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Wilmar Silva

Escreva para o poeta

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  • Bio-bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andréa Santos

 

Regina Sandra Baldessin

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

Wilmar Silva


 

Cachaprego

 

e meu sangue a eiva da seiva e todoomoinhoquevem de algumvitral que me olha de longe e mais andino que meu proprioandado eue eu farejo aformiga que sangra asruas sempre a caça de verde eu mesmo doído sou cravo meu deusvaneio em ladrar asviasvaiasdasvitrenes e mais fogo que provar aaave estiolada em frente a cadela que me cvocifera e você que diz esconder milmedusasnapele sequer um halo cabeçad e medusa traz no pescoço para ficar doidivana essa vertigemaragem sem meu destino eu sem fado o que faço agora nesse cerrado que perde as árvores e se acasala ao mundo dservos e cervos que passam jutas nops lábios apenas para coloriris as dores amargas de todsos os sóis que amedrontam o raiar das alvoradas que alvo nenhum ara nem com pontacegadepunhal e mais ponho e mais pus para purgar oque visluzmbra a guelra em guizos de quem aguarda na grotagruta rodas e aros forjados que param e levam oviolado que violava agora eu translúcido em meu viço laço sou lasso e lascivo igual nóscivo que lança espinho lanço meu poema com mil lanças amais

nesse estábulo de retos e tortos sou a faísca fugidia que vemb ramir em meupapel de casa onde abroos braços e encontro esporasnos pés e mesmo quando abroosbracos e abraço onada eestico osdedos ecresem as unhas em busca de um sol em naco e nesgas de febre para adormieser oinvernoqueiberna umloboerval
umcoiotesolto umalontranapuberdade que me anoitece no seio nop ólen que étodo grude parauma noitada na calada da noite eu escuso no escuro sou o espantalho que espantava pássaros e arribados e agora sou espanto na sombra de um espantalho e mesmo que eu evaporasse em húmus as caorrentes aramadas que me armam para a próxima noite eu com um cachororo que engendra e resfolega na língua depois da arcada um rioafluenbte que exaure minha caorstaa pudenta cáeu nessa crosta sem folhaesem colcha me ardo no ardil da chácara de mil e um pavios e gemidos que roem teteatete olhoaolho gatoagato eu ocaoçador que cisma de pegar uns archotes e umas tochas para que peguem meu rastro de fumo que foge para onde espiuam meufarolete de fel

eu que tive uma palhoça para esparramar meu corpoimaginado soulevado para o farol para o sinal onde meçopeço a os olhos que só meolharm de esguelha e me deixam nalama de repente uma cara de lobo que é a minha própria cara de lobo eu que espero o cão sardento para a sarjeta de sarnas sou as juncas de vespas no
umbigo e cogumelos nos ouvidos e os pés que ardiam na vaula da neve jutados entre os dedos em crosta arrefecemsim febris e enfermos adoecidos e doidos e doídos e condoidos e condoídos pés de pedras de nhambu preto cravado de fungo efumoefumaça aoredor e adentro a vértebra de umbarulhoarulho de tremferrado
de memória e um todomilharal com balaios de milho para esta renque de aves pombos que me vaazm asaguleras na lísngua opaco e alagado mais que caobater a fome nanoitenamadrugada é que sou suçuarana e opala e afagado abvro meu zíper e deságuo meu joelho de tanto mescxlar alingua natarde de calor com águaxoca
emplásticoe poças e quie poça dearzulprofundo a feno fenece na estrrada do gogó e dizsolvias canibais na barroiga

antes a briga de galo a brida de cavalo eu que embalo e empalho meu fêmuur e minha costela emeus rins agaudos em inhas tíbiasanfíbias e maisumpercevejo só eu vejodelonge naviagem de tifo abdominal emaistifosepragas que mepregam os pregos nesse campovia de vais e vens e vaias que dobram maisainda os osos atrás de carnes que faltam que medram que soçobram para o fogo escaldante de meus lençóis freáticos com fraturasfatais e que fome sem fundo e que lanças sem alças para o alcance do sustento e espasntosusto mais árido quemamona nocalor mais tór rido e meu galo cantasse para bvifurcar meuslábaios e minhaboca fosseso rriso e osorriso risovasto maisvastoqueovasto emaism devassso que a vsastidao acesasd afonte de ondevenho vem um rio com os alfuaentestodos e todooceano onde desabridodesabriga a corrented’água vem osumosumarentodamina e vem agoraminha solmbra ficapara traás emulas que petrificam em meus passosde
meeiro que medem agora a distância o estrume e a lama que fede silvando a jaula onde dedilho meus quadrisláterios

meu destino é ser um animal felino e provocar a fagulha de olhos que me olhem antes que os olhos virem gralhas longe das folhas que folham os bicos de minhas botas que farfalham atrás de linces a cego faro olho o próprio olho da fome onde sou arrefecido no cardume do escuro e mais que a fome do mundo e mais que a
boca famélica sou vadio que ninguém olha e quando olha é só assombro e mais nada que me faça verter o azul profundo de meus olhos e mais que a fome e mais que o assombro sou espanto e sombra sou espantado e sou o espantalho na casa de lona onde sou vira-lata e meu latido fosse uma fala e minha fome tivesse uma bandeja e minha sede uma talha eu caço meu semblante na poça d’água e um fogo para afogar a sede que racha a boca onde procuro um açude piscoso na lâmpada que me enxerga de longe através de árvores as sombras de minhas pálpebras onde
moinhos de sobrancelhas arremessam eu todo calado e meu mundo mudo eu com minha lanterna presa dentro de meus olhos e dentro de minha boca uma palavra impronunciável como o amor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Wilmar Silva



