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Claudio Daniel 

claudaniel@ig.com.br

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

Material remetido por Adriana Zaparolli

 

Cláudio Daniel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Claudio Daniel


 

Bio-bibliografia:


 

Claudio Daniel, poeta, tradutor e ensaísta, nasceu em São Paulo (SP), em 1962. Publicou os livros de poesia Sutra (edição do autor, 1992), Yumê (Ciência do Acidente, 1999) e A sombra do leopardo (Azougue Editorial, 2001), este último vencedor do prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira, oferecido pela revista CULT.

Traduziu, em parceria com Luiz Roberto Guedes, poemas do cubano José Kozer, reunidos em três antologias: Geometria da água (Fundação Memorial da América Latina, 2000), Rupestres (Tigre do Espelho, 2001) e Madame Chu & Outros Poemas (Travessa dos Editores, 2003). O autor publicou também Estação da Fábula, com traduções do uruguaio Eduardo Milán (Fundação Memorial da América Latina, 2002), Prosa do que Está na Esfera (Olavobrás, 2003), com traduções do dominicano Leon Felix Batista, feitas em parceria com Fabiano Calixto, e a antologia Na Virada do Século, Poesia de Invenção no Brasil (Landy, 2002), este último em co-autoria com Frederico Barbosa.

O poeta prepara três livros, Romanceiro de Dona Virgo, volume de contos, Figuras Metálicas, antologia de sua obra poética, e Jardim de Camaleões — A Poesia Neobarroca na América Latina. No exterior, participou das antologias Cities of Chance: an Anthology of New Poetry From the United States and Brasil (Rattapallax Press, New York, 2003), organizada por Flávia Rocha e Edwin Torres, Pindorama, 30 Poetas de Brasil (revista Tsé Tsé n. 7/8, Buenos Aires, 2001), com seleção e tradução de Reynaldo Jiménez, e Cetrería, Once Poetas Brasileños (Casa de Letras, Havana, 2003), organizada e traduzida por Ricardo Alberto Pérez.

Claudio Daniel é co-editor da revista eletrônica de poesia e debates Zunái (http://www.officinadopensamento.com.br/zunai), junto com Rodrigo de Souza Leão. Sua página pessoal na Internet é http://www.claudaniel.hpg.ig.com.br. O autor escreve diariamente no blog Cantar a Pele de Lontra, que pode ser acessada no endereço http://peledelontra.blig.ig.com.br. Claudio Daniel atua na área editorial e jornalística e reside em São Paulo com sua mulher, Regina, e o filho, Iúri.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Claudio Daniel


 

No olho da agulha


Tatuar silêncios como formigas.
Afogar os relógios
numa pálpebra.
Vestir o grito com a pele
do escaravelho.
Torcer os músculos da face
em perplexidade.
Cruzar a via absurda
das unhas, desorientado,
obscuro, recurvado
sobre as nádegas.
Saber que toda flor é ridícula,
e mesmo assim cultivar
o minério,
a dor,
a surda epilepsia.
Esquecer o próprio nome,
e sovar a terra
até a exaustão.
(Fosse apenas uma canção de colheita,
você diria amor e outras
palavras fáceis.)
Com o riso estúpido do camelo,
viajar ao olho
da agulha,
labiríntico, insano,
acreditando que toda história é um ácido.
Depois cauterizar a ferida,
aceitar o reflexo,
o simulacro,
lembrar-se
da semente antes do pão.
Tayata gate gate
paragate parasamgate
boddhi soha
.

 

2002
 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Anchieta Pinheiro Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Claudio Daniel


 

Porque a hora é violenta


Porque a hora é violenta e tudo esmaga, abrir cabeças
de serpente.
Há o verde sonoro
de metais;
há o roxo
da flor
cujo nome
ignoramos.
Dedos rugem
escura perplexidade;
arcos rebentam
bicos
de pássaro.
Sou anfíbio,
e calo
o que me apavora.
Onde viajar outros dias possíveis?
Como
extirpar
essa desolação?
Eis o inevitável
campo
de batalha;
eis a letra inverossímil, vermelho
decapita
amarelo.
Sinceramente,
confesso
meu pesar:
quando ponteiros corroem pulsos,
povoar
mandíbulas
para corvos.
A hora é violenta e o medo em escamas
arranha
a pele
da voz.
Explodir palavras-de-argila;
degolar
leões
de pedra
(ignotos);
mutilar
a escura epiderme,
em chuva
azul-
de-agonia.

Tudo
por um
nada
soando crânios e trompetes,
cortando (súbito)
o branco-
cinza
da manhã.
— Sri Baghavan uvaca:
Yam hi na
vyathayanty ete
purusam
purusarsabha
sama-duhkha-sukham dhiram
so ‘mrtavaya
kalpate.


 

2002
 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

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Domi Chirongo

 

 

 

20/04/2005