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Soares Feitosa, dez anos

 

 

 

Estudos & catálogos — mãos

 

 


 

 

Dos leitores

 

 

Rodrigo Marques

 

 
Subject: Testemunho táctil-ocular
 

Estava no escritório de Soares Feitosa quando o correio chegou com o livro Recordel de Virgílio Maia. Vi Feitosa abrindo o envelope eRodrigo Marques, ago/2003 retirando estranho papel de couro de bode, leu para mim o pedido de prefácio. Em seguida passou os dedos curtos por sobre a textura do couro e abriu a esmo o livro de Virgílio:

 

O dia vai começando

e diante d’Ele me calo.

No seio da escuridão

se escuta assim um abalo:

toda a caatinga estremece,

pois mais parece uma prece

o primo cantar do galo.

 

"Tem-se que ter sorte ao abrir um livro - disseram-me".

O livro ficou por alguns dias no escritório, mas logo desapareceu. Passado um mês - mais ou menos, Recordel retornou sob a forma de Estudos & Catálogos - Mãos, contendo quase tudo que, durante o tempo em que trabalhei no escritório, comentamos (eu, Feitosa e o advogado Rogério Lima): o júbilo, a matança do porco, as mãos, a festa, o cururu, a poesia, a festa, o retorno do filho pródigo, a festa.

A minha primeira impressão foi de achar que tudo pode e deve ser escrito, pois o texto de SF, pensando bem, não passa de uma lista, mas disposta de uma forma tal que o leitor não deixa de revisitar o seu catálogo pessoal, suas recordações, seus estudos. Logo, tudo pode ser escrito, desde quê...

Fui o primeiro (acredito) a ler o texto em voz alta, iniciando, naquele instante, o debate vivo que se pode ver no livro-prefácio Estudos & Catálogos - Mãos, primeiro rebento das Edições Cururu, que se ganha, de repente, pelo correio ou pela Internet.

Com o circuito de comentários e com a distribuição artesanal, Feitosa conseguiu resolver o problema do livro de Virgílio: o de ser apenas um. Com o prefácio, Recordel tornou-se duplo; com os comentários, triplo; com o Jornal de Poesia, sem margens.

Só a Arte, Sr. Leitor, só a Arte!

Rodrigo Marques

 

 

 

 

 

Francisco Francijési Firmino

 

Poeta Soares,

Fiquei tão maravilhado com a sua escrita que até tive vergonha de ter-lhe mandado o que escrevi.

Não quero lhe dizer nada enjoativo e que pareça demagogia, mas você me proporcionou momentos de muito prazer com a sua escrita.

Francijési

 

 

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Maria da Graça Almeida

 

Poeta,

A certeza da tinta que de sua pena desliza tem magia eMaria da Graça Almeida alumbramento.

Deixa um rastro no papel, cujo percurso é a própria vida, com as doações e as maravilhas que só podemos encontrar na bênção dos imortais.

Maria da Graça Almeida

 

 

 

Fernando Matos

 

O IMPOSTO DO AMOR

 

Para o tributarista

Soares Feitosa, depois de ler

Estudos & Catálogos - Mãos

 

 

Quem disse que o amor tem insumos?

Gera crédito, gera débito, afins, cofins, sem fins.

Está inscrito n’Ela, o amor é imune.

Não há medida que o modifique, o transforme,

Nem que seja provisória, MP.

O Amor não é imposto, nem posto; chega, achega-se,

Aliás está escrito na Lei d’Ele, a maior:

Amá-Lo sobre todas as coisas.

O amor não é no lucro presumido, é real,

Não pode ser medido, nem cobrado,

Não há o que ganhar, nem o que perder,

Perdões. Absolvido, remido, anistiado.

Não! Parcelar, não pode!

Sem outros cálculos, palavra de engenheirio

há de ser íntegro, intacto.

 

Madrugada de 18 de fevereiro de 2004

 

 

 

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Astrid Cabral

 

Meu caro Soares Feitosa,

Que bom receber um presente vindo de você! Li com extremo deleite Estudos & Catálogos — Mãos. Além de bom poeta, você é um prosador primoroso. Tem raro domínio lingüístico e o olhar voltado para o essencial telúrico, tão ameaçado pela abusiva urbanização do Brasil contemporâneo. Para mim esse mundo rural do Nordeste arcaico é fascinante, e o retrato que você em poucas páginas nos dá é conciso e perfeito. Se vivo, Mário Andrade bateria palmas.

Ao produzir literatura da melhor, você também faz sociologia. Pergunto: Emile Durkheim, ao tratar da divisão do trabalho, examinou com tanta argúcia esses dois universos distintos onde atuam as mãos do homem e as mãos da mulher? Se examinou, certamente não se valeu da linguagem literária, pois esta é que "ferra" para sempre a lembrança. O prefácio alvoroça seus leitores para conhecer o Virgílio cearense, manusear-lhe as novas geórgicas.

 

Astrid

 

 

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Lucius Matos

 

Por que não dizer? Muito obrigado! Fiquei contente ao saber que chegou.

Li, mas nem todos os comentários. Fui até o fim. Pensei: será que ele é rico?! Todos que querem participar do Jornal de Poesia recebem um ‘troço’ desses? As fotos estão coloridas!

Na semana passada, quantas edições foram enviadas? Não seria prático tê-las on-line? Com certeza! Mas que palavras poderia escolher para transfigurar o que senti quando chegou? E o meu nome, na capa, escrito a mão, de tinta preta? Não. Se fosse n-line, não!

Confesso: nem li o prefácio! Abri bem no meio e comecei a ler. Assustei-me. Fotos?! Cadê os... os... os poemas?! Fui para o fim. Continuei lendo. Acho que peguei a conversa pelo meio! Tive que voltar para a página 1 e só então perceber que era um prefácio. Se não fossem a nota e os vários comentários, imaginaria um trecho de algum livro seu.

Sou simples e humilde nos modos. Não tenho o dom da escrita, das palavras. Mas espero que entenda a minha ignorância: se for um prefácio, um chamariz, será julgado bom se conseguir despertar o desejo de quem lê. Cabe ao leitor julgar a obra. Ele não gostará de tudo, ‘ou não’, como dizem os sábios baianos. Quase todos comentam o seu prefácio como uma obra de arte, desejando ler o tal livro. Pela receptividade, talvez, deseje agora lançar um livro com outros prefácios seus.

Iniciei o meu argumento com um se, a lógica exige um então. Se for um prefácio, um chamariz... Então podem os prefácios serem tão conhecidos e comentados quanto os livros que os hospedam?

Se sim: que beleza! Quando vai sair?!!! Se não: Este programa executou uma operação ilegal e será fechado. Se o problema persistir, entre em contato com o seu fornecedor.

Muito obrigado por esta edição!

Lúcius Matos.

 

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