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Júlio Polidoro


Poesia:


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Conto:


Fortuna crítica:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

 

Leonardo da Vinci, Embrião

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

Júlio Polidoro


 

Bio-bibliografia


Nascido em 1959, Polidoro estudou filosofia na Universidade Federal de Juiz de Fora, instituição onde hoje trabalha na área administrativa. Estreou poeticamente em 1979 com o livro Treze Poemas Essenciais. Depois vieram Pequenos Assaltos (1990) e Orla dos Signos (2001). Em 2004, ele reuniu sua poesia no volume Outro Sol, que inclui, além dos títulos citados, várias séries de novos poemas.

Praticante de versos enxutos, Júlio Polidoro é um "poeta magro", para usar a classificação de Manuel Bandeira. Seu lirismo tende sempre a agarrar o essencial, sem arrebatamentos, sem erguer a voz. O poeta, discreto, não parece apreciar os grandes arroubos. "O poema nasce nu", afirma. Com essa economia de recursos, ele cria a tensão do que está apenas sugerido e que parece não caber em objetos poéticos tão sucintos. Isso requer um leitor mais atento, capaz de sintonizar "a percussão do silêncio/ nos dígitos da alma".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Júlio Polidoro


 

OUTRO SOL 1
A Adriana Rebelo


dizei
a casa do homem

a pátria
da cabeça sobre a pedra

ditai sua homilia,
gárgula,
o jorro do princípio

tornamo-nos aquele
que cresceu sem conhecer-se

tornamo-nos fieira de urzes
no quintal sem tranca,
do mundo a porteira
que o gume afia

revelai seus esplendores
saciados
com mel, lagartos

cegai-nos, para que vejamos
ecce homo
a cabeça sobre a pedra

calai-nos ainda que falemos
buscar bater pedir

dizei a casa do homem

ditai, por amor, sua homilia
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Júlio Polidoro


 

OUTRO SOL 2
A Guido Bilharinho


ai
a percussão do silêncio
nos dígitos da alma

o que é duração?

amigos me abraçam
e não guardo sequer
o hálito das sombras

quisera abocanhar,
sem fome, o ato,
na execução

e em ruminá-lo
haver
de sê-lo
sem perda
dor
digressão

mas os amigos se foram
o ato paira

ecoa sem sentido
o hálito das sombras
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Júlio Polidoro


 

O POEMA NASCE NU
A Jean-Paul Mestas


o poema nasce nu

púrpura ou andrajo
expande ramos
para fora
e cresce rio
que a vida colore

roto, então sublime,
o traje
não se expressa

a água
borra o texto
aderna a frase

veste a descompor
o verso derradeiro
que morre como nasce
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Júlio Polidoro


 

A PONTE


A noite se alonga no trajeto.
Mais que a noite o percurso.

Cruzo uma ponte que nunca termina
colhendo ossadas do mito.

Farrapos de glória no alforje
e heróis distantes daqui.

O dia remoto
acena de dentro da lua.
Dele ecoam vozes
que não podemos ouvir.
Mas atravessam conosco
a ponte a um passo do fim.
 

 

 

 

 

 

10/08/2005