Architectura
Um dia, Ela Os tijolos, eu os amassarei com os meus pés.
Às telhas —
Ela as alisará longamente —
Fortaleza, manhã de 19.11.1998
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Este, o 7º capítulo de Poética, um livro vivo, aberto, gratuito,
participado e participativo, cheio de comentários que, a rigor — esta,
a proposta —, os comentários, mais importantes que o texto comentado:
abrir o debate, uma multivisão.
— Livro vivo, como assim? — Porque em permanente movimento, espaço aberto a quem chegar, tão amplo como o espaço àqueles que aqui estão desde os séculos, todos em absoluta ordem alfabética. Seja bem-vindo! POÉTICA: Capa, prefácio e índice poemas e poetas comentaristas
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Comentários: ALEXANDRE PALERMO RAMOS: (Um dia, Ela desenhará em chãos longínquos a nossa casa) Jú, eu achei magnífico a forma que ele dedica o poema a ela, lembrei da carta à minha noiva. Olha que forma mais poética de dizer que ele será apenas um servidor aos desejos da amada (Ela desenhará no chão) a ele não cabe nem interpretar uma planta, ela dará forma efetiva à casa (desenhando-a no chão). Isso para mim também tem o significado que ela definirá os alicerces de suas vidas. Não bastando isso, ele desfecha o verso, com (que eu farei com essas mãos), ele agora construirá com as próprias mãos a casa, dependerá das mãos dele, do trabalho dele – a sobrevivência!.. e o abrigo do casal. Adiante, ele define que os materiais, e o que todos comprariam: ele fará. Com os pés no barro, um contato primitivo com a natureza, com a terra (para mim significa a harmonia com o universo, a comunhão a paz de espírito). Aí vem um verso lindo, Às telhas – Hei de aprontar com o barro mais macio. Para o telhado, aquele que os abrigará do sol árduo, das tempestades, do sereno frio da noite; ele tem o cuidado de preparar com o barro mais macio. É o compromisso de cuidar e acariciar, proteger com zelo. As formas serão por mim, uma a uma, completadas. Agora sim ele preocupa-se em dar forma, em criar, diferente do alicerce e da forma da casa, onde ela as define; agora ele definirá e moldará as telhas, uma a uma; a proteção, a segurança, o cuidar cabe a ele, e com o barro mais macio. Ela as alisará longamente – seus dedos molhados de em profundo silêncio: A ela, cabe alisar as telhas, acariciá-lo. Sem contar que dedos molhados tem também sentido de masturbação, de satisfação sexual. Em profundo silêncio... só o mais puro amor curte-se em silêncio... sente-se! Só os pássaros (deixou-me com a imensa vontade, também, de construir meu ninho). .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. BEATRIZ FERNANDES: Quanto à Architectura... Ah! Architectura… Já o tinha lido, não uma, mas várias vezes... O que interessa, a forma, o ritmo, a estrutura da frase… O delicioso sentido da construção do ninho, como aparece nos comentários que eu li? O mais importante é o sentimento que ele desperta além do ninho… A sensualidade do amassar do barro... A excitação do alisar as telhas… Diz-me, ó Poeta!!! Como uma simples mortal pode descrever com palavras estas sensações? .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. CARLA PEREIRA: Um dia desenharei essa casa feita apenas à nossa medida, a casa que ele construirá com as suas mãos e eu com as minhas mãos hei-de ao fim do dia acarinhar as suas mãos cansadas. Carla .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
CARMEN BELTRÃO: Ar, o ar presente em seu poema a paisagem que não é
pequena não é fundo, não é tema apenas desenha em cores mansas o silencioso
encontro .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. DANILO V. B. SILVA: Usando as palavras de forma “arquitetônica” construíste um Templo à POESIA, cuja forma foi desenhada por Ela e Tu; como mestre, atijolaste as paredes, com tijolos por ti amassados, com o mesmo carinho que um amassador de uvas o tem no preparo de um fino vinho; subindo-as até a cumieira que cobriste com telhas por ti formadas e, por delicadas mãos, alisadas com ternura. Verdadeiro Templo ao Amor, a duas mãos. O Silêncio é para a meditação. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. EDNA MENEZES: Soares, esse poema Architectura, parece-me uma emanação mágica que “deambula” entre o branco e o incolor, entre o silêncio e a falta de som, entre a lágrima e a dor. É a construção de um ser em suspense, eternidade de palavra que pensa ser concreto. E como diria Manoel de Barros “pelas palavras posso ver o quanto é branco o silêncio do orvalho”. