Soares:
Li o seu escrito (sobre a viagem) e gostei muito. Sempre achei que é necessário não só uma vez na vida, mas muitas, empreender essa jornada. Você captou bem (e, sobretudo, o expressou magistralmente) o sentimento e, por assim dizer, o espírito da viagem, e o fez até no sentido físico da palavra: a noite, o deserto, a aproximação do animal e os conseqüentes abalos. Quem é que pode ficar inerte?
Lembrei-me do filme "Náufrago", de Robert Zemeckis, que interessa não tanto pela figura do homenzinho ali, na ilha, a comer coco, a descobrir o fogo e depois a se lançar sozinho no mar vasto, sobre uma jangada rústica, em companhia só da baleia e do seu medo, mas pelo final realmente perturbador - em que o vemos lá, outra vez sozinho, parado sobre um cruzamento de estradas no meio de uma paisagem deserta, em pleno lugar nenhum. É pelas paisagens desertas que o homem começa? Vai para onde, para Onde, para o Lugar.
Atravessar os ermos ensina.
Vai o abraço, do
Renato Suttana