Paulo Rosenbaum
Paz Infinda
Tua armada nos segura
Assegura-nos a inconformidade,
Defende-nos do medo, das bombas, do terror.
Mas, por favor, sem massacres, sem massacrados.
(é que poetas também são cegados à visão estratégica dos militares)
Este terror nos é caro.
E é a própria luta quem vence protagonistas.
Vencidos prosperam, ruidosos saem triunfantes,
As crianças perderam, como sempre, mais uma vez.
Os que amam a morte, morrem,
Assegurando continuidade infernal
Nós?
Morremos sem nada, sem riquezas, sem poder, sem imagens.
Guerras são insucessos rotundos
Eficiente exposição de anti-heróis
Mas também amostragem de pacifistas unilaterais
Que só fazem intensificar a anomia
Pois, ao beijar confabuladores
Atenuam a falácia dos agressores
Agora sim, estamos tomados pelo destino
Destino que enfrenta os olhos
Que reclama a insolvência
Que proclama um fim barato
Os que sabem do que falamos
Os que sabem que a paz é esforço maciço
Uma vivência de acrobatas
Um minilapso na história da predação,
Solidarizam-se com quem sofre
Os que não sabem.
Bem, destes nada falaremos.
Os que sabem que a paz é deliciosamente infestante
E a guerra nos silencia com a surdez das devastações
Os que sabem que qualquer cessar-fogo é um bem
(Pois jamais conheceremos paz infinda
ainda que saberemos do E-terno e sua paz)
Estes, todos, estão calados pela tragédia.
Mas a terra aqui não esta nem será devastada por tribos
Eretz foi desenhada pelo sempre para ser centro
Centro para todos.
Dos judeus aos árabes
Dos semitas aos sem etnia.
Destes aos sem raça.
Dos sem raça aos sem religião.
Dos sem religião aos sem terra.
Mas enquanto mercenários blasfemos
Disfarçados de vizinhos benfeitores
Insultarem a vida, inculcarem o ódio,
Impuserem sua macabra intolerância
Jogarem crianças no front,
E seqüestrarem a esperança
Para dentro de fumaças indissipáveis
Iremos, relutantes decerto, à luta!
Enquanto hostes de perversos
Que provocam a morte e morrem
Sob a licenciosidade criminosa do prazer que desejam
Forem treinados para nada pedir
A não ser a exigência de martírios
Iremos, sim é certo, ao confronto.
Ao amar a morte e destituir a vida
Ao expor bizarros justificacionismos (sempre são)
Ao instrumentalizar os que desejam hostilidades
Ao se servir de parques para esconder ataques
Ao estocar foguetes em creches
Ao impelirem projéteis a esmo
Ao servir de fachada para nações perversas
Ao poluir o mundo de teocracias ditatoriais
Ao impor aos civis abrigos claustrofóbicos
Vós governantes, perderam o controle.
E nós, habitantes, pensaremos (ou sonharemos, pouco importa)
Em modos de resistir aos novos pesadelos.
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