Márcio Catunda
Em desespero pela liberdade
Uns sentem raiva até querer deixar de viver
e explodem o corpo em mil pedaços.
Estilhaçam, estraçalham a si mesmos,
levando junto os opressores.
Outros, armas empunhadas de petulância,
vivem a serviço da crueldade.
Os que morrem pela causa justa
renunciam à vida,
metidos numa dinamite.
Aos remanescentes legam nuvens de fogo e destroços.
A morte como resposta aos desmandos,
ao vilipendio pusilânime, ao opróbrio tenebroso.
Defender-se com a própria vida
e exterminá-la sem medo da dilaceração e da dor convulsa.
Antes morrer que submeter-se à escravidão.
A dignidade não suporta o insulto,
destruição de casas, ruas vigiadas,
metralhadoras apontadas contra o menor movimento suspeito,
A viver fustigado pela constante ameaça,
janelas e portas invadidas,
a cara onipresente do inimigo à espreita,
o metal dos fuzis reluzindo ao sol;
antes morrer mil vezes despedaçado,
mil vezes o golpe inominável contra si mesmo.
em autodefesa suicida, sobreviver morrendo
em desespero pela liberdade.
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