Wilmar Silva
Invenção caipira
|lusco-fusco|a|f
resta eu |à janelafrincha d’olhofrestado a|frecha
"miraessacasa"|eu me junco à|tapera de embira
eólico arco|íris|cor|çol só cri|cri|grilo!
mergulho ilhado nesse poço de sangue lá|
|cá dentro| o meu próprio cântaro|ferofeérico eu|imerso à carótida
palh:oça|oca cimo|cume píncaro|par|e|dardo di cipoal
ocalímpido desde|sempre renhido|à videira de amargura|
|poda de tora lá cafundó triângulo|a,cerne rola|rolinha re|
boca|r a|barro e|água teia|dro di gaia di bosque i sapé
r|anca|du brejaljia|e juriti
só oi|só
c antiga di paz|arinheiro longi ubre|u |eu as|sombro sou|
tucano nesse calvá|rio,fluxo sem afluente
q! ara,g di is|pinho a|ponta do dedo i este-língue i anta di azular
azul|agro a pássaropreto
eu ergo|mel|ro de elmo à|aurora mais triste
mais céu|virgem i verdume mais devas|só:
eu só fico olho|ouvido ele|meu pai |libido, h|álito messe sere|nó
lápislíngua d’istrela i b|errância di nov|ilha i boi égua i
caval|gada
alonjura |urra me bugre e foge|escapa para dentro do |ímen íbrido
égua é ânima, eu|animalávido
|eu ouriço|só ouço
cantil|iena messe madrigal|do mais endecha nessa madrugada
pa|vio i lamparina a|alumia via|láctea |líquido élinfa|
|c|aibroroliço terra ma|dura ao sol sombrio meia so|m|bra
|só i fogofátuo eupintas-silgar a f|ontid’água ic|ardumi enc|ard|ido
gris|a mula sem cabeça|de azul|crina ao rabo
cristalino m|olha: esse rosto castigado de tanto ceifar
ainda esse rasto na poeira vermelha ó! bicho do mato|a grunh|ir
suss|urra
esse poente de azul|néon
eu|sol|arado |cá|o arredio cavalo, sim|
árido à unha dorso i tronco i membro|lápis rijo em r|este
áspero i trans|lúcido: ao ermo só a carp|ir i si eu|corvo
dor|só|nu a fer|r|o|ar|menta erval al|rastra igual sarg|asso
seca|dura
vela| lume|lá i cipó|cá lâmina re|lume terral|meu espinhaço
lavra|dio eu lavro|cotovia a|videira eu canto|via meu p|rasto
imilcobracoral
lírica de paralelepípedo ao p|asseio
cromo i q açude ó! nevral-jia esta re-presa pá|mpulha i cor|pó|ento
a
passa|r|redo raro nesse atol| olho d’água cá| o rio eu perco:
vis-a-vis|mar-fim até o serro mais céu|
de sos|laio arre|medo de bote
"enseada de u|ira-m|iris
ponta di’is|tr,ela nesse inverno di mad|res|silva or|nada di
algo|dão
esse len|sol di cetim enqu|anta|o lu|macho da f|alu|a
incan|desc|ente
íg|neo|n: ar|zul|a|madona cabo|
cl|ave tupi|a i guará-ni| sim|mula|cro a lira
cu es|fole|ardo
cí|tara m|ee|iro cabeça i cabelo do pés|corço ao rego
algo lúbrico res|vala escor|rega es|corre i|gruda entre |dedos e
unhas|
lonj|urra é amavio esta amapola de rês|pente espelha ao re|lento
cálice|em|sépala|em flor e pétala|desa-
brida papoula à noite igual vitória-régia
a l|íngua i síncope i sede lum|ee|iro i dis-pára todo ár|ido
cavalo|alado
de br|ida meu trote de potro
rela|mpejo vem iforqu|ilha ventre ipélvis i|plâncton de mariposa
espesso a lume dentro da noite|letargia é meu sono de insônia
orgia|o idioma de minha língua|meu len|çol
todo-falo, vértice eu halo de wilmar silva
ária de mico|estrela a ded|ilhar is|camacho a|tarântula piscosa
lasciva
res|vala an|sol a margem do ri|acha ir|dentro da noite ír|is,
é meu lábaro a mesma íris de antes, a íris de lua gritando ao|sol
cim|garra na árvore arrebentando até o ol|vido
|retina em meu c|ílho sombra eu|bicho|pau lis|anis oio diinxami
|cera imarimbondo ce|leste alvo ao penh|asco coito de coiote|
perverso eu t|colméia i viro essa laní|fera estio!a|lada arredio d’trás
:é coruja i fica cantando lá i cá, em|pé|errar no escur|r|io
som di|venta|mia f|reme i t|reme i r|ufla som de cl|aves i geme
gem|ido
mais fundo|até agrimpa calcanhar-a-cabeça
esse jacu mitigando famélico|o perfumi ân|
fora i aroma di mulher colhendo semente i lis |será tamandu
|á-bandei|rente
à|lebre|vésper onde arre!feço eu libélu|l|a
eu inseto insone|insetí|fero
eu|azulpântano verde|avoengo
sou menino de esguelha no lusco-fusco a|dentro a|noite até
amanhecer|
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