Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

     
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 
 

Nilto Maciel
 


 

A poesia de Soares Feitosa

 

 

Li, há algum tempo, o seu livro feito manualmente. Foi uma surpresa imensa. E escrevi carta para você falando de sua poesia. Agora recebo outro livro, impresso em modelo tradicional, Psi, a Penúltima, Ed. Papel em Branco.

Sua poesia é nobre, clássica, moderna, rica. Há tempos não leio poesia do nível da sua. E isso é muito bom! Sinal de que sempre estão surgindo grandes poetas, apesar de vivermos um tempo de pouco tempo e espaço para a poesia.

Gostei muito dos poemas de reminiscências, mas também do poema da raposa (Psi). Ora, toda a sua poesia é ótima, tocante, emocionante, sem deixar de ser cerebral, trabalhada, feita com suor, dedicação, pesquisa. E o talento sedimenta tudo, porque sem ele nenhuma poesia vem à tona.
 


 

2. Olha, Tomé, o teu pássaro foi-se embora!

 

Poeta Feitosa, isto é maravilhoso.
 

Você, leitor sagaz e poético, sabe onde está a Poesia. José Saramago, Nobel

Quem não sabe passa a vida dizendo besteiras e rabiscando "versos" que nunca passarão de lama em contraste com os passarões dos Poetas como Saramago e você. Tenha a minha admiração por tudo o que você tem escrito e anotado.

Nilto Maciel
 


 

3. Penúltimo Canto

 

Grande Poeta Soares Feitosa, receba um caloroso abraço de amizade e admiração. Li o "Penúltimo Canto" como se estivesse morrendo. Não por sentir dor, não por estar desesperado, não por me sentir velho. O poema é um apocalipse, um final, quase um ponto final na poesia. Ainda haverá o que dizer poeticamente, depois desse "Penúltimo Canto". Não perguntemos nada aos católicos, aos protestantes, aos chamados evangélicos, aos muçulmanos — que eles são todos pilatos com cara de cristo. Ou então não perguntemos nada a ninguém. Estou cansado, sem fôlego, exausto, depois da leitura do seu poema. Não por ser ele longo.

Também é longo o "Lusíadas". E eu o li com muito prazer. Aprendi muito. Continuo aprendendo, embora não seja mais tempo de aprender nada. Talvez seja apenas o tempo de apreender as palavras, o sentido delas, da traição, da guerra, da fome, da iniqüidade, da vileza, de tudo o que está na poesia maior, naquela que diz tudo, como este "Penúltimo Canto".

Porque o último canto não existirá nunca.

Abraços cordiais do admirador.

                                   Nilto Maciel
 

 

 
 

 

 

 
Elizabeth Marinheiro

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Edna Menezes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 
 

Nilto Maciel
 


 

O copo azul do menino Caio

 

Há dias não conseguia ler nada, não por mandriice ou fastio das letras, mas por obra de um vírus não-letal, que me deixou quase cego. E cadê tua Maria Kodama? – perguntarão os desconfiados. Para não lhes dar resposta indecorosa, dou um passo adiante.

O primeiro livro lido por mim após o arremetimento do pequeno ser é de meu amigo Caio Porfírio Carneiro. Não um amigo do peito, porque pouco nos vimos, sobretudo porque moramos em cidades bem distantes uma de outra. Ele sempre em São Paulo (“sempre” é exagero de linguagem), para onde se mudou em 1955. Naquele ano eu não o conhecia ainda, como não conhecia nenhum escritor, a não ser os dos livros célebres, como José de Alencar, Machado de Assis, Alexandre Herculano, todos mortos antes do meu nascimento. Enquanto Caio morava na maior metrópole brasileira, eu sobrevivia em Baturité (até 1961), depois em Fortaleza e Brasília. E nunca o via, embora lesse seus livros. Lia por sabê-lo escritor de alta linhagem, além de ser meu conterrâneo. Vi-o pela vez primeira numa tarde do início do século XXI, em Fortaleza, para onde voltei em 2002. Apresentou-mo (ora, eu já o conhecia dos livros, desde os anos 1970) o jovem Pedro Salgueiro, que conhece de perto quase todos os grandes escritores brasileiros nascidos no século XX. Frequenta ou frequentava casas e escritórios – onde toma ou tomava chá, come ou comia biscoito, cochila ou cochilava nos sofás – de nomes eminentes como Dalton Trevisan, José J.Veiga e Rachel de Queiroz. E eu me encantei com Caio, sua prosa nervosa e galopante.  Sua simplicidade, sua simpatia. Recebe jovens e velhos sem pedantice, em todo o tempo a brincar.

Toda essa digressão poderá parecer enfadonha ao leitor. É que quero deixar de lado a pretensão de ser crítico literário. Ou escrevinhadeiro de resenhas ou comentários. Serei apenas um cronista que lê (desculpem-me os cronistas se os ofendo, eu que nem consigo escrever crônica) e se serve das leituras para rabiscar frases engatadas a frases.

E aqui começa de fato a crônica da leitura do novo livro de Caio. O título é simpático, embora simples: O copo azul (Scortecci, São Paulo, 2009). Pequenos contos, de uma a cinco páginas. De tão curtos, são poucos os narradores ou protagonistas com nomes explícitos. Mas não é por serem concisos que os nomes são omitidos. É porque Caio escreve alegorias, parábolas, como em “O ponto”. Caio escreve metáforas. É um filósofo. Quando há nomes, como Maria Viviane, o nome não é do narrador ou do personagem central. Maria Viviane é apenas uma lápide.

Alguns desses contos se aproximam perigosamente da nova tendência do chamado “realismo urbano” e destoam do conjunto, como “E daí” e “Capuz”. (Outros escritores muito conhecidos têm se perdido nessas ruelas, como Dalton Trevisan.) Outros relatos de Caio se abeiram da brincadeira literária, como “Pois é”, construído à maneira de peças teatrais. “A travessia” segue esta linha. O melhor do livro está no pintar a alma do homem, perdidos em si mesmos. Seres angustiados, desiludidos (ou ainda iludidos) com sonhos, amores, novidades. Homens velhos à procura do passado. Ou de mulheres que somem, desaparecem, se esfumam nas ruas.

E o que dizer da linguagem, sempre esmerada, tratada com cuidado de ourives, como se cada frase surgisse após longo alisamento manual, como o fazem os artesãos de pequenas peças de barro? Dedicação de artista, de escultor, de apaixonado pela própria obra. Quem escreve com raiva, ódio, vontade de ferir, maltratar, não alcança a arte. Mas falar disso não cabe aqui, pois muito já foi dito a respeito do que seja arte.

Caio Porfírio Carneiro escreve com arte. Até quando brinca, ele brincalhão por natureza, quase menino ainda aos 80 anos. Escreve certo por linhas retas, sem parecer jornalista. Sua linguagem é clara, como se conduzisse o leitor, lado a lado, em conversa franca, por caminhos estreitos ou largos, sob sol forte ou chuva. Ou ao luar. Não quer enganar o leitor, levá-lo a atalhos que vão dar em abismos. Não se embrenha pelos cipoais ou pela caatinga. Não é um regionalista típico. Também não é discípulo cego dos antigos. Caio é Caio. Pra todo tipo de leitor.

Fortaleza, 15 de agosto de 2009.

 

 
 

 

 

 
Ana Peluso

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Tércia Montenegro