Sérgio Campos
conversa com o poeta
Floriano Martins
O
brasileiro Sérgio Campos (1941-1994) nos traduz a imagem de um poeta
obstinado pela criação como atividade reveladora do espírito.
Rigor e substância encontram-se nele empenhados na leitura dos mínimos
gestos que nos delimitam. Compromisso sólido, mas sobretudo uma
paixão. Uma sólida amizade nos uniu desde 1988, quando então
residia em Nova Friburgo e o fui visitar. Traçamos inúmeros
planos, não sem o estoicismo que nos caracteriza, e conseguimos
realizar alguns. Entre eles, destaco aqui a collage que fiz para
a capa de seu O lobo e o pastor (1990), em cujo exemplar de prova
da gráfica manuscreveu as seguintes palavras: “comove-me ter produzido
com você este livro tão singular, de ter gerado a poesia do
texto para sua poesia da imagem. Forçoso reconhecer que tudo o que
temos feito juntos tem, em verdade, recebido esta chancela ou estigma do
grande. Penso que é justo: grandes perdas, um dispêndio quase
demencial de trabalho reclamam grandes resgates. Eis, portanto, o lobo
e o pastor, seres do tempo, habitantes do páramo da sorte, e dos
patamares do acaso. Exilados mas insurgentes, desapossados mas possessos,
parece que finalmente encontraram a dimensão do mito. Fale pois
agora o livro por eles. E falem eles por nós.”
O
curso temático da poesia de Sérgio Campos, ao eleger como
recursos uma predileção de ordem helênica e o que Ivan
Junqueira tão bem situa como “delicada fiação de enredos
que se diriam domésticos”, o faz acentuando a fundação
da palavra a partir da memória. Contudo, se o mundo verbal é,
como em Góngora, uma negação do mundo real, aqui também
se poderia falar em afirmação de uma realidade outra, enriquecida
pela memória e o curso incessante de seus descobrimentos, como em
José Kozer. Claro, ao contrário dos dois poetas aqui mencionados,
Sérgio Campos prima por uma concisão verbal, sendo por tal
concisão pautado seu esplendor. Para ele o excesso consiste em um
exercício absoluto de economia de meios. Seu duplo curso temático
instaura uma tensão que nos conduz a uma aventura de natureza ontológica.
Se até Móbiles de sal (1991) essas duas vertentes
temáticas apenas compartilham o curso existencial dos livros, experimentam
em A cúpula e o rumor (1992) uma audaciosa e feliz comunhão.
Mitologia doméstica — elogio crítico da casa e seus elementos,
recantos e cintilações —, aliada a um ideário épico
de exílios e conquistas: eis aqui sua lúcida jornada imaginário
adentro, caminho que o aproxima cada vez mais do sentido essencial de uma
religiosidade cósmica — fonte inaugural de toda poesia —, inseparável
de uma exaustiva exigência de procedimentos, recursos, ordenações.
San Juan de la Cruz, Hölderlin, Perse, José Ángel Valente
— seus vigorosos companheiros de viagem.
Pouco
antes de sua morte Campos publicaria, não sem espantosa prenunciação,
o livro Mar anterior. Poesia selecionada e revista 1984/94. Mais
do que simples seleção de poemas de outros livros, aqui podemos
falar de um livro outro, onde os poemas, além de revistos, apresentam
nova disposição, atendendo aos temas que se mostraram, ao
largo de dez anos de produção, mais entranhados em sua obra.
Lendo agora Mar anterior confirma-se o que já havia assinalado
em outra ocasião, ou seja, a incidência de uma epopéia
íntima, como característica fundacional dessa poética.
O próprio autor assim o comenta, em nossa correspondência
pessoal: “realmente, o epos se coloca em in-tensão
no poema que, no entanto, não é heróico, mas em essência
lírico, o que lhe dá essa sensação de intimismo”.
