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José Aloise Bahia

josealoise@terra.com.br

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Magdalena

 

Albrecht Dürer, Head of an apostle looking upward

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Aloise Bahia


 

Bio-bibliografia


José Aloise Bahia nasceu em nove de junho de 1961, na cidade de Bambuí, região do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais. Reside em Belo Horizonte. Tem ensaios, críticas, artigos, crônicas, resenhas e poesias publicadas em diversos jornais, revistas e sites de literatura, arte e imprensa na internet. Pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, política, estética, imagem e cultura de massa. Estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Sócio fundador e diretor de jornalismo cultural da ALIPOL (Associação Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa e Outras Linguagens). Estudou economia (UFMG). Graduado em comunicação social e pós-graduado em jornalismo contemporâneo (UNI-BH). Colunista e articulista do site de literatura e arte Cronópios (São Paulo/SP). Autor de “Pavios Curtos” (poesia, anomelivros, 2004). Participa da antologia “O Achamento de Portugal” (poesia, org. Wilmar Silva, anomelivros, 2005), que reuniu 40 poetas mineiros e portugueses.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vale or Farewell, ARTHUR HACKER (RA), (1858 - 1919)

 

 

 

 

 

José Aloise Bahia


 

 

PEREGRINADOR,

CAMINHANTE COM PRAZER

 

 

Você já peregrinou? Tudo começa com a simples pergunta. Envolvendo realidade e ficção na vida de um dos mais fecundos escritores brasileiros. O mais interessante: ele se reinventa a partir da entrevista, um gênero direto da modernidade. E, do outro lado temos uma outra palavra: peregrinação, jornada longa e exaustiva. Eis a intertextualidade plena e genuína nas mãos de um peripatético.

O diálogo criativo e imaginativo caminha com passos filosóficos. Realiza-se, noutra fonte,  na sua forma, ação e metafísica: Aristóteles. Pois o colóquio dos dois Franciscos é uma aula daquilo que Aristóteles ensinava caminhando. Na moral individual aristotélica todo ser tende a realizar a sua natureza. E a sua natureza é a razão. A virtude nasce do exercício desta razão do ser e tem como morada/passagem a inteligência e a vontade, outras duas palavras que pululam no bate-papo e encontro de um homem/ menino com a sua imagem: transpor em livros uma fiel representação de si mesmo. Nisso, a razão esclarecida se encontra com o ser, e o homem/menino realiza a sua natureza humana e intrínseca: torna-se um escritor. 

O inquilino das letras peregrinador, caminhante com prazer, faz uma reflexão incisiva sobre o início, o meio e o fim (até parece reverberar a música de Raul Seixas). Transcendental. Não tem como escapar, o seu texto é metafísico. De uma sabedoria tamanha. Grandioso como o sol, frondoso como a mangueira carregada de mangas amarelinhas. As idas e vindas de Nova-Russas, uma Maratona, desperta uma noção de tempo muito lindo. Tempo vivido, memorial, não esquecido, aquecido, relembrado e sagrado.

A devoção é a jornada. E a jornada, um diálogo. O diálogo, o caminho. Não é moralista. Pelo contrário. Parece fazer questão de nos chamar a atenção, de uma maneira sutil, às iluminações/ sombras do mistério, que muitos teimam em esquecer: as origens e raízes de uma árvore verdejante. A origem como ponto de partida.

Vital no envolvimento com suas histórias. Com suas leituras e viagens aflitivas. Palavras de um poeta singular: “O gostar eliminava o obrigatório”. Desta fonte brota uma juventude lúcida que dá um banho em muitos marmanjos contemporâneos metidos a bestas.

Tudo isso para dizer: - Vai, Francisco, vai escrever as suas memórias. Pois, o homem tem muito para nos contar, e nos relata nesta entrevista acontecimentos de uma maneira maravilhosa.

No sertão existe uma voz. Galopante, engenhosa, magistral e simbólica. Pétala nordestina e brasileira. Anima Mundi. Uma voz de só ares feito rosas....

 

 * José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista e escritor. Autor de Pavios Curtos (anomelivros, 2004).

  

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José Aloise Bahia


 

Daniel Buren, Duas Plataformas, 1985/86, Paris, França



Noturno azul e vermelho


Foi assim no vosso convívio
um hóspede passageiro,
obscuro como uma casa
sem portas e janelas,
escravo do passado
atados a nós amargos.

Tão longe, uma agonia
num adorno de aparências,
e no seu mundo invisível
asas pela metade em azul
cobalto, um medo
incompreendido.

Dividido e fugidio,
não morto, evasivo,
sem se deixar ser observado,
escondido nuns óculos escuros,
desertor de alguma guerra
ou de alguma luta.

Não se sabe o motivo
deste outro ser,
que suspira um ar,
que busca na superfície
onde permeia a latência,
um desejo vermelho sangue.

Que está convosco
numa vontade de viver
e sentir na realidade
este sonho inconsciente,
que procura sem cessar,
uma satisfação jamais vista.


 

* A poesia “noturno azul e vermelho”, de autoria de José Aloise Bahia,
está contida no livro “Pavios Curtos” (anomelivros, 2004).


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

José Aloise Bahia


 


 

sem título, jayme reis, brasil, 1995



O país que não conheço deu-me um bisavô


o país que não conheço deu-me um bisavô,
navegante simples em seu barco cheio
de peixes, que sempre volta à terra firme.
o país que não conheço deu-me um bisavô,
encantador de histórias do céu, fogo e ar.
lá no meio da baía vislumbra um castelo.
lá no meio da baía vislumbra um cardume.
o país que não conheço deu-me um bisavô,
bisavô dourado feito sol em ondas extensas,
bisavô que tarda e não falha a içar às velas,
bisavô que cedo madruga: que faz despertar
o mar que em mim se agita, me embarca
em tamanha travessia e liberta imagens
que chegam num turbilhão de norte a sul...


 

* A poesia “o país que não conheço deu-me um bisavô”, de autoria de José Aloise Bahia, faz parte da antologia “O Achamento de Portugal” (anomelivros, 2005), que reuniu 40 poetas mineiros e portugueses contemporâneos.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Aloise Bahia


 



 

 

 

 

 

 

25/04/2006