Estudos &
catálogos — mãos
Dos
leitores
Carlos
Felipe Moisés
Caríssimo
Feitosa:
Perdoe-me
a demora em responder. Estive umas semanas fora, tentando recarregar
as baterias e, logo em seguida, foi o início do ano letivo, afobado
e conturbado como sempre (as pobres velhas baterias já estão quase
descarregadas)...
E
sou-lhe grato, também, pela riqueza e o vigor do Estudos &
Catálogos – Mãos. (O Virgílio Maia – mande-lhe,
por favor, meus cumprimentos – deve estar pra lá de feliz com o
magnífico prefácio.)
Sinto
que, nesse texto, você domou todos os potros selvagens da sua fala,
a fim de que eles possam, paradoxalmente, correr livres e soltos. É
a "paixão medida", de que fala o Drummond, aquela fusão
paradoxal, acima referida – ambição de todo escritor. Caso eu
não tenha sido tocado por alguns temas e sub-temas que me são
especialmente caros, acho que você o conseguiu, mais do que nas
realizações anteriores que cheguei a ler.
Receba
o forte, forte abraço do
Carlos
Felipe
Maria
Georgina Albuquerque
Aqui
estou com o maravilhoso Estudos e Catálogos - Mãos que me
enviou. Nele, um garotinho de óculos, expressão pra lá de
inteligente, me convida ( ou impinge?):
"
- Vem!... desestrutura! (e reestrutura meio à
perplexidade...)".
A
regionalidade da leitura que ora faço, aos poucos vai dando mostra
de universalidade meio à vivência anárquica da minha grande
metrópole. Não temos acesso ao gado, mas fica constatada a
possibilidade de "marcar" as nossas produções com ferro
em brasa. Não temos galos por aqui, mas persistem os gritos que
também tecem a manhã. Basta que haja paciência para absorver o
diferente através de iniciativas culturais como a sua, que tanto
ampliam os nossos horizontes criativo e lingüístico.
Um
beijo carinhoso,
Maria
Georgina Albuquerque
Em
tempo: Desejo ao Virgílio Maia muito sucesso com o seu
"Recordel", que já dispõe de tão belo e instigante
prefácio.
Caro Feitosa
caminhei por esses seus caminhos
e encantada....permita-me recolher poemas inclusos feitos na
proporção justa e perfeita de um SEU segmento áureo:
as coisas de gerar, parir,
d´Ela vasilhas impecavelmente lavadas
os panos de coar com marca
vermelha
o mesmo "ferro" do ferro
dos bois...
mas zombou que noutras casas
patos galinhas pavões perus
e os pássaros de dentro de casa
por favor não entendo dessas artes
mas saberá desembrulhar seus mortos
que doce hábil forte e bela...
Amélia
Marcionila
Para o grande escritor Soares Feitosa
Que texto afinado! Que beleza de prosa! Fez-me lembrar infância, o
"Ele",
o "Ela", o "dia de matar o porco", vivências
minhas... Ao lê-lo viajei em
emoção: pisei a terra, chão de Minas, vi o sol, o mato, o cheiro
de choupana
de colono, a água de mina, a reza no cruzeiro, a alegria de folia
em apresentação
na Fazenda Santana, do meu avô Mário Rapôso. O seu texto, na
verdade, tem
gosto de café de rapadura (que nunca me esquecerei), tem o aroma da
rainha-da-noite,
em floradas, em noites de lua, como tem os matizes de uma alvorada
nas Alterosas.
Li-o numa tarde morna de domingo, nas Gerais, circulada
por montanhas misteriosas e protetoras... Deu-me vontade de subir no
Pico
da Bandeira e lê-lo em alta voz para que todo o Brasil me ouvisse.
Obrigada
pelo presente, Soares Feitosa. Ele deveria sim, ser lido, relido,
divulgado,
publicado, comentado e, sobretudo, sentido e saboreado!