—
O soneto não é uma novidade em sua poesia (nem mesmo um artifício
ditado por certos modismos); desde o primeiro livro que você o persegue
(ou é perseguido por ele), contribuindo a estabelecer uma
poética em sua obra. Recordo-me de você me haver dito certa
vez: “Faço uma arte arcaica e assusto mais aos outros poetas que
ao poder”. O que o teria exatamente levado a escrever sonetos?
—
Fixei-me às formas clássicas da poesia. Isso advém
de minha formação intelectual, de um interesse espontâneo
pela linguagem, pela arte greco-latina. Também escrevo esta poesia
porque me individualiza, por sinal a mesma motivação
da poética de Góngora, como nos esclarece Ángel Pariente.
Embora tenha figurado entre os novíssimos, no início
da década de 60, em São Paulo, em torno do editor Massao
Ohno, já meu primeiro livro, A casa dos elementos (1984),
evidencia, com suas seis odes, creio, o rigor, a solenidade e o fervor
quase religioso à palavra e à linguagem como espaço
de celebração.
—
Que dizer com relação aos que apontam seu dardo venenoso
contra o soneto, acusando-o de decadente (como se o germe do déjà-vu
pudesse ser inoculado nas formas literárias)?
—
Não me cumpre defender o soneto-forma. Há quem diga, tomando
por base elementos de análise literária, ou por absoluta
perversidade, que o soneto cumpriu seu ciclo histórico. Que ciclo
será este? Que evento fatal o encerrou? Que idade tem a poesia?
É certo que, nos albores do século XVII, na Península
Ibérica, o soneto, com Góngora e Quevedo, atingiu culminâncias.
No entanto, já Fray Luis de León escrevera sob as luzes do
século
de ouro que “hablar no es comun, sino negocio de particular juyzio,
ansí en lo que se dise como la manera como se dise”. Há,
todavia, admiráveis sonetos escritos em nosso século, de
absoluta modernidade. Ocorre que pesa sobre ele uma invencível maldição.
O mau poeta, escrevendo em versos livres, é simplesmente mau; contudo,
se escreve sonetos, eles é que não prestam… Ele exige muito
do poeta e abriga essa fatalidade de consagrar ou destruir irremediavelmente.
Marcam-me, mas não são maioria em meus livros.
—
Anoto palavras de André Gide: “O artista ou o sábio não
devem preferir-se à Verdade que pretendem anunciar (aí está
sua moral). Não devem preferir a palavra ou a frase à Fantasia
que querem ambos mostrar: diria que nisto reside toda estética”.
Borges, por sua vez, dizia descrer das estéticas, afirmando que
elas não passavam de “abstrações inúteis; variam
para cada escritor e ainda para cada texto e não podem ser outra
coisa que estímulos ou instrumentos ocasionais”. O que pensa a este
respeito, você que já disse pertencer a “uma linguagem estética”?
—
Minha estética é basicamente a da repetição.
Não escrevo poemas semelhantes. Reescrevo um poema elevando a escrita
à enésima potência. Webern já exprimia esta
idéia ao escrever sobre suas Variações orquestrais:
“Seis notas são fornecidas… e o que se segue nada mais é
que esta forma repetida, sempre e sempre!” Ademais a linguagem como potência
do inconsciente se afirma pela repetição. Ela define o mundo
da representação. Como assinala Deleuze, “a repetição
pertence ao humor e à ironia, sendo por natureza transgressão”.
Sim, transgressão à lei moral, onde tudo é bom ou
mau. Toda vez que repetimos contra a lei (mormente um prazer, uma sensação
erótica, profana), a lei moral nos sanciona. Por outro lado é
preciso imediatamente desacelerar a escrita. Não podemos
concorrer com a velocidade vertiginosa dos fatos. A poesia dos fatos é
efêmera. Cabe a propósito lembrar Borges, na palavra de seu
interlocutor imaginário: “Ninguém pode ler dois mil livros.
