão": o cavalo no cabresto em círculo, o cavalo na baia confiado, o cavalo e suas orelhas sinais e códigos. E tem cavalo solto, selvagem: "...a cabeça se alterna à esquerda e à direita, por baixo das pernas e por cima do lombo, a olhar de lado e para trás." E tem o segredo das palavras que se joga adiante, de modo que o cavalo, digo, o leitor, digo ainda, o centauro em que nos transformamos as recolha à galopada. É cavalgada de palavras que passam ligeiras no espaço de todos os tempos, modos e conjugações. Acabo de ler, acabo de ver e é assim. Ainda há poeira no ar. Abração, LPSantana BH/MG |
Carlos Roberto Lacerda |
From:
tao.rios@bol.com.br>
To:
Soares Feitosa
Sent: Monday, October 07, 2005 1:29 AM
Subject: Estética
Caro Soares Feitosa, Para uma definição poético-existencial-antropomórfica sobre o cavalo (cuja beleza plástica não perde nem para o tigre), ver "Uma pequena lição de cavalaria", de Soares Feitosa. Com o poema é que se aprende mais sobre as artimanhas do sagrado e do demoníaco coexistentes no corcel. Só a poesia é capaz de eviscerar, digamos assim, o espírito da beleza. A isso, é que dou o nome de Estética. Carlos Roberto Lacerda |
Vássia Silveira |
From:
vassia@uol.com.br
To:
soaresfeitosa
Sent: Monday, October 12, 2005 13:57 PM
Subject: Sobre cavalos e homens
Caro Soares Feitosa, Impressionante a viagem proporcionada por Uma pequena lição de cavalaria. Gosto muito da imagem dos centauros, me remetem a um tempo-espaço onde a razão é desprovida do cetro que nós, ocidentais e herdeiros do cristianismo, a entregamos. Gosto de me perder por brumas e labirintos, acompanhada de figuras imaginárias. E talvez isso explique a respiração suspensa pela leitura de seu texto e os caminhos que percorri a galope, sem crina ou rédeas para me segurar. Não era mais a figura do cavalo que eu via. Nem a do cavaleiro em seus trajes típicos. Andei em várzeas, montanhas e florestas de palavras. E o animal que me carregava era a página em branco. Eu, pobre amazona à procura de domar um dos mais belos e ariscos animais selvagens: a poesia. "Isto mesmo! Há o tremor para quem está em cima, para quem está embaixo, cavalo e cavaleiro (...). Ambos sabem que o planeta inteiro treme. Pulsam. Indague dos outros cavalos, que, ao frêmito da dupla, retesam as crinas. Indague das feras do dia.". E, de repente, fez-se noite meu galopar: "Por sobre os cavalos também: há um momento de falar, há um momento de silêncios". E o meu rebelde cavalo pára, negando-me a descoberta daquele lugar que ainda não conheci. Então me vem novamente a pequena lição de cavalaria: "Você, em cima do cavalo, é quem dá-lhe as ordem, mas ordens hão de vir de frente, e não de trás. Como seria possível ordens pela frente, se você, no lombo do animal, está atrás dos ouvidos da montaria? Aí é que está o passe de mágica: as palavras são lançadas à frente num ângulo de grau exato, de modo que o cavalo, à medida que corre, vá colhendo-as... e... quanto mais corre, mais ligeiro você joga palavras novas mais adiante (...)". Parando o cavalo, mostra cansaço também a amazona, num simulacro de aquiescência. Poeta e poema. Cavalo e cavaleiro: "Até tombarem exaustos. Senão mortos". Tudo com uma pequena lição de cavalaria. Parabéns pelo texto.
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Cissa de Oliveira |
From:
cissa.oliveira@gmail.com
To:
soaresfeitosa
Sent: Monday, October 13, 2005 13:57 PM
Subject: Uma pequena lição de Cavalaria
Soares Feitosa,
O teu texto, entrevista, discurso, enfim, essa desculpa que vais inventando para o crescimento do leitor, além de rico em informações (aprendi muito!) e significados, me surpreendeu especialmente pela sensibilidade. PSI, A PENÚLTIMA se transformou numa pedra que, exposta à luminosidade da tua imaginação se constitui num presente aos leitores. Estou certa de que o "Francisco" continuará a sair do poema através de ti enquanto quiseres e também aqui, dentro da gente. Beijinhos e parabéns! Cissa de Oliveira
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