Victor Mikhailovich Vasnetsov, Rússia, 1848-1926, The Knight at the Crossroads

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Joaquim Alves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eros Grau

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Floriano Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Soares Feitosa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Álvaro Alves de Faria

 

 

 

 

 

 

 

Napoleão Maia Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cláudio Feldman

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Luiz Edmundo Alves

 

 

 

 

Valdir Rocha



 

Bloco de poemas do livro Títeres de Ninguém





CENSOR


Risque-se o óbvio,
apague-se o visível,
elimine-se o claro,
corte-se o acabado
e ponha-se tudo a queimar,
em fogo brando,
até que amoleça o sentido.

 


 



 

 

TRADUTOR

Penetro o âmago das palavras;

encontro sentidos insuspeitos

e direções que ainda não tinham.

Delas, labio o seio.

Melhoro o vinho que bebo,

como os fatos que reconto,

sem inveja, sem ciúme.

Despioro a verdade absoluta.

Faço múltipla a unicidade.

Exagero com moderação.

Coiso o nada.

Tiro para acrescentar.

 

 

 

Veja ensaio de Eduardo Ferreira

 

 

DISSIMULADOR


Quando digo eu, eu, eu,
entendam-se vários eus.
Eus ou eles,
lá ou aqui,
sempre ou jamais,
alisados ou toscos,
desenvolvo em nós o encanto neutro
de escolher
a quem me enganar.


 

 

 

 

DISTANTE


Aqui mesmo
é tão longe.
Cansa olhar
para lugar nenhum.
Há muito tempo
não me visitava.
Faço contas
sem usar número.


Lembro-me de homens
que não existiam.

 

 
 

NOMEADOR


Para identificar,
mergulho na intimidade
dos vãos.
Lá permaneço.
Ouço o desejo.
Trago-o,
liberto,
à tona:
conto, revelo.
Antes do nome,
não se é.
 

 

 

SEM-PALAVRAS


De memória,
invento histórias tão verdadeiras e cruas
que lamento não poder contar.
 

 

 

 

SONHADOR


¿Todas as coisas têm sexo
ou somente as inanimadas?

 

 

TINHOSO


Fiz-me tantos
que não me encontro.

Desde outreras,
estou em tudo.

Sei a palavra;
delicio-me em não a dizer.

 

 

Direto para a página de Valdir Rocha

 

 

 

 

 

 

10/6/2007