Edna Oliveira de Sant'Ana

 
Vale or Farewell, ARTHUR HACKER (RA), (1858 - 1919)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De: ednaosantana@ibest.com.br [mailto:ednaosantana@ibest.com.br]
Enviada em: sábado, 22 de janeiro de 2005 14:47
Para: soaresfeitosa@uol.com.br
Assunto: Uma canção distante


Poeta Soares Feitosa!
 

Como todo bom poema, "Uma canção distante" também me seduziu! Talvez eu não tenha percebido a essência da mensagem nele contida mas desculpo-me dizendo: ah! isso é intransferível, pertence ao poeta!

A bem da verdade, o que há de  mais  fascinante em um poema, e o seu não é uma exceção,   é a capacidade de nos transportar, numa fração de tempo, por terra, mar e ar e de nos fazer sonhar,  experimentar sensações nunca antes sentidas, ir a procura de amores perdidos,  confessar verdades escondidas, lidar com desejos reprimidos, expurgar os medos,  antever catástrofes, enfim...

O que mais dizer? Não sei, não sou muito boa com as palavras, mas eu fico a imaginá-lo em: "Salvador, tarde leve, 02.08.1996, no Ondina Apart Hotel, um dos lugares mais lindos do Brasil. Do mundo!" (palavras suas), com o olhar fixo no mar a observar o movimento das ondas e a ouvir "uma canção distante" a  lhe advertir com antecipação um oceano em fúria!

Ah! desculpe o meu jeito iireverente de ser! (rs)

Um dia, quem sabe, poderei assinar assim: Da colega,

Edna Oliveira de Sant'Ana

Salvador, Bahia

 

Clique para Uma canção distante

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

Você quer comentar?

Escreva para o editor

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

 

 

 

Regine Limaverde

 

 

 

 

 

 

From: Regine
Sent: Tuesday, January 04, 2005 11:53 AM

 

Meu amigo Soares Feitosa,

Sou também louca pelo mar. Ele é meu medo, meu amigo, minha inspiração. Minha poesia é toda inundada de mar porque dele ganho o meu pão. Sou microbiologista marinha e é nas águas que vivo. É nelas que sonho. É dela que nutro minha poesia.

Parabéns pelo poema lindo. Ainda bem que no Brasil não se tem grande catástrofes quer marinhas, quer terrestres. Coitado de quem faz o mar inimigo. Tenho pena, de quem não gosta dele. Respeito-o e amo-o muito.

Sei que sua poesia é muito telúrica, mas também aquática, pois quem não gosta do mar?, principalmente tendo uma janela de frente para ele como você tem e que fere os olhos toda a manhã com o verde espalhado nesse marzão de Fortaleza.    

Beijos e um ano inundado de poesia.

Aqui vale um maremoto de versos lindos como os seus.

Regine Limaverde

 

Clique para Uma canção distante

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

Você quer comentar?

Escreva para o editor

Napoleão Maia Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marco Aqueiva

 
Allan Banks, USA, Hanna

 

 

 

 

 

Sent: Tuesday, February 08, 2005 11:18 AM

Subject: Uma canção não tão distante


 

Sabe, Poeta, tenho uma tendência a desconfiar que a Poesia só penetra em nós por qualquer coisa que não possuímos. A despeito do esforço por controlar e ordenar a palavra, somos sempre aquela tormenta que, por um indescritível transtorno psicósmico, volta-se chuva fertilizante. Malgrado seja a torre uma iniciativa para vencer nossas limitações – ainda mais uma que se apruma sobre o mar, como o entorno terrífico (?) que envolveu o Poeta lá em Salvador – , erguemos artefatos de concreto como não mais que tiras de papel – blocagem de versos, qual frágeis e artificiais rochedos, contra o profundo poçoMarco Aqueiva central do esquecimento, poesia&mar-adentro-de-nós-mesmos. Imagem que talvez transcenda a condição de mera metáfora e seja mesmo uma completa tradução de nossa condição psicósmica.

O estar no hotel, sei, era circunstancial; não certamente a forte impressão que restou. E estou me detendo no que está ausente, absoluto-nada de uma confluência pela qual não sigo mais por desconfiar de um fio d’água particularmente desimportante. Mas nem os lagos choram demais que os olhos desenrolem um sol, mesmo tímido, nas águas feras, brutas e sem margens do Mar-Oceano.

Pouco sei da força das águas, mas compreendo um pouco da concha de um apartamento, da realidade sensível da água contida em um copo de água, desta-ainda-de-ontem que se mantém represada na bolsa dos olhos que magicam  a existência de uma conspiração ou programa misterioso. Tudo é muito próprio dos homens. Sempre o foi. E de sobejo, nem a poesia restará nos escritos do ar, da terra, do fogo e da ferágua. Por que o fazemos se é tudo ralo? Ralo-me porque pouco-e-tudo importa. Desviamos o sentido da DES-GRAÇA para o que seja a GRAÇA, eis a poesia como um quinto elemento da natureza, só incompreendido pela "des-natureza" do homem amesquinhado.

Perdoe este tom frio e seco. É que é terça-feira de carnaval, e contra-toda-PRÉ-VISÃO-do-tempo-e-expectativa-na-passarela-deste-dia-alegre-e-triste faz frio e meu coração anda terra e fogo. Amanhã seriam outras as cinzas se já não fosse quarta-feira de... Como é mesmo? Uma canção distante: Pobre velha música. "Recordo outro ouvir-te". Tudo e nada soa. Pessoa.  

Abraços-de-um-folião-mal-arrependido!

Marco Aqueiva

P.S: Embora irrelevante, foi mesmo em Salvador que tudo se deu? Ou será a notação do lugar ‘Salvador’ recurso ficcional? Não é necessário responder. "Poesia, Salvador". Quando se evidencia a epifania.

 

Clique para Uma canção distante

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

Você quer comentar?

Escreva para o editor

José Aloise Bahia