Jornal de Poesia, editor Soares Feitosa

Afonso Luiz Cornetet

Sent: Wednesday, October 05, 2005 3:19 PM
Subject: Sobre centauromaquia e outros bichos

 

Sabe, SF, às vezes fico aqui me perguntando como pode alguém ser tão criativo. Uma beleza este texto. Tive até a petulância de parar oAfonso L S Cornetetmeu trabalho e dedicar-me a esta saborosa e nutritiva leitura.

Uma fonte de saber este texto, não tenha dúvida. Nele se aprende, cresce, evolui, etc, etc, etc... pérolas de lição extraídas e assimiladas:

 [...] há um único bicho valente total em toda a Natureza: o cavalo montado ou o homem a cavalo, tanto faz, que são apenas um bicho único. No estado selvagem, o cavalo é um bicho reconhecidamente medroso. [...] Mas, domador verdadeiro jamais espancará o animal. Há uma linguagem secreta."

 "A educação é pela pedra, disse o poeta, mas é pelo cavalo, digo eu, que passa o domínio do humano. Há um intenso jogo de orelhas. Quando murchas, saia de perto, é coice, é salto, é estranheza. As orelhas estão direcionadas à frente e em pé, em dupla ou alternadas. O domador tem que jogar o som lá na frente, no momento em que as orelhas apontam para frente, de modo que o som não venha de trás, como se fosse a fera a perseguir o animal. Claro que isto o senhor não vai ler em nenhum manual...

Brilhante SF, um primor.

Parabéns!

Até mais,

Afonso

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Victor Mikhailovich Vasnetsov, The Knight at the Crossroads

 
 
 

 

 

 

 

 
 
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Vicente Freitas

Sent: Tuesday, October 04, 2005 5:01 PM
Subject: Lição de Cavalaria

 

Li com muito prazer sua grande lição de cavalaria. Vicente Freitas

Gostei muito. Muito mesmo.

Inspirado no seu trabalho, escrevi alguma coisa sobre centauros, cavalos e cavaleiros, e que já lhe envio, anexo.

Abraços.

VICENTE FREITAS
 

 

 

LIÇÃO DE CAVALARIA

Amigo Francisco: Lendo seu monólogo, ou melhor, seu diálogo consigo mesmo, sobre lição de cavalaria, me senti, de repente, encantado, ou seja, de início, achei mesmo que eu não passava de um cavalo, depois estive meditando, e, como cavalo não medita, acho, cheguei à conclusão que sou, no mínimo, um centauro; afinal, todos nós temos um pouco de centauro, não é mesmo?

E já que estamos comemorando os quatrocentos anos do D. Quixote. E como D. Quixote é, na verdade, um centauro, pois não existe D. Quixote sem parte de homem e parte de cavalo, assim como não existe D. Quixote sem Sancho Pança. Mas antes da personagem genial de Cervantes vamos matutar um pouco sobre os centauros...

Na mitologia grega, eram eles a personificação das forças naturais. Centauro era um animal fabuloso que habitava as planícies da Arcádia e da Tessália. Seu mito foi, possivelmente, inspirado nas tribos semi-selvagens das zonas agrestes da Grécia. Segundo a lenda, era filho de Ixíon e de Nefele, deusa das nuvens, ou então de Apolo e Hebe. A estória mitológica dos centauros está quase sempre associada a episódios de barbárie. Convidados para o casamento de Pirito, rei dos lápitas, os centauros, enlouquecidos pelo vinho, tentaram raptar a noiva, desencadeando-se ali uma terrível batalha. O episódio está retratado nos frisos do Partenon e foi um motivo freqüente nas obras de arte pagãs e renascentistas. Os centauros também teriam lutado contra Hércules que os teria expulsado do cabo Mália. Contudo, nem todos os centauros apareciam caracterizados como selvagens. Um deles, Quirão, foi instrutor e professor de Aquiles, Heráclito, Jasão e outros heróis, entre os quais Esculápio. Entretanto, enquanto grupo, foram eles notórias personificações da violência, como se vê em Sófocles.