Aqui, tão longe, às margens do Paraiba do Sul fico
a meditar os mistérios dessa nossa linguagem brasileira e a
grandeza dessa
nossa abençoada terra. Na minha mineirice-nordestina posso dizer
que temos
um só coração literário quando me encanto com os seus gemidos de
escritor
nato, albatroz da caatinga, a me premiar com tanta riqueza.
Agradeço "Estudos & Catálogos - Mãos.
Continue a me enviar suas maravilhas. Conta-me como faço para adquirir Recordel, de Virgílio
Maia.
Abraços.
Amélia Marcionila
Ana
Carolina Elias Pedretti
Olá Soares!
Fiquei
surpresa ao chegar em casa após uma viagem e encontrar um envelope
seu. E fiquei mais surpresa ainda ao ler o conteúdo! Conforme lia,
podia sentir o cheiro dos bois, da terra e do mato! Mais uma vez
pude perceber que eu ainda tenho muito o que aprender para me
tornar uma boa escritora!
Muito
obrigada por ter me mandado sua obra e parabéns pelo seu ótimo
trabalho!
Ana
Carolina
Anderson
Braga Horta
Meu caro Soares
Feitosa:
Seu
prefácio ao Recordel de Virgílio Maia é inventivo, é poético,
é rico em virtudes intrínsecas, além da virtude primacialmente
desejável - mas nem sempre encontrável - nos prefácios, que é a
de atiçar o interesse do leitor no livro apresentado.
Meu
abraço.
Anderson
Rodrigo
Magalhães
"Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão", era o verso que, na canção Choro Bandido, dava uma voz de sentença a quem cantava. E, do mesmo modo, eles, os poetas, continuam: tateando e achando na escuridão. O Coronel Feitosa sempre foi um cego de bom faro nos dedos. Pega o livro, abre-o pelo peso da mão e, numa viagem ligeira, eis o verso laureado. Assim, pelas mãos, ele mesmo diz, encontrou os ouros de Virgílio. E ele, de novo, confirma, pelas mãos, a poética do nosso canône.
Pelas mãos -
habito agora apenas esta minha mão; sou apenas esta mão - o coronel Feitosa já vinha enxergando o mundo. Pelas mãos, ele já vinha lendo a casa, os veludos e as superfícies dos homens. E agora, pelas mãos, o enlace dos que se foram e dos que ainda não chegaram. A mão de Castro Alves sob o peso da mão dos novos condores. A mão de Shakespeare, a mão de Flaubert, a mão de Machado - todas, pesando sob e sobre. Espremidas, as mãos? Encostadas, num encaixe leve. Que eles, os antigos, só querem transmitir; que nós, gratos, não queremos esmagá-los.
No mais, um texto para a queda do apartheid das escolas. Parnasianos, simbolistas, modernos, em um agrupamento pralém das razões excludentes, pralém dos sistemas de Lineu. O novo critério de divisão não divide, sobrepõe.
O critério do coronel nos colocou lado a lado. De mãos dadas.
Abraços,
Rodrigo Magalhães.
Nelly
Novaes Coelho
Caro
e sempre lembrado poeta Soares Feitosa
É
sempre uma alegria receber notícias dos amigos, principalmente
quando vem em forma de atividade existencial, como é o seu caso...
Desde que o conhecei, através das letras e da poesia, senti isso:
tudo que você escreve, produz, projeta, etc, vem da paixão de
viver e conviver. Que mundo maravilhoso seria este se "todos
fossem iguais a você"!
Recebi
teu jornal de poesia com os Catálogos. Senti uma saudável inveja,
pois meu computador continua sendo manipulado por uma funcionária.
Há entre mim e ele uma incompatibilidade psicológica. Continuo
escrevendo à mão, depois datilografo na IBM elétrica; a
funcionária digita tudo depois. É uma incrível perda de tempo.
Mas que fazer?! Já octogenária, permito-me só fazer o que me dá
prazer.
Abraços,
Nelly
PS:
Vou lhe mandar o meu Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras.
Todo escrito à mão e depois...
Nota
do editor:
O
dicionário chegou no dia seguinte. O obra primorosa, de amar e
guardar. Confesso que fico morto de vergonha de ganhar presente tão rico.
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