Laeticia Jensen Eble
Caríssimo Feitosa, antes que comece a ler este e-mail, inspire bem fundo e me xingue com os palavrões que julgar adequados a uma "mui amiga" totalmente negligente. Estou merecendo. Feito? Agora posso continuar: Caríssimo Feitosa, (lá vem a ladainha de desculpas esfarrapadas...) Desde a última vez que me comuniquei com você passei por muitos problemas (do tipo que não se comenta em e-mail). Perdi todos os e-mail devido a um problema no meu computador que me levou a formatá-lo. Estou em falta grave com você, pois recebi o exemplar de Estudos & Catálogos - Mãos e nem agradeci, nem comentei. Mas li todinho e mostrei para alguns amigos. Gostei da delicadeza da dedicatória escrita à caneta, o que revela o seu carinho ao fazer o envio. Agradeço por isso. Do texto, gostei demais! Mas alguns detalhes me cativaram, como por exemplo o cuidado em delimitar as "coisas d'Ela", e Ela, com maiúscula, foi um cuidado que me encantou; são esses detalhes que transbordam emoção no texto, e como se não bastasse (que mereceu um círculo à lápis em volta) na pág. 3, o "- d'Ela, minha" disse tudo! É só um comentário ínfimo dos tantos que eu gostaria de fazer, pois meu texto ficou cheio de rabiscos nas partes que me chamaram a atenção, as estratégias verbais, a ironia, etc. Gostei, de verdade! O Prisioneiro foi uma surpresa especial para mim, tão sugestivo e tão intenso. É tão bom viver essa entrega, essa prisão voluntária, não é? Esse poema tocou direto no meu coração, pude me ler nele, correspondência total. Obrigada por palavras, ou não palavras, sugestões, tão belas. Preenchem nossa alma. A respeito da entrevista ao André de Sena, já tinha lido. Apesar de negligente nas minhas comunicações, nunca deixo de dar as minhas passeadas pelo JP, afinal, fã é fã! Saiba que apesar desse meu jeito meio relapso, eu sou fiel! Parabéns por tudo! Você é um exemplo! Obrigada pelo carinho, abraço, |
Poeta Soares Feitosa Estudos & Catálogos - Mãos. Logo no primeiro "ferro", sente-se o punho forte do escritor. É de gente grande, dono de "ferros", terras sem cercas, onde o peregrino cansado pode repousar as saudades, saudades d’Ela. Sempre com o livro às mãos, Ela, ensinando, ensinando aos que queriam aprender, como Napoleão, pai de Virgílio, nascido no vexame de saber tudo. Meu abraço, Salomão
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Caro Poeta Soares Feitosa, Externando minhas impressões sobre seu trabalho, não somente os "papé" que recebi pelo correio, mas de tudo que li de tua produção, disponível nos site do JP, quero antes de tudo dizer que fico muito grato por ver surgir nestes breves contatos virtuais uma força que mais me impulsiona a continuar na labuta palavreira. Por vezes, o que pensamos e sentimos, queremos mostrar a todos, não por vaidade, mas como uma forma de nos aliviar de tantas emoções. E emoções é o que não deixo de ver em seus poemas, em suas crônicas. Quando li "O menino do balde", vi que não me enganara, ali estava um poeta que, mais que constatar, absorvia a energia que vibra na vida cotidiana daqueles que são os deserdados da sociedade. Não algo piegas, não engajado, mas sincero, vivo e esperançoso. Dizer poeticamente a miséria pode parecer fácil, um punhado de palavras aqui e ali, um arremedo de imagens, meio que furtadas da mídia a que nos expomos constantemente, e voila: eis um poema de cunho social, mas não é o que eu vi, mas sim um hino, uma ode, em que a força presente naquele retratado momento humilíssimo, se apresenta como a própria alma da vida e da poesia. Assim que recebi seus "Estudos & Catálogos - Mãos", li quase que imediatamente. Li outras duas vezes até então, e a cada leitura descubro novas idéias. A impressão que me causou desde o início era de uma obra independente. A qualidade de prefácio me faz acreditar na grandeza dos poemas de Virgílio Maia - li apenas o que encontrei no JP - que foram brindados com tão impressionante relato. Pois bem, poeta, digo do que me veio quando li o dito prefácio:Umas imagens se formaram em minha mente, que me transportei de imediato para o sertão, para a caatinga, o qual só conheço de rápidas passagens, mas que me hipnotiza e deixa desejos de repetidos retornos, bem poucos por sinal, eram estas imagens tão claras, e por tal clareza posso julgar se um texto é do meu agrado ou não. Normalmente não gosto de ler aquilo que eu não vejo, portanto podes entender que de cara me agradei de sua leitura, que às vezes me evocava ancestralidades, outras me surpreendia e sempre, em cada parágrafo, me enchia de emoção e felicidade. Gosto de leituras que tenham profundidade, um "não-sei-que" erudito, porém sem ser pedante, nivelando-se aos leitores, tenham o nível que tiverem. Eis a arte: Escrever para todos que tiverem a sorte de ter em mãos a tal escrita, e dela tirar qualquer proveito para a alma. E eu tirei bastante proveito, podeis crer. Li que não foste além da Cidade da Bahia. Pois bem, se acaso vieres por essas bandas outra vez, peço que me contate, terei imenso prazer em conhecê-lo pessoalmente, assim como em eu estando na bela Fortaleza, o que espero fazer ainda este ano, manterei contato. Fraterno abraço,
Marco
Antonio Cardoso
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Caro Soares Feitosa, Primeiramente gostaria de agradecer este maravilhoso presente que me foi enviado. Senti muito prazer em ler, reler, reler e reler o prefácio do livro do Virgílio Maia, e em todas as vezes fui remetido a um passado distante, quando nas férias viajava para a fazenda de um amigo.