Já os cavalos, quando de carne e osso, não têm nada de mitológicos. Mas existem cavalos para todos os gostos, inclusive cavalo de pau – o de Tróia – como consta n’A Ilíada, um dos épicos de Homero, e que narra a guerra que causou a destruição da cidade, um dos mais ricos e extensos sítios arqueológicos do mundo antigo. A lenda do conflito entre aqueus e troianos pela posse da cidade forneceu o argumento da Ilíada e obras posteriores. No século IV d.C., desapareceram completamente os vestígios históricos de Tróia. Páris, filho do rei Príamo, raptara Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, famosa por sua beleza. Para se vingar, Menelau formou um poderoso exército comandado por Agamenon, no qual se destacaram Aquiles e Ulisses. O cerco de Tróia foi marcado por feitos heróicos de ambos os lados, até que, sob inspiração de Ulisses, os gregos construíram um gigantesco cavalo de madeira e o abandonaram nas portas de Tróia. Apesar dos presságios de Cassandra, os troianos levaram para dentro dos muros da cidade o cavalo, que trazia em seu interior os guerreiros de Ulisses. Abertas as portas, os gregos saquearam e destruíram Tróia. O herói troiano Enéias, filho de Vênus, escapou com alguns partidários e, depois de muitas aventuras, se instalou no Lácio. Os descendentes desse grupo deram origem ao povo romano. É quase certo que a lenda tenha um núcleo de verdade, mas é impossível provar-lhe a historicidade. Uma interpretação de documentos favoreceu a hipótese de que os aqueus fossem um povo pré-helênico originário da Europa. Na época de Tróia, os aqueus, teriam se espalhado pelo Egeu e formado colônias de micenianos, de onde mais tarde saíram conquistadores de Tróia. O cavalo de madeira teria sido uma invenção de Odisseu, o guerreiro mais sagaz da Ilíada e personagem da Odisséia.

Quanto a D. Quixote e seu cavalo Rocinante, Cervantes criou, na verdade, com seu engenhoso Fidalgo de La Mancha, o embrião do romance moderno, uma das personagens mais populares da história da literatura e ainda deu vazão ao surgimento do termo, de uso universal, “quixotesco” que define o comportamento de alguém como sonhador, ingênuo, romântico e trapalhão. Aclamado como a maior obra de ficção de todos os tempos, numa eleição promovida pelo Instituto Nobel da Noruega – tido, inicialmente, como uma sátira às novelas de cavalaria – o livro tornou-se, com o passar dos séculos, uma das obras mais significativas da literatura universal, reveladora de sentimentos, paixões, fraquezas e grandezas do ser humano.

A invasão de novas edições de D. Quixote, talvez se justifique, como uma espécie de comemoração dos 400 anos do livro, publicado em 1605. Nos Estados Unidos, acabou de sair vasta biografia de Cervantes, que, ao contrário de seu famoso contemporâneo Shakespeare – pastorador de cavalos – é bem mais conhecido. Cervantes nasceu em Alcalá de Henares, na Espanha, em 1547, filho d’um cirurgião e uma nobre empobrecida. Na adolescência, trabalhou como camareiro para o cardeal italiano Acquaviva. Ainda jovem alistou-se nas tropas pontifícias para lutar contra os turcos que ameaçavam a Europa, o que lhe custou a perda da mão esquerda. Tempos depois, durante viagem de retorno ao território espanhol, foi capturado por turcos e passou cinco anos preso na Argélia. Saindo da prisão e desiludido da vida militar, retorna à Espanha e se dedica com afinco à literatura. Para sobreviver, assume o cargo de comissário de abastecimento e depois passa a trabalhar como coletor de impostos. Acusado injustamente de desviar verbas, é levado à prisão em Sevilha, onde escreve a primeira parte de D. Quixote.

A crítica de Cervantes às histórias da época, surge envolta com humor e compaixão pela figura do cavaleiro, que se atirava às cegas à propaganda da cavalaria. No prefácio da obra, o autor conversa com seus leitores e até justifica sua personagem:
"Acontece, muitas vezes, ter um pai um filho feio e desengraçado, mas o amor paternal lhe põe uma venda nos olhos para que não veja as próprias deficiências, antes, as julgue como discrições e lindezas, e fique sempre a contá-las aos amigos, como agudezas e donaires. Porém eu, que ainda não pareço pai, não sou contudo senão padrasto de D. Quixote”.

Um escritor que tem confessado inspiração – que ele chama “obsessão” – em Cervantes e seu D. Quixote é Ariano Suassuna. Quaderna, figura principal de A Pedra do Reino, foi comparado a personagem do Miguel. Em um dos seus depoimentos, Suassuna, no entanto, ressaltou que há semelhanças, sim, mas a principal diferença entre sua criatura e a do escritor espanhol está em uma certa lucidez na hora de sonhar: "Eu noto uma diferença entre D. Quixote e Quaderna, diz Ariano. É que D. Quixote enlouquece lendo os livros de cavalaria e acredita neles. Quaderna, não. A personagem apresenta bem claramente a diferença – “Minha vida cinzenta, feia e mesquinha de menino sertanejo, reduzido à pobreza e à dependência pela ruína da fazenda do pai”. Quer dizer, ele sabe que a vida é triste, dura, feia, áspera, e lança mão do folheto e dos espetáculos populares como defesa. Mas tudo lucidamente. O mesmo não se pode dizer em relação a D. Quixote”.