Nos quatro séculos que vivo não terei passado de meia dúzia.
Além disso não importa senão reler”. Penso que reescrever
educa/reeduca. Aliás, como diz um bom companheiro, não se
escreve mais que meia dúzia de bons poemas na vida; os mais são
repetição. Finalizando, em rumo à sua indagação,
tenho um duplo de Borges a dizer em suas Sete noites: “O fato estético
é algo tão evidente, imediato e indefinível, quanto
o amor, o gosto da fruta, a água”. Fico com este, é claro.
—
De acordo com John Cage, “toda influência deriva de nossa própria
obra (e não de algo externo a ela)”. Acredita que as influências
sejam causa ou efeito no contexto geral de uma obra literária? Seria
possível enumerar as suas?
—
O próprio Cage responde, a meu ver, a esta pergunta. Observa ele
que “uma idéia, deixando a cabeça onde nasceu, volta transformada”.
Noto que minhas influências, se assim posso dizer, resultam do retorno
(o eterno retorno) das indagações que o poema, fazendo-se,
me lança. É um processo demorado mas, cedo ou tarde, sem
cerimônia, as palavras, circuladas, regressam em contraponto e desse
embate resulta o poema. Hesito muito, portanto, em dá-lo como consumado.
Tenho inúmeros poemas clamando serem resgatados aos livros em que
os inumei. Planejo, a longo prazo, republicar poemas reescritos.
—
É a experiência o que difere um poeta dos demais. Através
dela identidades se erguem, não sem antes enfrentarem a ansiedade
da realização e sua impossibilidade. A experiência
poética habita os limites da palavra que a constrói. Onde
se situam as margens de sua atividade criadora?
—
Diria que a experiência com as palavras define o poeta. Ele precisa
ter uma relação especial, única em relação
a elas. Precisa delas como o próprio ar, de ouvi-las em busca de
novos sons, poli-las, redescobrindo sob o azinhavre a legenda dos mitos,
dispô-las em conjuntos para observar seus conflitos e conciliações,
povoar delas seu pátio de utopias. Conquanto se tenha dito que a
palavra ilude, ao operar a transformação da realidade em
conceito, creio que se isto fosse verdade, estaríamos face a uma
saudável trapaça. Diria mesmo, concordando com Canetti, que
entre a palavra e os seres humanos os poetas preferem aquelas, embora se
entreguem a ambos. Minhas margens de atividade criadora são, portanto,
a primeira sílaba da primeira palavra de um conjunto e a última
do movimento polifônico de vida que ela desencadeia. Poeta, para
mim, é o ser capaz de realizar a experiência de fecundação
da palavra, de fazer amor com elas, e de ser também amado nessa
encantação.
—
Bataille dizia que todo valor é sorte, “sua existência depende
da sorte”. Você demorou mais de trinta anos para encontrar-se como
poeta, e pode-se dizer que tal encontro tenha sido
provocado por um acidente. Um golpe de sorte, certamente. Diria que
o acaso rege nossas vidas?
—
De fato, fiquei vinte anos sem escrever poesia. Entendi que tudo já
havia sido escrito. Este recesso me fez muito bem e melhor ainda a meus
raros leitores. Pude ampliar consideravelmente meu universo musical. Nutro
pela música paixão idêntica à que devoto à
poesia. Contém ela, portanto, esta característica de uma
obsessiva busca da expressão musical. Curiosa, a propósito,
a carta de Valéry a Gide, em 1891, dizendo: “Estou mergulhado até
a cabeça no Lohengrin. Esta música me levará, assim
o pressinto, a deixar de escrever”. Guardadas as proporções,
ocorreu comigo fenômeno parecido. Quanto ao pensamento de Bataille,
penso que voltei a escrever por uma necessidade interior surgida num momento
de crise. Ao fazê-lo, contudo, senti-me como um adulto em busca de
alfabetização funcional. Tenho desde então, principalmente
na área de idéias, muito me aplicado para diminuir a margem
insondável de minha ignorância.
