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Antônio Nogueira Xavier Neto

 

antonionxn02@yahoo.com.br

Thomas Colle,  The Return, 1837
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


 

Crítica, ensaio, resenha e comentário:

 


Fortuna crítica:

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Uma notícia do poeta: 

Antônio Nogueira Xavier Neto nasceu aos vinte e sete de novembro de 1985, no município de Russas, Vale do Jaguaribe, interior do Ceará, numa família humilde. Hoje (set/2007), estudante do sétimo período do curso de Pedagogia, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM, unidade da Universidade Estadual do Ceará – UECE, em Limoeiro do Norte – CE, o poeta é presidente do Centro Acadêmico de seu curso, além de bolsista de Iniciação Científica da FUNCAP-UECE, junto ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) que trabalha a formação de educadores para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST. Participou de vários Encontros de pesquisa, destaquem-se o I Encontro Estadual de Educação Popular , em que  apresentou o trabalho intitulado: Educação ambiental: um olhar crítico sobre o agronegócio na região do Vale do Jaguaribe; II Encontro Regional Trabalho, Educação e Formação Humana, organizado pelo IMO (Instituto do Movimento Operário), em que apresentou o artigo Perspectivas curriculares: ideologia e poder na prática docente e outros. O autor tem de sua lembrança como iniciação no gosto pela poesia a leitura de A Barcarola, de Pablo Neruda. É apaixonado também pela poesia de Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa, Affonso Romano de Sant’Anna, os cearenses: Francisco Carvalho, Luciano Maia, Sânzio de Azevedo, Virgílio Maia; Goethe, Schiller, Proust, Gorg Trakl e tantos outros. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

 

Antônio Nogueira Xavier Neto

 

 


 

 

Na Aurora

 

Seres humanos se emaranham

no desfiar dos dias.

Meninos pensam a eternidade

no amanhecer.

Esta grafia insinua reflexões, espantos.

Neste tecer da existência sonho sustos

diante da humanidade.

Todo o holocausto da vida

me aflige na aurora.

Que raios rutilantes!

Este caos humano

embaça minha visão,

já tão cansada.

 

 

 

Mundo retrato

 

O tempo congelado

Como que para o infinito

Em matéria finita.

Eternas alegrias

Ou eternas tristezas.

Num pedaço de papel

O martírio

Pois rever

É reviver

Um momento (in) desejável.

Neste pedaço de papel

Em que já se insinua

A cor da velhice

Minhas emoções são eternas.

Neste pedaço de papel,

Evidência de sonhos

Em que sou eterno

Repousa parte de meu ser.

Este mundo retrato

Sou eu em pedaços.

 

 

 

 

 

Casa de taipa

 

Ser de barro e madeira,

Frágil estrutura,

Débil abrigo,

Contra a chuva,

A invasão e o sertão.

Junto ao barro da estrutura

Poeira de conversas não concluídas

E a marca indelével

Do sofrimento

De uma família sertaneja.

Casa de taipa,

Sertão,

Sertanejo,

Deus?

 

 

 

Letargia urbana

 

A cidade dorme.

Chuva de sonhos

Banha a noite.

Pálidos postes

Prateiam a existência humana.

Ao longe

Som de músicas –

Paliativas de frustrações.

 Vagos pensamentos

Ferem a mente de um bêbado.

E uma criança dorme

Ao embalo

Da letargia urbana.

 

 

 

 

À noite

 

É a noite

Quando nasce a escuridão

Que a solidão se intumesce.

Meus medos

Agigantam-se.

Construo imagens

De mulheres carinhosas

No vapor

Exalado pelo café

Que me alerta

Para a existência.

Reluto ao sono

E reluto a tristeza.

À noite

Meu ser não compreende a vida.

 

 

 

A tenaz poesia

 

Os dias escorrem no tecer da existência.

Pessoas, prédios, dores,

O tudo e o nada

Pousam nesta janela de reflexos.

Romances se ensejam

No pulsar dos instintos.

Saudades e remorsos enfeitam domingos.

Madrugadas oferecem paliativos.

Mães zelosas orquestram canções de ninar.

Mendigos encenam uma comédia sem graça.

Borboletas adejam suas asas sem preocupação.

E mais uma poesia se fez no espanto da vida.

 

 

Na infância

 

Na infância

Eu conseguia ver

A rutilância no olhar das pessoas.

Por que hoje não vejo?

Terei eu cegado?

 

 

 

Ampulheta imóvel

 

O tempo condensado a um momento.

Domingos enormes,

Vida inerte.

O orvalho agoniza

Pela manhã que já fenece.

Poucos amigos se desabrocham e

Poucas conversas são fiadas.

Esboço um pequeno diálogo

Com compêndios enfadados.

A angústia é chuva de meus domingos.

Teço conversas vespertinas com meu ser interior.

E imagino a existência

Longe deste dia

Em que o tempo

É ampulheta imóvel.

 

 
 
 

 

Micheliny Verunschk

 

Ana Cristina Souto

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

Antônio Nogueira Xavier Neto

 

 


Sent: Saturday, July 07, 2007 6:46 PM
Subject: Agradecimentos

 

Poeta Soares Feitosa,

 

Recebi com extremo contentamento o JP impresso. Grato!

Muito tocante as sementes de imburana, me renderam a meus tempos de infância no sertão mais sertão ainda: gado, aboios de meu pai, café com pão-de-milho, leite mugido, galinhas, capotes, conversas sérias e de trancoso à porteira do cercado, minha mãe iluminada cheia de trabalho, canto de cabeça-fita à tardinha, carneiros e cabras, caçadas de baladeira e desejados medos de assombração e bahos de açude pela manhã! Tanta coisa, Poeta, que isso me trouxe! Quanta saudade!

Lindo todo o material do JP impresso. Já o freqüento na web.

Antônio

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

 

Maria Maia

 

 

 

30.9.2007