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Cissa de Oliveira


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Bernini_Bacchanal_A_Faun_Teased_by_Children

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Cissa de Oliveira


 

Bio-bibliografia


Nome: Maria Sileuda Moreira de Oliveira. Apenas recentemente (2000) passei a colocar no papel as minhas poesias e prosas. Sou Bióloga, gosto da área da Saúde e da Educação, Mestre em Genética e Biologia Molecular pela Unicamp, atualmente desenvolvendo tese para Doutorado na mesma área.
 

Gosto de me dedicar também à poesia voltada para outras obras de arte como pinturas e músicas, tendo participado de exposições onde desenvolvi, através da poesia, a fala proposta nas obras dos artistas.
 

Pra mim é uma grande alegria participar de espaços onde posso aprender e aprimorar a arte da Escrita.
 

Possuo poesias em alguns livros como:

  • Seleção de Poetas Notívagos 2001, obra elaborada a partir do Concurso Von Breysky 2001 via Internet

  • As Melhores Poesias do Século- Antologia “” Ed.Litteris – 2001.

  • DiVersos – Antologia do grupo Pax Poesis Encantada – Ed. Scortecci – SP 2002

  • Com licença da Palavra – Antologia do grupo Pax Poesis Encantada – Ed. Scortecci – SP – 2003.

  • E-book: www.onlinebook.org/acervo/aquarela.exe

  • Brincadeira de Gente Grande – Coletânea Infantil do Grupo Pax Poesis Encantada – 2003

  • Sonhando com os Pequeninos – Coletânea Infantil do Grupo Pax Poesis Encantada – 2003.

  • Antologia Poética Prosaeverso. Volume I. 2002.
    Disponível em: www.onlinebook.org

Participação em diversos sites de literatura:

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Cissa de Oliveira


 

Primavera


primavera, sopro contínuo de um poema,
baixela de sol que nunca se esvaziasse
nas mandíbulas do tempo

a sua mão atravessa o outono
e os seus dedos são rosas de vento
em cachoeira, nas tardes.

é o seu sangue que se espalha
cada vez que se tingem as maçãs dos rostos
das mulheres amadas

é o seu perfume que fica
para além das varandas, das pedras,
e dos marcadores das páginas dos romances

que o seu chamado ecoe no papel
como parto de semente na terra,
antes, e depois de mim...

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cissa de Oliveira


 

Não fossem os sonhos


as estrelas são as bolhas de sabão do céu
cristalizadas nos sonhos que a gente
não sabe que tem

não acorde os sonhos com o barulho
das máquinas erguendo casas
por onde abrigá-los

deixe-os quarando ao vento
sob a sua poeira líquida
de anil inocência

e liberte-os ao sol derretido
entre as águas límpidas
de um rio

- não fossem os sonhos
não haveria estrelas
no mar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Cissa de Oliveira


 

Seca


Morre de exílio a terra.
Nenhum grão. Nenhuma dália.
Nenhum nada. Nem malmequer.
Só uns invertidos tentáculos.
Crateras.

Eis que o verde se pontua e espera
dentro de minúsculas catedrais
que só se abrem com a música
das águas.

É a seca e a vista se atrapalha
tentando divisar algum verso,
uma leveza que se desmanche
e se desmanche tanto
que hidrate essa espessura:
seca.

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Cissa de Oliveira


 

Recebe os pássaros de brisa

“... abres-me as portas do paraíso
com os seus pássaros silenciosos
e sepultas-me as mágoas
sob as águas calmas
do dia seguinte...”
in: É inverno ou primavera? : José António Gonçalves



olha os meus pássaros amor,
guia-te por eles e descobre dentro de ti
se é inverno ou primavera

pois já te presenteei com as tonalidades
turquesas da plumagem
dos mais delicados pássaros

vês? levam consigo a profundidade
tinta das águas, e o balbuciar
docinho dos céus limpos das tardes

sente no bater cadenciado das suas asas,
o aroma que fica dos poemas
depois de derramados

segue entre eles a brancura
segredada dos silenciosos cantos,
que não sei se ouvirás, ou quando
porque antes, será preciso que a caixa
ressonante do teu coração
esteja preparada

com eles enfeita e dá vida aos telhados
das tuas cidades fantasmas,
apagando delas qualquer silêncio mutilado

escuta dos seus biquinhos o som,
são guitarras que denunciam o ritmo
das tuas mais escondidas alegrias

lê no minúsculo colorido assaz
dos seus olhos, um quê das promessas,
maduras como os cristais

abre as portas e todas as janelas,
e recebe os meus pássaros de brisa,
frágeis, como cabelos de boneca

sepulta vagarosamente as tuas mágoas,
como dálias que dançando no ar,
renascessem num balé de pétalas

imagina em cada um desses mimos,
um querubim, e a minha vontade,
evoluindo como um beija-flor no ar

percebe neles, os vestidos e a tez
dos sóis, e aprecia a realidade
como é quando bonita de fato

guarda-os livres entre os jardins da casa,
para que eles te sigam
como girassóis de dias claros

pra ti, os meus pássaros levam nas asas
o mundo plano onde se perde a vista,
assim, alcança a minha mão

e adormece deitando os olhos,
no bosque sempre anil do teto do teu quarto,
onde por ti velarão os meus pássaros

independente do que se refletirá
amanhã, na correnteza dos céus
quando se espelham nas águas planas.

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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(06.06.2023)