Emílio Moura
Calmaria
Água estagnada
nuvem parada,
folha perdida,
pássaro de asa
partida.
Ó vento que morreis,
de leve, de leve,
despertai!
Luz que se apaga,
sombra diluída,
névoa que vaga,
voz que se cala,
ferida.
Ó voz que adormeceis
de manso, de manso,
gritai, gritai!
Tímida esperança,
pálido desejo:
a tarde tão mansa,
tão lânguida a noite
que vem.
Ó alma náufraga,
como tudo o mais:
desesperai!
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