Veja, Francisco, lendo sua lição de cavalaria, passei a sonhar com cavalos, centauros e D. Quixotes. Afinal, D. Quixote é um homem de todas as épocas e de todas as regiões do mundo, e cada qual o identifica e entende, logo se aperceba de que o drama do pobre cavaleiro louco é o drama de todos os homens que sabem o que é um sonho ou alguma vez o acalentaram. É que todos nós temos um pouco de centauros, cavalos e Quixotes... Será?

Grande e fraterno abraço do seu leitor.

VICENTE FREITAS

 

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Victor Mikhailovich Vasnetsov, The Knight at the Crossroads

 
 
 
 

 

 

 

 

 
 
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Aníbal Beça

From: Anibal Beça <anibal.beca@vivax.com.br>
Sent: Thursday, October 06, 2005 03:58 AM
Subject: Uma pequena lição de cavalaria

 

EM CIMA DOS CASCOS

Aníbal Beça

Feitosa, lacei vosso cavalo chegado no tropel, crinas esvoaçantes, do vento Cariri, para um conciliábulo, em que o nosso Vento Geral, doce constatação, apeia e se curva em reverência ao mano arigó, danado em danação eqüina:

 

AVISO AOS CAVALEIROS DE FINA ESTIRPE

PRIMEIRA GRANDE LIÇÃO DE CAVALARIA:

"TODOS SOMOS CAVALOS-DE-SANTO,

INCORPORADOS, EM BUSCA DE DÓCEIS MONTAS,

OU REBELDES POTRANCAS, PARA A CAVALGADA

DAS PLANÍCIES BRANCAS".

 

CAVALGAMOS OU SOMOS CAVALGADOS? 

EIS A QUESTÃO.

 

O caos chega a galope em duros cascos:

A palavra patável

do cavalo potável

rega a sede do verbo da campina.

 

O solitário verbo lambe a noite

dessa garganta escura

- a gruta emudecida -

à espera da fala em sua partilha

 

Essa crina lunar ao sol se alteia

no ímpeto do galope na memória

e o cavalo vassalo do seu halo

segue regendo em funda melodia

acordes de desejos

leve pluma na língua

amaciando instantes em seus momentos

 

Eis o fio da tarefa a se afinar:

A palavra potável

do cavalo patável

que sabe do galope e o calmo trote

 

(Mundo que não existe sem palavras

nem fala ao lado oposto aos seus olhares

coisa com coisa ausente de emoção.)

Que venha então os raios no tropel

fiat lux no meu verbo

a maravilha bela que se instaure

patável e potável.

 

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Gildemar Pontes

From: "Gildemar Pontes" <gilpoeta@yahoo.it>
Sent: Thursday, October 06, 2005 9:17 AM
Subject: Comentário

 

Feitosa, poeta dos rebuliços e das gravuras assombrosas que saltam do nada, no meio da cara, refazendo no olho o olharCarlos Gildermar Pontes ingênuo. O Francisco é um rapaz bom, viajador, conhecedor de mato e de palavras, reconhece as estradas e a geografia maior, entende a memória e a história que ficou. Entrevistou o poeta e adivinhou o contador de histórias grandes, romanceiras, pra ouvir da tardinha à lua alta, vigiada pela coruja e pelos olhos dos meninos no mato, esperando o bicho que vem a galope.

O poeta conhece dos cavalos e suas plumagens e impaciências. Vez por outra lembra meu avô, agarrado naquele roupão de cáqui, teimando o céu com os olhos azuis. A gente menino só fazia confirmar os bichos e criar outros mais medonhos que os dele, desenhados nas nuvens. Eu tinha medo de cavalo, o bicho era grande e difícil de subir. Já o jumento para nós era um tolo, acabrunhado, parado ali esperando uma cipoada pra girar o mundo. Nesse eu "amuntava em riba" da cangalha que saia com o mucumbu doendo. Ia buscar água no olho perto do rio de pouca vista.

A nossa diferença, Feitosa, é que tu nasceste perto do mato e sabe dos feitiços do mato; quanto a mim, nasci na beira do mar e ia pro mato, de vez em quando, visitar meu avô e suas histórias mateiras. Qualquer dia eu conto histórias de mar, que é bicho medonho, de engolir gente e falar pelo vento  coisas bonitas e misteriosas. 

Abraço, macho véi!

Gildemar Pontes

 

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Paulo de Toledo

Sent: Thursday, October 06, 2005 3:50 PM
Subject: cavalos poéticos

 

Soares, meu querido, tudo bem?

Desculpe a demora na resposta.Paulo de Toledo

Li seu texto. Como sempre, você leva a prosa na rédea curta, não a deixando desembestar pelos campos vastos do caos do sentido.

Em anexo, mando algumas coisas pra minha página no JP.

