Laeticia Jensen Eble
O SONHO DE UM
HOMEM
Toda noite acordava
Do seu existir vago e profundo
E vivamente acalentava
Um doce sonho delicado
Flores em interminável primavera,
o piano flutuando no ar,
violinos a lamentar...
Procurando, não encontrava
a razão de sua quimera.
Nada o iludia.
As notas em profusão
exalavam o seu recado, gracioso
Não havia medo nem dor
Só a certeza de viver
um para o outro sem saber
Ele a amava e esperava.
Esperava e chorava
Chorava e tocava
Tocava e ressoava o mais puro amor
Ao longe, ela ouvia
Em algum lugar, seu coração ouvia
E se reconhecia naquela melodia
E também chorava.
Sem saber por quê.
Acreditar nisso, bastava para aquele homem que sonhava
Notas eternas sacramentaram aquele amor vibrante,
amor ardente, amor soante, amor amante.
Amor de sonho.
Sonho de amor.
Ou amor e sonho?
Novo dia, novo canto,
novos sons,
novas flores,
novo jardim,
novo sonho.
E o mesmo amor.
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