Lourdinha Leite Barbosa
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Monday, August 28, 2006 10:36 PM
nos último dias, dois textos, um em
prosa e outro em verso, trouxeram-me ao coração paisagens de
minha infância. Ambos utilizaram palavras já quase adormecidas
nas páginas do tempo, mas tão presentes na memória afetiva. Um,
em tom suave e com bordados coloridos, falou de uma
Fazendinha cheia de chita, chuva, chuvisco; o outro
(Estudos & Catálogos - Mãos) dos afazeres diários de uma fazenda
no sertão do Nordeste, ou melhor, o trabalho do homem e o
trabalho da mulher, embora, muitas vezes, os papéis pudessem ser
desempenhados pelos dois indiferentemente.
Os textos me transportaram
quilômetros-anos para a fazenda Primavera, onde me vi no meio de
um grupo de crianças, irmãos e amigos, pés descalços, tirando
resinas dos angicos (cada brinco de princesa!) e colocando as
restantes numa cuia. Bocas cheias, dentes grudados de resina,
riso fácil. Ainda sinto na boca esse sabor antigo que nunca mais
experimentei.
Pois é, Feitosa, seu primo Genésio,
maior amigo do meu pai, passou boas temporadas ali e pode muito
bem lhe falar da marca de ferrar bois do velho Francisco Dias
Martins. Parece-me estar vendo a letra "D" com um "F" dentro. E
todos na redondeza sabiam que aquela rês tresmalhada pertencia
ao Seu Chico Dias.
Cara poeta, seu texto tem cheiro de
mata-pasto e marmeleiro.
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