Um grande abraço,

Paulo de Toledo

 

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Luiz Paulo Santana

Sent: Sunday, October 02, 2005 11:48 PM
Subject: Uma pequena lição de cavalaria

 

SF:

Foi uma bela, mítica, histórica cavalgada. Inflamou osLuiz Paulo Santana campos, moveu os ares em grandes ventanias, despertou poetas, fez suspirar o leviatã — que não se atreve porque o caos é aparente — na hora mesma em que pele vermelha e cavalo frementes, hifenizados no "montado-e-vigilante" chispam, causando tremores no olho de quem olha e sem piscar lê até o fim.

E tem cavalo e homem antes da "transfusão": o cavalo no cabresto em círculo, o cavalo na baia confiado, o cavalo e suas orelhas sinais e códigos. E tem cavalo solto, selvagem: "...a cabeça se alterna à esquerda e à direita, por baixo das pernas e por cima do lombo, a olhar de lado e para trás."

E tem o segredo das palavras que se joga adiante, de modo que o cavalo, digo, o leitor, digo ainda, o centauro em que nos transformamos as recolha à galopada.

É cavalgada de palavras que passam ligeiras no espaço de todos os tempos, modos e conjugações. Acabo de ler, acabo de ver e é assim. Ainda há poeira no ar.

 

Abração,

LPSantana

BH/MG 

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Carlos Roberto Lacerda

Sent: Monday, October 07, 2005 1:29 AM
Subject: Estética

 

Caro Soares Feitosa,

Para uma definição poético-existencial-antropomórficaCarlos Roberto Lacerda sobre o cavalo (cuja beleza plástica não perde nem para o tigre), ver "Uma pequena lição de cavalaria", de Soares Feitosa.    

Com o poema é que se aprende mais sobre as artimanhas do sagrado e do demoníaco coexistentes no corcel. Só a poesia é capaz de eviscerar, digamos assim, o espírito da beleza. A isso, é que dou o nome de Estética.

Carlos Roberto Lacerda

 

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Vássia Silveira

Sent: Monday, October 12, 2005 13:57 PM
Subject: Sobre cavalos e homens

 

Caro Soares Feitosa,

Impressionante a viagem proporcionada por Uma pequena lição de cavalaria. Gosto muito da imagem dosVassia Silveira centauros, me remetem a um tempo-espaço onde a razão é desprovida do cetro que nós, ocidentais e herdeiros do cristianismo, a entregamos. Gosto de me perder por brumas e labirintos, acompanhada de figuras imaginárias. E talvez isso explique a respiração suspensa pela leitura de seu texto e os caminhos que percorri a galope, sem crina ou rédeas para me segurar.

Não era mais a figura do cavalo que eu via. Nem a do cavaleiro em seus trajes típicos. Andei em várzeas, montanhas e florestas de palavras. E o animal que me carregava era a página em branco. Eu, pobre amazona à procura de domar um dos mais belos e ariscos animais selvagens: a poesia. "Isto mesmo! Há o tremor para quem está em cima, para quem está embaixo, cavalo e cavaleiro (...). Ambos sabem que o planeta inteiro treme. Pulsam. Indague dos outros cavalos, que, ao frêmito da dupla, retesam as crinas. Indague das feras do dia.".

E, de repente, fez-se noite meu galopar: "Por sobre os cavalos também: há um momento de falar, há um momento de silêncios". 

E o meu rebelde cavalo pára, negando-me a descoberta daquele lugar que ainda não conheci. Então me vem novamente a pequena lição de cavalaria: "Você, em cima do cavalo, é quem dá-lhe as ordem, mas ordens hão de vir de frente, e não de trás. Como seria possível ordens pela frente, se você, no lombo do animal, está atrás dos ouvidos da montaria? Aí é que está o passe de mágica: as palavras são lançadas à frente num ângulo de grau exato, de modo que o cavalo, à medida que corre, vá colhendo-as... e... quanto mais corre, mais ligeiro você joga palavras novas mais adiante (...)".

Parando o cavalo, mostra cansaço também a amazona, num simulacro de aquiescência. Poeta e poema. Cavalo e cavaleiro: "Até tombarem exaustos. Senão mortos".

Tudo com uma pequena lição de cavalaria.

Parabéns pelo texto.

 

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Cissa de Oliveira

Sent: Monday, October 13, 2005 13:57 PM
Subject: Uma pequena lição de Cavalaria

 

Soares Feitosa,

 

O teu texto, entrevista, discurso, enfim, essa desculpa que vais inventando para o crescimento do leitor, além de rico em informações (aprendi muito!) e significados, meCissa de Oliveira surpreendeu especialmente pela sensibilidade.

PSI, A PENÚLTIMA se transformou numa pedra que, exposta à luminosidade da tua imaginação se constitui num presente aos leitores. Estou certa de que o "Francisco" continuará a sair do poema através de ti enquanto quiseres e também aqui, dentro da gente.

Beijinhos e parabéns!

Cissa de Oliveira

 

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