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Geraldo Sebastião de Vasconcelos

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 

 

 

Raquel Naveira

 

Maria Maia

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

Geraldo Sebastião de Vasconcelos*


 

 

Réquiem para Gerardo

 

 

Dixit Poeta: “Há uma raça dos homens/ e uma raça dos deuses/ e a raça dos que tocam/ pelos bosques dos homens/ a música dos deuses” (in O País dos Mourões, 1963); e disse Tristão de Athayde que a música é a poesia do som, e a poesia é a música da palavra. GERARDO MELLOGerardo Mello Mourão MOURÃO, católico e cearense há mais de quatro séculos, da tribo dos Mellos e Mourões da Serra de Ibiapaba, era da raça daqueles poucos que sabiam transubstanciar o som da música dos deuses na palavra cantada da poesia escrita dos homens de todas as raças.

Às 3h45 desta sexta-feira (9.3.2007), no Rio de Janeiro de São Sebastião, em silêncio, a morte alcançou o corpo grave do poeta. Requiescat in pace. Aos 90 anos de idade, tendo composto a epopéia das Américas (na trilogia O País dos Mourões e o épico Invenção do Mar), galgara a altura da glória – ainda em vida – acima do sucesso – que só a morte trará – de cantou o Brasil como nunca dantes; contando sua história na história do Ceará Grande e da sua gente, reinventando, no ritmo vertebral do metro grego e latino dos hexâmetros e pentâmetros, em Língua Portuguesa, a poesia de Dante, a poesia de Virgílio e a poesia de Homero, aprendida da voz dos caboclos cantadores da feira de Ipueiras com suas sextilhas de sete sílabas, mourões de oito pés em quadrão e galopes-à-beira-mar endecassílabos.

Quando moço, abandonando o seminário redentorista holandês, ingressou na política, onde aprendeu o ofício do jornalismo e arte safar-se das contínuas perseguições (preso dezoito vezes por três ditaduras, condenado a trinta anos de prisão e à pena capital). Aprimorou a vocação natural para letras, afinal poeta nascitur, ao longo de uma odisséia por cinco continentes que o levou do Esteiro de Magalhães ao Estreito de Gibraltar, passando pela Terra do Fogo, Viña del Mar, todo o Brasil desfraldado pelos Bandeirantes, os Estados Unidos, a China, Macau, o Oriente, a Grécia e toda a Europa continental e insular. Rilke dizia que para escrever, o poeta devia antes viajar; o nosso Poeta escreveu por suas viagens para que pudéssemos viajar por sua poesia às distâncias a que hoje chegamos com Caminha, com Camões e com Pessoa, Gerardo nos (e)levou à Eternidade: se os portugueses inventaram o Mar do mundo e o mar inventou o Brasil do Novo Mundo, como dizia Capistrano de Abreu, nosso Gerardo Mello Mourão é uma invenção do Brasil para sempre.

Sem ele, ficamos nós como que órfãos de um pai, o Mundo, mais pobre de um gênio, e eu, além disso, perco um mestre de quem fui discípulo. Requiem aeternam dona eis, Domine.

 


*Geraldo Sebastião de Vasconcelos é (2007) estudante da Faculdade de Direito do Recife.


Direto para a página de Gerardo

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

 

 

Geraldo Sebastião de Vasconcelos


 

ELEGIA DE JANEIRO

 


"Ego dilecto meo,
et ad me appetitus eius"

(in Nova Vulgata, Ct VII,11)

 


Através do sonho Eras distante
eu, Poeta, era sozinho
através do sonho que era vida
que era noite e pesadelo
   crepitante
eu, Poeta, era sozinho.

 

Através da vida era sozinho
cega a luz da minha alma era
tateante pela noite toda errante
enquanto meus olhos desejavam
   escuridão
eu, Poeta, era sozinho.

 

Através da noite era sozinho
perdida ovelha muda desgarrada
perdido beija-flor desconsolado
entre espinhos sondando Tua rosa
   magnífica
eu, Poeta, era sozinho.

 

Através do pesadelo era sozinho
minhas mãos contra minhas mãos se apertavam
o silêncio no peito insuportável
queimava empedernido enquanto eu
   era sozinho
eu, Poeta, era sozinho.

 

Atravessados os eclipses então
Tu eras comigo que já não era sozinho
eu, Poeta, de mim mesmo era cativo
até render-me a Ti e clamar Teu nome
até lavar-Te os pés e perfuma-los
até beijar-Te como beijam beija-flores
abraçado por Teus braços tão serenos
enquanto sonho sonhos ao Teu lado.

 


Recife-PE, 28.Jan.2007

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

Geraldo Sebastião de Vasconcelos


Sent: Sunday, April 16, 2006 12:41 AM
Subject: sobre o poema "Architectura"

 
permita-me duas palavras;
com toda licença de Hölderlin,
Rilke e Heine, pois poucas vezes
vi da poesia sublimar-se beleza
e delicadeza em forma de poema
tão lírico e amoroso e humano;
como dixit: só os pássaros...
 
Forte abraço,
Geraldo Vasconcelos.


Clique e acesse o texto Architectura

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

 

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15.09.2023