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Perpétua Amorim
Ramalhete de Mim
Eu margarida
Plantada em canteiro alheio
Desestimando a guerra e pedindo paz
Para as rosas vermelhas, azuis e amarelas.
Eu violeta
Alegre, feiticeira
Ávida pela luz do sol
Vegetando num pobre vaso de plástico.
Eu bromélia
Suspensa no ar, agarrando vida
No vento e na chuva
Encharcada de lágrimas, sem chão, sem calor.
Eu onze horas
Florzinha à toa, insignificante
Que nasce em qualquer lugar
Sempre com hora marcada para desabrochar.
Eu bem-me-quer
Cheia de vida, cheia de amor
Querendo proteger, juntar o que é meu
Num abraço, no colo, no alcance do olhar.
Eu azaléia
Colorida, faceira
Enfeitando jardins, perfumando o ar
Retirando energia de um sorriso vulgar.
Eu orquídea
Sofisticada, elegante
Planta nobre, esnobe, vestindo cetim
Deixando que levem a vida de mim.
Eu perpétua
Desbotada, agrupada, sem graça
Trajando uma vestimenta lilás como mortalha
E agarrada a dezenas de outras iguais
Tentando ser eterna. Pobre de mim!
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