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. EDUARDO DIATAHY: O que me encanta é essa loucura da cinestesia criada pelas imagens, que só a língua do poeta é capaz de criar. Por isso ele é perigoso e merece ser perseguido pelos poderosos do momento: ele anuncia mundos virtuais que, no entanto, existem em nossa sensibilidade. Vate, vade-rectro! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ELOÍ ELIZABET BOCHECO: Que surprise bonita! Um poema escrito em 19.11.98! Gosto tanto dessa ordem sintática que você usa e que dá um toque de beleza e força ao dito. “Os tijolos, eu os amassarei com os meus pés”. Também em “hei de aprontar o barro mais macio” – “hei de aprontar” é quase um repouso. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ELIUDE VIANA: Architectura ou “Gênesis”, Poeta? Pois não haveria melhor resumo à primeira parte da literatura bíblica, Profeta, que esse teu poema. Porque nele, além da presença, quase palpável, do amor, que não foi explicitado no livro da criação, ainda teríamos o resgate da figura da mulher-protagonista-cúmplice, alijada (pois “culpada”) no relato da construção do mundo primeiro. Teu louvor sensual ao companheirismo enternece. E nos enobrece, a nós, mulheres. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. EMÍLIO BURLAMAQUI: Caro poeta SF: Em mãos os poemas Habitação e Architectura, ambos do mais assinalado valor. A Sra. Fabião, em transatlânticas observações, disse tudo. Ela mesma poeta — sua prosa plena de iluminuras. E oleira, posto que sabe que barro se alisa com os dedos molhados. Depois da lusitana Maria Alice, pouco me restaria a comentar. Como ela, fiquei pasmo com o magnífico “só os pássaros”! A beleza foi a moradora primeira das duas vivendas. O encontro de dedos (desta vez feito sobre o oceano), Michelangelo chegou a esboçar na Capela Sistina. Mas lá, não chegaram a se tocar — jamais o farão. Parabéns, Poeta grande; cumprimentos à Sra. Fabião e o abraço do Emílio Burlamaqui. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. GERALDO SEBASTIÃO VASCONCELOS: Poeta, permita-me duas palavras, com toda licença de Hölderlin, Rilke e Heine, pois poucas vezes vi da poesia sublimar-se beleza e delicadeza em forma de poema tão lírico e amoroso e humano; como dixit: só os pássaros... Forte abraço, Geraldo Vasconcelos. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. HELDER VENTURA: Poética na arquitectura diz-se uma realidade espacial que pela sua proporção, harmonia e funcionalidade, potencia uma das mais clarividentes e reveladoras experiências que nós humanos podemos viver. A poética arquitectônica assentará no desprendimento e na capacidade de abstração, mas também na interpretação do que se procura materializar como espaço, na modelação e controle da luz, no “assentamento” na paisagem e na convergência dos tempos de acção, esta última talvez a condição mais difícil de obter... No entanto, lê poesia apenas quem a procura... A terra, a transcendência do Amor, a necessidade de (ar)riscar, o sonho, a transformação, são tudo matéria do espaço arquitectônico. Obrigado por me ter provocado esta leitura esquecida da minha profissão. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JOÃO GOMES MOREIRA: Parabéns pela beleza, concisão, progressão rítmica: uma obra de Arte! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JOSÉ NÊUMANNE PINTO: Architectura é de um lirismo rasgado, aberto, sem vergonha. Melhor dizendo, sem vergonhas. É de um lirismo que canta, fingindo contar. Mas é também de um lirismo que dói. Ele faz que cura, mas, na verdade, fere, e fere fundo, a paisagem cinzenta deste nosso mundo sem amor e sem humor, o mundo da globalização que desemprega e do mercado que nos vende tudo, em troca de nossa mera alma impura. Architectura é de um lirismo agoniado, fora de moda. De um lirismo também cruel. Porque dá inveja, muita inveja, não saber construir um poema assim, não poder construir um poema assim, não construir um poema assim. O poeta-architecto é um fazedor, e “faze” tão completamente, que “faze” o amor que deveras sente. Vai ser inspirado assim lá em Pau Grande, no Raiz da Serra, ô meu vaqueiro. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JÚLIO RODRIGUES CORREIA: Acabo de ler Architectura. Primoroso em todos os sentidos. Parido de uma mente alcandoradamente privilegiada, de um poeta que sabe verdadeiramente versejar castiço. Poeta, se você não produzisse mais nada depois desse poema, todos nós compreenderíamos. Só este poema basta para colocá-lo como um dos grandes poetas deste Brasil. Parabéns, poeta. Do Julio Correia .