—
Você me disse certa vez: “Estou cansado de tantas causas. Há
causas em excesso no mundo. Deixemos que a casualidade nos habite ainda
que por um momento”. Até que ponto um escritor tem a obrigação
de ver e denunciar as fraturas e faturas dos poderes do mundo em que vive?
—
A frase reflete um estado de impaciência ante o mundo visto como
uma máquina paranóica (daquelas de Deleuze & Guattari)
de gerar crises. Estou farto de diagnósticos, dos laudos cadavéricos
da realidade. Penso que muitos de nós estão a se portar como
esquizóides, ancorados na infância do porquê, quando
se mostra evidente que a crise decorre da própria sociedade em que
vivemos. Quanto ao final da pergunta, penso não conferir à
minha poesia um caráter salvacional ou evangelizador, mas é-lhe
inegável a motivação humanizadora.
—
Na verdade a crise é algo inerente ao próprio desfiar da
história, sendo possível que através dela a arte se
expresse. Contudo, nossa época me parece diabolicamente entorpecida
à sombra de um foco (simulacro?) de crises. Uma cruel contradição
deste final de século que ostenta a velocidade (mitos, conceitos,
regras) como emblema inconfundível?
—
Penso que há crise e crise. A natural, do homem, é permanente
e não se precipita numa arte de ocasião. E há a crise-instituição,
que é a de que falam os livros e sobre a qual trabalham os pensadores.
Elas acontecem, são territorializadas e espacializadas e configuram
verdadeiros rituais. Segundo bem expressa Cioran, malgrado divergência
em tantos campos, “uma civilização começa a decair
a partir do momento em que a vida torna-se sua única obsessão”.
Se assim é, a chamada arte da crise deveria, por coerência,
negar a história e a própria vida. Mas não é
isso que costuma acontecer nas crises. Elas parecem ter o sinistro poder
de aglutinar oportunistas em cortejos fúnebres, atropelando sepulturas,
a brandir os estandartes das vanguardas. No entanto, segundo penso,
a verdadeira arte é encontrada e resgatada sob as cinzas.
Arte é o que sobrevive. Só o que sobrevive sabe reciclar-se
e gerar novas formas de vida. A crise-instituição, histórica,
civilizatória, talvez revele a arte ao deflagrar um processo,
que pode vir a dar numa (re)avaliação e convalidação.
Quando Blake, Van Gogh ou Artaud, por exemplo, criaram sua arte foram considerados
loucos individuais, não seus tempos. Não creio em arte
da crise. Esta, por sinal, em nossa época, transformou-se em rendosa
indústria (como a velocidade, magia roubada aos mitos e, por obra
da tecnologia, lacrada em motores). Crise consome crise. Já a arte,
quando consome, consome quem a cria. É bem diferente. Pergunto-me
se não será este fin de siècle o cenário
de um paradoxo, ou seja, um mundo em mudança, no pensamento, na
arte, e, nos salões, a celebração do fim de um milenar
simulacro bíblico, num grande reveillon da burguesia, com
muito champanhe, presunto e melão.
—
Se, ao eleger mitos, na expectativa de “iludir o sistema”, a arte acaba
caindo direto nos braços da ideologia dominante, então caberia
ao artista, mais do que a simples negação do herói,
a negação do próprio tempo do herói, não
elegendo mitos sequer como sublimação do aflito. Seria esta
então a fórmula que tornaria a arte insuscetível de
ser absorvida, metabolizada ou, afinal, expelida pela ideologia dominante?
—
Entendo que o sistema já metabolizou toda a contestação.
