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Alcina Maria Silva Azevedo


 

Paixão


A paixão sabe quando vem,
Mas não manda aviso.
Parte de mansinho,
sem querer e sem ser preciso.
Deixa-nos atônitos, sem saber explicar
O que aconteceu???
Chegou... Vibrou... Floriu...
E sumiu...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rubens, Julgamento de Paris

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

Porto dos sonhos


Se ter um Porto para sonhar
E flutuar em nuvens de algodão
Sentir-se plena, encontrar você.
Ouvir a música do nosso coração.


Vivermos lá com outros sonhadores
Longe da desgraça deste mundo!
Esquecer da vida!
Não sentir dores
Sonhar em um sono bem profundo.


Este seria um Porto diferente
Apenas com chegada e sem partida
Pois viver em um Porto assim
Jamais haveria despedida.
Seria um Porto só de festa!
Com pessoas lindas !
Se entendendo com a voz do coração.
Vivendo todas com muita liberdade
No abandono do amor e sem sentir saudade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

Meu Rio de Janeiro


Com teu mar, com teu sol, com sua brisa a roçar
O meu corpo que fala mais alto ao te ver
Coração que bate mais forte , e fica a cantar
De ti gosto tanto, me sinto renascer !


Um Cristo enorme ostentas no alto
Derramando os mistérios em teu mar incauto
Tua água que cura levando em assaltos
As tristezas da vida, tú cantas mais alto !


O samba entoando no morro e na aurora
Onde o pobre não chora por ter que morar
Meu querido Rio, a alegria em ti mora!
E depreende nas mentes o teu doce olhar...


Quando em ti eu penso
Mais quero viver
Viver pra te ver
E nunca morrer !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

Presságio


Todas as vezes que aquela roupa você vestia
Algo dentro de mim estremecia ...
Uma coisa ruim !
Sentimento estranho !
-Amor, tire essa roupa! eu pedia
-Bobagem...você respondia
Mas correndo obedecia.


E foi naquele sábado fatídico !
Dia este que jamais eu deveria ter vivido!
Que veio a MORTE !
Levando você.
E com aquela mesma roupa
Encontrava-se vestido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

Distância


A distância que nos separa
É uma distância fingida
E que nada nesta vida
Conseguiu separar.


São duas almas amantes
Que buscam um instante
Para poder se encontrar.


Distância sentida
Mas nunca entendida
Quando vejo você.


Seus olhos a brilhar diferente
Trazendo a magia
Feliz por me ver.


Quando de mim você se aproxima
Me envolve em amor
Sinto tanto prazer
E da vida o sabor!


Mas fingimos distância...
Pois é um amor proibido.
Que o tempo não quis
Ainda nos dar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

O vento e o tempo


O meu lamento caminha com o vento
Levando o torpe Deus da desventura
Traga-nos força através do tempo!
Traga-nos luz e amizade pura!
Leve o meu pranto !
Leve a nossa dor!
Daí-nos coragem!
E um doce amor!
Leve as misérias desse povo forte!
Leve os tormentos!Leve a própria morte!
Leve as desgraças! O desamor!
Não deixe mais ninguém morrer de dor


O vento geme... e se afasta com amargura
Ouvidando os gestos dessa noite dura
Mas segue adentro a levar no tempo
Toda mensagem, todo o meu lamento.


E a voz do tempo responde em doce vida:


Terás os júbilos da missão cumprida !!!


(Este poema é uma súplica à Deus PARA TRAZER NO TEMPO A JUSTIÇA.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

Alcina Maria Silva Azevedo


 

Masoquismo


VOCÊ É MAL
IRÔNICO
ARDILOSO E
SÁDICO.


E EU NÃO SEI POR QUE TE AMO?
O AMOR É BURRO
NÃO RACIOCINA
É TRAIÇOEIRO
E GOSTA DE MALTRATAR.


É SINAL QUE SOU MASOQUISTA
OU ESTOU PRESA NESSA SUA
CONQUISTA
E NESSE SOFRER.
ESQUECER, COMO POSSO?
SE A CADA DIA MAIS ME ENROSCO
NESSE AMOR TRAIÇOEIRO!


ESQUECER PRÁ QUE?
SE GOSTO TANTO DE VOCÊ !

 

 

 

 

 

 

14.10.2005