Alceu Wamosy
Duas almas
Ó tu que vens de longe, ó tu, que
vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear,
lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol
dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão
sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
WAMOSY, Alceu. Poesia
completa.
Alves Ed.: IEL: EDIPUCRS, 1994.
p.143
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