David Medeiros Oliveira
Estudos & catálogos — mãos de Soares Feitosa
Quedou-se reforçada a minha primeira impressão, de quando li “Adolescíamos”,
suas palavras são imagens, são como um roteiro. Prova? São várias: a ferrada
nos bois, o fumacear das marcas, os catálogos, as marcas, os “as” em times e
arial… Catálogos. Lê-lo, Feitosa, é como viajar. Seu estilo: roteirista; suas
palavras: movimentos… Ah, os cavares e recavares de nossa vida! Visualmente,
um detalhe que me impressionou (e como você me impressiona!): as fotos. Sua foto
jovem, no início, e a foto de Virgílio, ainda novo, mas atual, no fim do texto. O
catálogo das letras desenhadas no couro de outrora, e o catálogo das grifes de hoje;
as marcas nos bois, as letras no PC. Indago: basta a viagem no espaço? Não, a viagem
é no tempo.
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Adolescíamos de Soares Feitosa
Feitosa, adorei... Ainda mais hoje, que é um dia de domingo; um domingo
tão perto de minha adolescência. Interessante como as figuras da máquina e
da tesoura dão vida a suas palavras. Parecem cenas de um curta. É isso! Um
poema-roteiro. Prova maior? Como você mesmo diz, Poeta, espiemos:
“Singer, a velha máquina
– se não tínhamos um piano;
quando me dei conta,
suavemente eu lhe olhava os cabelos,
que também lhe olhava
rapidamente os olhos calmos”
Luzes, gestos, névoas... são palavras ou imagens? Nossas lembranças são (principalmente)
imagens, não palavras. Você as resgatou. E como. Forte abraço, David
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