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Rosalice de Araújo Scherffius


 

Viagem

 

 

Tenho vontade de ser como as arvores,
como o mar,
as estrelas eu queria possuir.
Os raios de sol são meus e encontram brilho no meu mundo.
A saudade é linda pelo silêncio que traduz.
E o silêncio é o rei do meu tempo e domínio.
É a minha verdade.
O silencio me completa e ajuda.
As serras verdes existem no alem próximo.
Se corro as alcanço!
Seu imenso mundo verde de beleza intocada.
Eu amo as montanhas verdes dos meus horizontes.
Elas fazem parte do meu mundo.
As estrelas são tímidas e me transmitem avisos
mensagens especais de um vulto amado.
O sol significa meu objetivo.
Eu vou de mar no navio mais lindo da terra.
Não há guerra no meu viver
Só há uma luta por merecida conquista.
Ao fim meu espaço fica imenso e chego ao porto onde
uma espaçonave me espera.
 


Vou indo,
estou de viagem.
Rumo ao meu sentido.
E a morte é bela e significante.
 

©Direitos reservados a autora

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

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Nauro Machado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Rosalice de Araújo Scherffius


 

Maturidade egoísta

 

 

Existe a vontade,
de contar uma historia branca,
muito branca,
como pombas a brincar
numa praça velha de uma cidade antiga.


Existe a vontade de sonhar,
com discursos perfeitos que não se findam
em troca de falsas verdades,
que apesar de falsas,
ainda deixam suspenses que ferem.


Existe a decepção de um derredor
que nunca prometeu ser perfeito,
mas a criança esperava,
porque não sabendo quando ou onde,
a verdade poderia chegar,
chegar pura e pedir pra viver.


E a criança acreditava,
porque era criança.
Existe a vontade de aprender a ficar grande
e viver adulto,
para não sofrer como uma criança ferida!


Existe a vontade,
de ser poeta e saber o destino,
porque o poeta conhece o que tem a cumprir.
Mas um poeta é frágil,
e por isso
existe a vontade de ser vigarista,
para saber do destino o que se pode colher de melhor...


e ficar guardando,
entesourando
enquanto o derredor se admira e aplaude.
 


Este poema encontra-se publicado no livro A Hora de Agora -

Editora e gráfica Macaé 1978
 

Escrevi este poema quando tinha 20 anos de idade.
Hoje,depois de mais ou menos duas décadas,ao ler o mesmo,sinto que a menina que eu era então, estava zangada com a vida, e sua poesia refletia um sofrimento de sentimentos ainda não definidos.
Muitos amigos, leitores, me dizem que é um de meus melhores trabalhos...não sei!

 

©Direitos reservados a autora

 

 

Culpa

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Dalila Teles Veras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

Rosalice de Araújo Scherffius


 

O Brasil tem heróis, sim senhor!

 

 

Brasil tem heróis, sim senhor...
cerca de uns duzentos milhões!
 


Os brasileiros e brasileiras que nesse solo nasceram,
são heróis de tolerância, paciência e esperança...
 


O estrangeiro que visitou essa terra,
aqui morou e amou...
deixou um pedaço de si,com o Brasil.
 


Cada um daqueles que estão longe de casa e sentem uma dor no peito chamada saudade, que só existe na língua portuguesa...
esses são heróis de dedicação e lealdade!
Eles registram seus filhos nas embaixadas do Brasil pelo mundo afora, e ensinam as crianças que ser brasileiro é mais que um direito civil,
ser brasileiro é um estado d'alma!
 


Quando o verde-amarelo,
pendurado ao mastro com magestia,
aos poucos ao ritmo do vento
desvenda as outras cores,
vemos como é belo o "lábaro estrelado"...
 


No centro do globo a faixa com os dizeres
que finalmente fazem sentido:
"ORDEM E PROGRESSO"
 


Cada um brasileiro e brasileira
ao olhar para o "Verde-Louro desta Flâmula",
suplica a Deus para que tenhamos "Paz no futuro"
e cantemos as bênçãos de "Gloria no passado"!
 


Cada um a seu modo,
fazendo um pouco,fazendo um muito.
Brasil tem heróis,sim senhor!
-- Cada um de nos.


Dedico este trabalho literário ao
Presidente Brasileiro LULA.
Herói e cidadão numero um.
Com carinho,
Rosalice de Araújo Scherffius

 

©Direitos reservados a autora

 

 

Um esboço de Da Vinci

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Vicente Franz Cecim

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Rosalice de Araújo Scherffius


 

O pintor

 

 

Pensa,
pinta,
para e olha.
O pintor nasceu na manha,
na manha bem grande que deu colorido as estatuas.
 


Na enorme estrada,
o pintor vai pensando,
pensando,
pintando,
o pintor.
Mundos de um viver oculto,
mundos de significação própria.
O pintor,
na tela sem tinta,
na tinta sem cor,
vai pintando,
pintando,
pensando em si mesmo,o pintor.
 


O pintor,
cresceu na tarde brilhante,
brilhante?
A tarde,
era seca... de sol. Bastante sol.
Queimando pensamentos.
Na tela sem tinta,
na tinta sem cor.
E vai pensando,
e pintando.
Antes de cair a tarde,
e tentar retratar a estrela,
ou os seres noturnos.
O pintor vai,
pintando.
Pensando mundos seus.


Este poema é parte da Antologia intitulada A Hora de Agora. De Rosalice de Araújo Scherffius publicada pela Editora e Gráfica Macaé.(1978)


©Direitos reservados a autora

 

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

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Luís Antonio Cajazeira Ramos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Rosalice de Araújo Scherffius


 

Como se fosse maquina

 

 

No ritmo,
repetido,
repetindo,
repentinamente.
Autônomos mal fabricados...
Pessoas,
crianças abatidas,
de um mundo seco e sem colorido,
de uma terra longe,
que nunca visitei.
Morte,
mortes,
destruições
construções mal feitas,
sem formas,
sem destino
sem vida.
Como-se-fosse-maquina,
eu vi todas as coisas
e elas não me tocaram,
porque eu não reparti-me
e não quis conhecer.


1971

 

©Direitos reservados a autora

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana

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Nei Duclós