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. LINDAIR ARAÚJO: Francisco, desculpe a forma rude e pouco poética, mas, Architectura é uma paulada... Não tive outra coisa a fazer senão me debulhar em lágrimas... Aliás, este não é meu estilo... Mas não deu para fazer de outro jeito, tive que chorar mesmo! Já pensou? Eu, uma coroa, uma profissional experiente... Todos esses rotulozinhos que a gente acumula pela vida afora (a propósito, tenho 27 anos de psi) absolutamente desmanchada! Mas, devo lhe dizer que ler sua poesia valeu muito mais que todas as sessões de análise que pudesse ter. A propósito, você me autoriza a imprimi-la e enviá-la para algumas pessoas amigas? Bom, muitas coisas ainda poderia dizer, mas prefiro me recolher e ouvir somente os pássaros... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. LUIZ PAULO SANTANA: Francisco, rejubilo-me por você, com tão belas e profundas manifestações. Superam a poesia que é a sua fagulha, o ritual do desprendimento, o rito que embala o voo. Helder Ventura é perfeito ao metaforizar Architectura: um poema cuja “moradias”, uma doce e bem aventurada paz de espírito. E, com justiça, Elídia se derrama em poesia. Insuportável. Porque não é para suportar. É para se deixar levar na torrente. Como esquecer? Jamais! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. LUSTOSA DA COSTA: Sua poética é muito maior do que pensa e do que pensam os contemporâneos. É o que me ocorre dizer ao ler Architectura e reler Thiago. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
MARIA ALICE VILA FABIÃO: Quase escultura... Acha que posso achar lindo,
mesmo assim? Você, às vezes, escreve versos tão belos que magoam! Como posso não
achar lindo? O culminar nessa terceira estrofe!... Sufoca. Não importa que as
“leónidas” não tenham chovido como se sonhara, nem que SF estivesse por ali meio
bobo, ou que a manhã de 19 ainda não tivesse chegado: afinal não só não está
incapaz de escrever um único verso como escreve versos como estes! Que me deixariam,
também a mim, em profundo silêncio, não fora ter esse lugar “reservado para a sua
opinião”... É belo. Não se admire do aparente laconismo da minha reacção à surpresa
com que deparei no endereço que me deu. Subitamente, fiquei confusa, devo confessar.
Demasiadas ideias ao mesmo tempo, e os olhos a caírem-me, sem explicação na data:
não, não era um poema que eu ainda não conhecia, mas sim um, acabado de fazer,
quase no minuto; mais: que, para dizer a verdade, só iria ser escrito dali a
algumas horas, já que o dia 19 ainda era futuro. Arquitectura — escrevemos nós —
não é o mesmo que escultura, mas no poema era, pelo menos para mim. Por quê? Se
tivesse conseguido desenredar todos os sentimentos, todos os pensamentos que nada
deviam ao raciocínio frio, eu teria conseguido escrever muito e muito mais. Assim
fiquei-me pela reacção instintiva: dizer-lhe que o achava belo, como continuo a
achar. É um poema (recuso-me a chamar-lhe poemeto, como a outros que assim
classifica) contido, tão completo e perfeito em si mesmo como a mais ínfima,
mas perfeita, das moléculas de que podem nascer mundos – porque em si os contém,
já. Desde o primeiro instante, no aturdimento provocado pela surpresa inicial, o
meu cérebro estabeleceu, instintivamente, uma conexão natural, em que a palavra
fundamental estava lá, perturbante, quase aparentemente deslocada, inexplicável,
no final do poema: pássaros. Em tempos, entre as muitas traduções feitas, houve o
caso de uma pequena enciclopédia de animais, para crianças. Foi uma época de
pesquisar a vida dos animais na natureza, um deslumbramento de descobertas que
não mais iria esquecer. Entre eles, sobressaía um pássaro: o jardineiro..., cujo
nome completo não consigo recordar. Mais tarde, conheci-o pessoalmente, num
programa de televisão. Nem sei se será brasileiro. Não tinha a plumagem das
aves-do-paraíso, nem qualquer outra característica que o tornasse particularmente
atraente aos olhos dos humanos. No entanto, para mim, ele ficou um símbolo,
para todo o sempre (Como gostava de me lembrar do nome completo, porque também
ele significativo... Vou chamá-lo apenas jardineiro). Na época de cortejar a
amada, o jardineiro não tomava nenhuma das atitudes, por vezes ridículas, por
vezes de uma graciosidade maravilhosa, que os seus confrades tomam para conquistar
a companheira da época ou da vida. Em vez disso, limitava-se a fazer o ninho,
mas a fazê-lo com todo o rigor, com o maior dos cuidados. Era um ninho feito no
chão, quase uma casa, à frente da qual estendia o seu jardim. E não era qualquer
flor que lhe servia: o jardineiro punha requintes de bom gosto na obra que queria
oferecer à sua amada: só pétalas de flores azuis, nada de outras cores, que
tornariam a sua obra vulgar. Pétalas, vidrinhos, tudo quanto fosse azul...
