Celso Brito
Tempos
Eu sempre soube da verdade em teus olhos.
O que eles me disseram mantive guardado,
fora do alcance das conversas.
Havia um tempo em que a despedida
principiava um outro encontro,
escondido dos olhos e das conversas.
Havia um tempo com um doce cheiro no ar
de todos os perfumes.
Uma busca constante do olhar,
um gosto a mais nas coisas...
Era batom!
E era depois a pele,
o deslizar dos cabelos,
o afago das mãos...
A casa cheia de nossas conversas,
dos modos, das esperas e demoras.
Uma vida em tantos acordar!
Era por fim um outro olhar,
sem mais as mesmas verdades
(embora nunca mentiras).
Mas sem as mesmas respostas.
Outras vozes falam no nosso silêncio.
Mudamos os rumos,
os olhares,
o sentido da conversa.
Celso Brito
Saquarema, abril de 2005
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