A sociedade burguesa tem o fôlego de todos os gatos. Veja as graphic
novels esgotadas nas bancas: o Capitão Marvel morre de câncer
causado pela radiação atômica; New York está
em chamas; o Homem-Aranha transforma-se em psicanalista (freudiano, creio);
fantasmas líricos emergem da memória de um edifício
que a especulação imobiliária demoliu… Negar o herói,
portanto, não parece produzir maior efeito (elas já o negam),
nem mesmo destruir mitos (eles os recriam para as mais diversas finalidades).
A sublimação do aflito converteu-se na certeza de ainda fazer
a quina sozinho. Restaria uma estratégia consistente numa
corrosiva lógica original (“Se é possível a alguém
ser processado e viver normalmente, então não há problema
em ser processado”). Mas Kafka é sutil e as pessoas parecem não
saber mais operar com a lógica. Contudo, mesmo contra as projeções
e algumas evidências, penso que devamos continuar trabalhando, esgotando
o que Octavio Paz chama “as possibilidades de saúde”. A capacidade
de sobrevivência ilimitada do homem pode polarizar-se num milênio
arrancado às vísceras de um nihil reativo.
—
A arte moderna está ligada, como diria Marx, à perda do caráter?
—
Marx se surpreendera com a capacidade da burguesia em criar e destruir,
com a voracidade com que consome e recicla para gerar algum tipo de ganho.
Ilustra-o com a epígrafe notável que é “tudo que é
sólido se desmancha no ar”, utilizada por Marshall Berman em livro
indispensável (à exceção de seu diabólico
projeto de repintar o Bronx). Observa Marx que “…o capital transmudou toda
a honra e dignidade pessoais em valor de troca”. E construiu seu sistema,
a meu ver uma utopia que cabe discutir aqui. Contudo, sua visão
da perda do caráter na arte da burguesia parece-me absolutamente
correta. Pouco mais tarde Baudelaire viria a taxá-la de prostituição.
—
Diria então que a arte já se converteu na própria
“instituição burguesa do poético” (conforme expressão
de Luís Costa Lima)?
—
A classe dominante fez de seus subsistemas, na arte, um corredor cultural
por onde trafega há já duzentos anos o modernismo como expressão
da “liberdade de criar”. E aí está ele, com algo da “velha
dama indigna” que hoje faz de seu fetiche (ainda) a produção
do novo. Seria uma estupidez negá-lo, mas suas obras fundamentais
já haviam sido quase todas geradas no final dos anos 20. Na música
e nas artes plásticas diviso ainda hoje esta modernidade (conceito
tão discutido, para alguns vazio). Mas na literatura, mormente após
a Segunda Guerra, pouco de importante aconteceu. Ao contrário, assusta-me
essa geração crescente de estéticas descartáveis
a serviço da indústria cultural, ao lado do hortus conclusus
de intelectuais e artistas de elite (alguns deles — reconheço —
de invejável competência) a administrar a arte de vanguarda
deste século como propriedade privada. O pós-modernismo teve
o mérito de abrir essa caixa-preta, trazendo consigo a saudável
idéia de que uma visão do mundo não supera outra,
convive com ela, na feliz expressão de Teixeira Coelho, resgatando
o humanismo à fenda histórica que o devorara. Todavia, deixou-se
abandonar de compromissos e projetos, ficando à mercê da mídia,
que o reconverteu à arte-moda no mundo burguês, que se alimenta
de seu abismo. Isso resulta, a meu ver, em paradoxo, pois as pessoas que
vivem a moda e correm alucinadamente contra seu próprio espelho,
estão, no íntimo, emitindo patético apelo por um mínimo
de solidez e confiança. Talvez aqui encontre a força de um
compromisso: tentar, com rigor e consistência, a tradução
poética desse apelo.
*
Entrevista incluída em Escritura Conquistada (Diálogos com
Poetas Latino-americanos), de Floriano Martins, livro publicado pela Letra
& Música Comunicação, convênio entre Biblioteca
Nacional (RJ) e Universidade de Mogi das Cruzes (SP).
|