Apesar
de ser extremamente urbano, de ter passado a infância e a juventude
em Belo Horizonte, e ter vivido e amadurecido no Rio de Janeiro; em
Ipanema para ser mais preciso, sentia com intensidade as coisas da
Tudo
isso me voltou à mente e eu sei que outras Um grande abraço, Nerino de Campos.
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Meu "jovem" amigo Feitosa, Do alto dos meus sessenta e seis, sinto-me no direito e com dever de protestar contra essa história de velhote. Poeta iluminados, mestre da palavra, como você e o Ascendino, não têm idade. São donos do tempo! Quanto a Estudos & Catálogos, que privilégio receber tanta beleza concentrada em tão poucas páginas. É preciso mais, que esta beleza se expanda em muitos livros e publicações. Também não posso deixar de citar a iconografia transcendental — Ticiano, Dürer... imagens que se unem às imagens do texto lançado ao leitor em estado de ansiedade que só será aplacado (ou aumentado?) com um segundo número da série. Agradecimentos fervorosos. Cecy B. Campos
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Maria da Paz R. Dantas
Soares, poeta, deliciei-me com a leitura de seu texto Estudos & Catálogo -Mãos, na verdade uma interessante forma de ensaio sobre a vida na fazenda. Quem viveu nesse ambiente ( vivi parte de minha infância e adolescência em uma fazenda, na Paraíba), é capaz de perceber a vida que exalam suas imagens referenciais de gestos, de ocupações - como aquela tão cheia de requintes na feitura do queijo de coalho -, e outras que trazem à memória um tempo proustiano, que uns interiorizam mais, outros menos. Também estou escrevendo um livro (com toque autobiográfico), meio ficção, que fala sobre o café, bebida quase sagrada na época a que me refiro (década de 50).Acredito que você teria muito a dizer sobre esse assunto. Obrigada pela lembrança.Aproveitei para lhe retribuir com o envio de um exemplar do meu recente livro Joaquim Cardozo contemporâneo do futuro, na expectativa de sua valiosa leitura. Grande abraço Maria da Paz
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Meu caro Feitosa: Estive por lhe escrever,tomado de emoção,quando a li no computador, em que acesso com freqüência semanal sua "fazenda", como diz Dona Conceição (interessante a douta exegese dela), mas uma coisa e outra,todas elas mais que adiáveis e menos importantes,por certo,brecaram meu propósito. Mas a sua gentileza do envio,em momento natalino,como um presente, me convoca. E proponho que alguém com tempo e biblioteca desde já comece a pensar em fazer uma antologia de prefácios, mesmo sem os fácios... O que você fez (suponho,pois não li Recordel) seria um diálogo com o poeta Vergílio,mas, suponho mais ainda,é que você a partir do "estalo" da página ao acaso tenha é entrado memória adentro a catalogar o mundo natural de sua (qualquer,no campo) infância. Catalogar é preciso. Eu,apaixonado não só por mapas (recebeu "Uma cidade"?) mas também por letras e marcas (tenho um ferro GF que comprei na Bahia há anos e terá sido de algum dono indelegável personalíssimo,pois gado eu nunca tive) segui seu texto como um Pero Vaz terá seguindo o navegante: fundando o mundo que fica - o da memória, simbólico, o que cada um de nós recebe e deixa, rebanho de fatos e palavras,em letras serifadas ou não... E volto a pensar naquele assunto de "crítica fundamentada",pois vejo aqui neste seu prefácio a única outra forma de comentar poesia: fazendo outra. Ou se critica fundamentando,como você propunha e ilustrava, ou se mostra, desde dentro (suponho,não li Recordel) o que o outro diz. Não é? Pois. Grande abraço grato. Izacyl |