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                  Leônidas Arruda 
           
           
          MONÓLOGO COM DRUMMOND 
           
           
 
            
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          Poema-homenagem ao poeta de Itabira-MG  | 
             
           
          
           
           
          Drummond,  
          nem precisa abrires a boca para me falares falando. 
          Basta ler teus versos para conversares comigo 
          como quem no tempo fala com todo mundo. 
           
          Tuas palavras gritam, saltam, inundam, inauguram,  
          transcendem, transferem-se para o nosso mundo, 
          crescem em nosso ser, 
          explodem em nossos sentidos 
          e vão pelo tempo e vão pelo ar e vão por aí... 
           
          Drummond,  
          como sabes expressar tudo o que por dentro sentimos: 
          “ zunzim de mil zonzons zoando...” 
          Tudo o que tememos: 
          “ A bomba não admite que ninguém se dê ao luxo 
          de morrer de câncer”. 
          Tudo o que desejamos: 
          “ Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”. 
          E mais: chegas ao ponto de dizer o indizível 
          como “ a polpa deliciosíssima do nada”. 
           
          Também, pudera, és “Fazendeiro do Ar “, 
          criador de palavras, criador de poesia 
          e tens uma “ Viola de Bolso”. 
           
          Quantas vezes nos identificamos em “Nosso Tempo”: 
          eu também tenho “ Uma Pedra no Meio do Caminho”, 
          eu também sinto a “Falta que Ama”, 
          minhalma também está no “ Brejo das Almas”, 
          no “ Sentimento do Mundo”, 
          na “ Rosa do Povo”. 
           
          Foi contigo que aprendi a “ Lição de Coisas”, 
          mas infelizmente, não tenho o “ Claro Enigma “, 
          tampouco, a “ Vida Passada a Limpo”. 
          Porque sou um “ Menino Antigo “ 
          e carrego todas as “ Impurezas do Branco.  
           
          Mas, também sou “ José e Outros” 
          e quando me perguntam: E agora curumim? 
          Sinto apenas o “ Boitempo” mugindo reminiscência, 
          remoendo lembranças, 
          pastando numa idade verde e distante. 
           
          Por tudo isso, Drummond, 
          sinto que me encontro quando encontro contigo  
          e sento à mesa e sirvo-me de “ Alguma Poesia.” 
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