Invenção caipira


|lusco-fusco|a|f
resta eu |à janelafrincha d’olhofrestado a|frecha
"miraessacasa"|eu me junco à|tapera de embira
eólico arco|íris|cor|çol só cri|cri|grilo!
mergulho ilhado nesse poço de sangue lá|
|cá dentro| o meu próprio cântaro|ferofeérico eu|imerso à carótida palh:oça|oca cimo|cume píncaro|par|e|dardo di cipoal
ocalímpido desde|sempre renhido|à videira de amargura|
|poda de tora lá cafundó triângulo|a,cerne rola|rolinha re|
boca|r a|barro e|água teia|dro di gaia di bosque i sapé
r|anca|du brejaljia|e juriti

só oi|só
c antiga di paz|arinheiro longi ubre|u |eu as|sombro sou|
tucano nesse calvá|rio,fluxo sem afluente
q! ara,g di is|pinho a|ponta do dedo i este-língue i anta di azular
azul|agro a pássaropreto
eu ergo|mel|ro de elmo à|aurora mais triste
mais céu|virgem i verdume mais devas|só:
eu só fico olho|ouvido ele|meu pai |libido, h|álito messe sere|nó
lápislíngua d’istrela i b|errância di nov|ilha i boi égua i caval|gada
alonjura |urra me bugre e foge|escapa para dentro do |ímen íbrido
égua é ânima, eu|animalávido

|eu ouriço|só ouço
cantil|iena messe madrigal|do mais endecha nessa madrugada
pa|vio i lamparina a|alumia via|láctea |líquido élinfa|
|c|aibroroliço terra ma|dura ao sol sombrio meia so|m|bra
|só i fogofátuo eupintas-silgar a f|ontid’água ic|ardumi enc|ard|ido gris|a mula sem cabeça|de azul|crina ao rabo
cristalino m|olha: esse rosto castigado de tanto ceifar
ainda esse rasto na poeira vermelha ó! bicho do mato|a grunh|ir suss|urra
esse poente de azul|néon
eu|sol|arado |cá|o arredio cavalo, sim|
árido à unha dorso i tronco i membro|lápis rijo em r|este

áspero i trans|lúcido: ao ermo só a carp|ir i si eu|corvo
dor|só|nu a fer|r|o|ar|menta erval al|rastra igual sarg|asso seca|dura
vela| lume|lá i cipó|cá lâmina re|lume terral|meu espinhaço
lavra|dio eu lavro|cotovia a|videira eu canto|via meu p|rasto
imilcobracoral
lírica de paralelepípedo ao p|asseio
cromo i q açude ó! nevral-jia esta re-presa pá|mpulha i cor|pó|ento a
passa|r|redo raro nesse atol| olho d’água cá| o rio eu perco:
vis-a-vis|mar-fim até o serro mais céu|
de sos|laio arre|medo de bote
"enseada de u|ira-m|iris

ponta di’is|tr,ela nesse inverno di mad|res|silva or|nada di algo|dão
esse len|sol di cetim enqu|anta|o lu|macho da f|alu|a incan|desc|ente
íg|neo|n: ar|zul|a|madona cabo|
cl|ave tupi|a i guará-ni| sim|mula|cro a lira
cu es|fole|ardo
cí|tara m|ee|iro cabeça i cabelo do pés|corço ao rego
algo lúbrico res|vala escor|rega es|corre i|gruda entre |dedos e unhas|
lonj|urra é amavio esta amapola de rês|pente espelha ao re|lento
cálice|em|sépala|em flor e pétala|desa-
brida papoula à noite igual vitória-régia
a l|íngua i síncope i sede lum|ee|iro i dis-pára todo ár|ido cavalo|alado

de br|ida meu trote de potro
rela|mpejo vem iforqu|ilha ventre ipélvis i|plâncton de mariposa
espesso a lume dentro da noite|letargia é meu sono de insônia
orgia|o idioma de minha língua|meu len|çol
todo-falo, vértice eu halo de wilmar silva
ária de mico|estrela a ded|ilhar is|camacho a|tarântula piscosa lasciva
res|vala an|sol a margem do ri|acha ir|dentro da noite ír|is,
é meu lábaro a mesma íris de antes, a íris de lua gritando ao|sol
cim|garra na árvore arrebentando até o ol|vido
|retina em meu c|ílho sombra eu|bicho|pau lis|anis oio diinxami
|cera imarimbondo ce|leste alvo ao penh|asco coito de coiote|

perverso eu t|colméia i viro essa laní|fera estio!a|lada arredio d’trás
:é coruja i fica cantando lá i cá, em|pé|errar no escur|r|io
som di|venta|mia f|reme i t|reme i r|ufla som de cl|aves i geme gem|ido
mais fundo|até agrimpa calcanhar-a-cabeça
esse jacu mitigando famélico|o perfumi ân|
fora i aroma di mulher colhendo semente i lis |será tamandu
|á-bandei|rente
à|lebre|vésper onde arre!feço eu libélu|l|a
eu inseto insone|insetí|fero
eu|azulpântano verde|avoengo
sou menino de esguelha no lusco-fusco a|dentro a|noite até amanhecer|

 

 

 

 

Xenia Antunes

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Maria Georgina Albuquerque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

18/3/2007