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Lívio Oliveira

livioliveira@yahoo.com.br

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

Bio-bibliografia

 

Advogado e escritor. Nascido em Natal, em 16 de agosto de 1969. Começou a escrever na adolescência, inspirado pelas leituras de autores como Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa.


Autores do Rio Grande do Norte, sua terra, que o influenciaram nas primeiras letras: Vicente Serejo, Marize Castro, Américo de Oliveira Costa, Dorian Jorge Freire, dentre outros.
Lançou seu primeiro livro em 2002, "O Colecionador de Horas"(poesia), pela AS Editores.


Em 2004, lançou uma pesquisa sobre livros e bibliófilos do Rio Grande do Norte, a que intitulou "Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte".


Em 2004, ainda, lançou "Telha Crua", livro de poesias vencedor do prêmio Othoniel Menezes- FUNCARTE- Natal/RN, daquele ano, e que contém, também, os dez poemas vencedores do prêmio Luís Carlos Guimarães- FJA/RN, no mesmo ano. Também recebeu duas menções honrosas no prêmio Zila Mamede, de Parnamirim/RN. Logrou o 3º lugar em um prêmio de poesia da Justiça Federal/RN.


Foi membro da Comissão de análise do prêmio Othoniel Menezes deste ano de 2006.


É o atual Presidente aclamado para a Diretoria Provisória da União Brasileira de Escritores, seccional do RN.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

As mulheres que quero


Não quero mulheres em preto-e-branco,
nem em cinza.
Quero mulheres a cores,
mulheres com o brilho
das manhãs de sol
de Tabatinga
ou de Honolulu.
Mulheres que deitam
e dormem, de repente,
não se doam,
doem-se,
doença do tédio.

Quero as mulheres verdes,
mulheres cor de rosa,
mulheres azuis,
como o céu do sertão
do Cauaçu.

Quero a mulher que vibra,
a mulher com tremores,
a mulher sem pudores,
a mulher que me crava os dentes,
aquela que parte suas unhas
nas minhas costas.

Quero a mulher vital,
a fatal também,
mas mulher de tentos
e de tetas suculentas.

Quero a mulher-mistério,
a mulher que ri,
mas que guarda sempre
um ar de interrogação
e um segredo de mim.

Não aceito as mulheres
que não seduzem,
mulheres sem glamour,
mulheres sem fantasias,
mulheres sem música,
sem poesia,
sem uma gula impudica
que contamine
de desejo
todo ser amante.

Quero as mulheres
que não sejam só cérebro,
mas coxas entreabertas,
seios em órbita,
lábios em rosa,
coração explodindo,
champagne que explode
sobre seu corpo
e o meu.

Quero mulheres,
urgentemente as quero,
aquelas que me ninem,
como no primeiro dia,
que afaguem os meus cabelos,
que me façam dormir,
que me dêem o seu leite,
que me derramem seu vinho,
alimentando-me, loucamente,
de paixão.

Quero mulheres de sangue,
mulheres de luta,
mulheres que gritem
e façam irromper, no ar,
a força do seus sonhos,
dos seus vícios,
desejos, todos.

Quero as mulheres
que amem as artes,
que odeiem o dinheiro,
mulheres supérfluas,
mulheres manhosas,
como gatas no cio.

Quero as mulheres
vivas,
loucas,
apaixonadas,
prontas para o escândalo
do amor.

Quero-as, todas,
desesperadamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

Tolo Poema para Alta Cidade


Alma.
Lama.

Um beco
encrustrado
entre os nervos
estalados
e as veias hirtas
da cidade
é sempre
o início
da trama.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

Hai-Kais das Dimensões


Tempo

Pertenço à época
de uma tensão freqüente
feita à mão das horas.


Lugar

Poema onde vivo
todo espanto melífluo
que faz o meu canto.


Sono

Acordo, não durmo.
Pássaro improvisando
um jazz no meu sono.


Vôo

Museu, porto no ar:
os termos que a vida cobra
pra glória aterrar.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

Hai-Kais do Mar Alto
 


I
Árvore que canta.
Vento e uivo no deserto.
O sonho passeia.

II
Música real:
as imagens se misturam
nas dunas que dançam.

III
Pensamento livre:
barco em vagas defloradas,
sereias nadam.

IV
Surtos das marés.
Mar engole tristezas,
lágrimas mistura.

V
O sal na língua.
Os olhos que se ardem
em lábio pungente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lívio Oliveira


 

Poucos Hai-Kais para o Beco e sua Alma


I

Beco virtual?
Sonhei que era sincero
meu cartão postal.

II

Peço teu copo.
Vi teu batom pintado,
boca que toco.

III

Se bebes ao mar,
tens o rio esperando
só pra te afogar.

IV

Publicas livros.
Para ler só tem quatro:
os mais precisos.

V

O Beco solto.
Lá! Vê naquela mesa?
Mora um louco.

VI

És só famosa.
Se não há quem o prove,
foi tudo prosa.

VII

Mais um amigo
mergulha nas duas luas
de teu umbigo.

VIII

Posso penetrar?
Já não é libertário
esse teu lugar?

IX

Sinto exagero.
Não é dessa mocinha
esse mal cheiro.

X

Em muito assuntas.
Mas eu quero perguntar:
já és defunta?


 

 

 

 

 

08/05/2006