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Ieda Estergilda

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Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Contos:


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Ieda Estergilda



O instante me capta


estou sem apoio sobre rodas
o sol e a estrada testemunham o vazio
meus perigos e os perigos do mundo.
Ousei olhar de quem vê água e lama, claridade
o fundo
quis amar a ausência sem sofrer
desejos se localizando macios
percorrendo caminhos de sangue e sumos
finalizando em suspiros.

Estou em perigo sobre nuvens
prestes ao abismo
novamente o vazio me mostra o pleno.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Ieda Estergilda



Aqui com a alma das tardes


sol e céu, píncaros, solidões.
Aqui o Taj Mahal, Paul Horn solando em flauta
no átrio do mundo.
Aqui constróem no passo dos dias
no vagar das nuvens
batem estacas, escavam o chão onde pisam.
Aqui em silêncio com todos os sons.
 

 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre

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José Nêumanne Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

Ieda Estergilda



Voltando de João Pessoa


Nessa viagem, quero o verde que tiver
verde claro verde escuro verde musgo
verde molhado de orvalho, amarelo de sol
e por cima, o azul do céu da terra.
Quero ainda todo o vento
o das cidades, das direções, das velocidades
vento livre espaço ar.
Quero as margens, moro em todas as casas de beira de estrada
me banho em todos os riachos, me perco no capinzal
viro pé de capim.
 

 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Aleilton Fonseca

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Ieda Estergilda



Tietê


No caldo grosso do rio
derramei lágrimas de tristeza e mágoa
pela águas urbanas, paulistanas, devastadas.

Ontem peixes e barcos, hoje leito fedido
na capital
esse rio vive além da lama
dos cadáveres encalhados
dos esgotos que desembocam nele
esse rio em que acredito
pois salvar é coisa dos homens
mesmo que tarde.

Um rio
é uma beleza, um ser
o Tietê é uma beleza ferida
uma ferida que brilha
 

 

 

 

Octavio Paz, Nobel

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Francisco Carvalho

 

 

 

17/11/2005