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Helena Armond


 

Ser



forma-se o cerco
sem saída o SER
evoca sobre si
o umbilical cordão
acha o fio
a -ponta e encontra
o princípio...
de uma interrogação



(do livro Velaturas, 1999)


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

Helena Armond


 

Faço da vida uma festa



faço da vida uma festa
e
sirvo guarapa
aos penetras

faço da vida uma farra
feira livre de trocas
ao marginal abro as portas
não espero respostas
tento que me entendam
sem necessárias contendas

a vida ? um traço longo
sinuoso e um pingo
não tenho respostas...nem ligo !
nem as procuro no umbigo

certo amigo me dizia
"vc solta o foguete
e dispara atrás da vara" !!!
sim...estou certa
a fazer da vida uma festa

e...tudo mais que desejo
é poemar em cordel
minha mesa é mais festiva
tem caldo de cana e pastel

assumo que sou libertaria
é não aceito
festas determinadas
apenas as imediatas...

sigo a trilha do tigre
ando no fio na navalha
convivo com deuses ferozes
entendo a cada canalha

usado como fetiche
Deus
de costas ao mundo...
verde em chamas...não assiste

prazeres com meu papel
no ato de convidar
o Divino
a participar...
provar do pastel de sementes
do caldo verde das canas
ou mais esta !!!!
do fruto guaraná...
e...num grande encontro
façamos da vida uma festa !!!
e...
ponto.


 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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Bruno Miquelino

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

Helena Armond


 

Coisas



" coisas"
catadas entre teto e telhado
fragmentos que foram valores...
as vezes o que vejo
acho que vale...
acho certas...
...recolho e a "peneira do tempo"
mais seletiva... deleta

<======>

sou mais
se com meu semelhante
adiante

===

não sou melhor que o outro
sou o melhor do outro

======

viver é
fazer dar certo

=====

o SER é-terno
se o deixamos
SER

======

há quem se ocupe
e
cuide das palavras
anarquizo ou organizo
um pensamento


 

 

 

Franz Xavier Winterhalter, retrato de Roza Potocka

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Aurelino Costa, Portugal

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Helena Armond



Cumprindo etapas


 

cumprir etapas
num desenrrolar mandatos
ou rebeldia

cotidianamente
um noturno barulho
no bar do lado oposto

pessoas vetam
suas reservas pessoais poéticas
e entoam alheias parcerias

um guará desliga a lua
intuindo azul diurno
acorda cedo e caça

o sol me liga
abrir a casa caçar propostas
a desencadear poema ou prosa

===

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

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Rodrigo Magalhães, 12.2.2005

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Helena Armond


 

Sendo nascida em Janeiro



sendo nascida em Janeiro
parte zodíacal
de constelações
regidas em maestria
Netuno
a divindade do mar
( em seus intrigantes senões )
sou ar e me sinto marina
de um azul
ora dia ora noturno
entre mastros velames
em vagas... errante
de
saga safira aquática
algo corpo algo areia
algo terra algo estrela
pés de concreto
ou sereia
ora em pedras
ora em rede de algas
mulher...
pelos poros verto sal
ou sílica hidratada
de Minas
sou aquário de
OPALA
me
guarda da traição
do
rigor de linhas duras
lua a lua sol a sol
ou do aço de um anzol...


 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Slave market

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Márcio-andré

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

Helena Armond


 

Entender o difícil é risco



entender o difícil é risco
na simplicidade imitar
são francisco

no silêncio dos cães
no arrulhar de pombos brandos
no mutismo de um gari enquanto varre

e... num certo espanto reponde
quando idiota... pergunto:
mas... varrer morro acima ?

envergonhada agüento
o "olhar de ver" do mestiço...
mas dona...! a gente varre pra onde...

... pra onde vai e sopra
brisa vento ou ventania...
e num modismo interroga :"concorda ?"

pessoas ( eu ) que pensam-se
inteligentes ...acordam
o sair do sono é que demora...

=============

"a experiência só é possível
pela representação de uma ligação necessária das percepções"
Emmanuel Kant

 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Helena Armond


 

 Fazer Poesia


fazer poesia
é viver sem riscos
a decantada esquizofrenia

===

observar e fazer
contatos com os ET-s
cara a cara e das costas
( na forma interrogatória
do nosso mapa
Brasil )
sem parcimônia
tomar em taça opalina
d´azul Fernando Noronha

===
ah! ...se gostaria !
ter o vazio dos Down
no aqui... no já... no agora
em estado de meditação

===

caminho em Cristandade
e aos mil e sete demônios
vou plantando pelas beiras
alhos e pimenteiras

===

ampli-ando em dividires
resulto multiplicares
pensares... não os invento!!!
são ondas de nove mares

===

em mutismo bem que tento
e...nem em raros momentos
pratico... a virtude do silêncio


 

 

 

Franz Xavier Winterhalter, retrato de Roza Potocka

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Carlos Nejar

 

 

 

15/01/2007