(Não era azul a flor da felicidade, para Novalis? Quem sabe se ele não encarnaria
a alma do poeta, na sua procura de felicidade?) Poeta ele era, o jardineiro.
Arrumava, voltava a arrumar, mudava as coisas de sítio, escolhia os melhores
ângulos... Ficava-se a olhar, a estudar efeitos... Mais do que todos, ele sabia
do verdadeiro amor. O seu poema? A parada nupcial é, nos pássaros, como muito
bem sabe, sobretudo, um complexo conjunto de gestos e comportamentos, entre os
quais, fundamental, sobressai a construção do ninho. “Só os pássaros”. SF, o
seu poema é extremamente perturbador, além de belo. Você põe o mesmo requinte
do jardineiro na construção da sua oferenda a "Ela". O trabalho - seu: as mãos,
que, tal como na escultura, representam o contacto directo, sobressaem,
poderosas... O cumprimento dos rituais nos mais ínfimos pormenores, ali: o
começar por amassar os tijolos com os próprios pés Não compra, não procura:
faz, amassando, no gesto fundamental, o barro-terra, com os pés (gesto simples,
do homem também da terra), para o transformar nos elementos fundamentais da sua
oferenda. Para as telhas - o culminar da sua obra - guarda o barro mais macio...
Quantos mais pormenores? As formas, uma a uma, apenas completadas pelo poeta -
que a Ela o desenho, a escolha da oferenda que espera receber: a casa, símbolo
de união e intimidade - quando "só nossa". "Ela as alisará longamente" - alisar...
longamente... O gesto de aceitação, de colaboração, naquele ritual de
acasalamento... O coração ficou-me, no fim, naquele verso: "seus dedos molhados
de um profundo silêncio:" Que outro verso podia estar ali? Você, SF, sabe do que
fala, da arte do ritual de construir, com as suas próprias mão: o alisar o barro,
exige as mãos molhadas — o ritual do amor partilhado, mais puro no silêncio
profundo. Palavras para quê? "Só os pássaros." Sei que não consegui desembaraçar
a confusão de pensamentos suscitados pelo seu poema. Só sei que,
inexplicavelmente, me calou fundo. O que eu não fui capaz de dizer, leia-o você
mesmo, SF. Aposto que lançou as palavras, sem mesmo se dar conta da perfeição da
sua própria Architectura. Uma contenção plástica perfeita e uma “plasticidade
concreta”, se é que se pode dizer tal coisa, igualmente perfeita. Você disse tudo:
nada a pôr, nada a tirar. Acabo, depois de ter dito tudo isto, com a mesma
frustração que ontem me manteve quase silenciosa. Sei que não consegui traduzir
os sentimentos (não posso falar de pensamentos, neste caso) em palavras. “Ela”
compreenderá, sem necessidade de explicações, tenho a certeza. E você saberá que
o achei tão belo, que dá vontade de nos embrulharmos nele – e sonharmos com
jardineiros-pássaros e flores azuis, de Novalis. Alicia – 19.11.98. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
NATÁLIA SILVEIRA: Não entendo nada de poesia... Adoraria comentar
Architectura com as palavras de quem sabe os nomes e as características
de fases poéticas, como quem estudou ou aprendeu de tanto ler... Não tenho
essa facilidade. Suas palavras me encantam... É só isso. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. PAULO TORQUATO TASSO: Architectura cheira a terra, cheira a origem, cheira a mato, cheira a primórdio, cheira a raiz. As pessoas se deslumbram com isto por estarem, talvez, em busca de algo que não encontram no nosso mundo. O que parece é que você também não está encontrando, haja vista a emoção concentrada em dose cavalar que conseguiu colocar em apenas duas dúzias de palavras. Contudo, traduziu não só sua agonia, mas a de milhares de pessoas: daí a magia do artista. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. R. ROLDAN-ROLDAN: Belo poema. Belíssimo. Plumas e diamantes no oco do silêncio. O sangue contido. Fervendo. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. SONIA ALVES DIAS: Sê mesmo Sozinho, és Todo e Tudo. Só tu és capaz de trazer os pássaros do ninho para escutá-los num silêncio que o gesto traz mas que o momento o toma num arrebatamento assustador. Belíssima construção que faz com que tenhamos a sensação do toque suspenso do deslizar das mãos numa Architectura de barro num pisar sobre barro num calar de terra no chão e que lá fora os pássaros continuem cantando e contemplando a “Ela”, seja frágil poema, seja forte presença, seja Architectura inteira que os pássaros tragam no bico o barro para que faças tua morada e de tua amada. Feliz estou por estar em ti através de tuas palavras. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. |