Regine Limaverde

Erótica


Deixa-me mergulhar
na noite dos teus olhos
e fechar as janelas
ao vento forte
que me sacode as entranhas.

 

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Regine Limaverde

O afogado


O morto era belo.
Tatuagem no braço (uma serpente)
e algas enroscadas nos cabelos.
Carregaram-no, pesado,
e o atiraram na areia.
Seu rosto era de um estranho.

As mulheres se ajoelharam
e oraram pela sua paz.
Seus olhos abrigavam medo.

O morto era belo
e as mulheres choraram
por elas,
por suas vidas
e pelo morto
que as enternecia.

O morte era belo
e por essa razão foi amado.

 

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Regine Limaverde

Desejo


Ah! Quero-te descobridor
das minhas terras.
Um Colombo,
um Cabral.
Quero calmarias te guiando
te norteando
para meu território.
Tenho índios
em meus ancestrais.
Fantasias explodem
em meu corpo.
Cores:
vermelhas
dos sumos dos cajus
enfeitam minhas vestes.

Sou sol,
chuva,
trovão.
Viro-me em arco-íris.
Quero colorir tua vida.

Ah! Enxerga-me
Põe estrelas em teus olhos:

Quero-te luz,
vadiando pelo meu corpo,
acendendo
um palco,
teatro.

Quero-te navio
navegando
nas minhas águas
com sonares
e ecossondas
localizando cardumes,
seixos, algas
emaranhando-se
nas minhas
flores marinhas.

Ah! Quero-te espaconave
nos meus céus,
nos meus caminhos.

Quero-te.
Quero-te.

 

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Regine Limaverde

Os domingos


Os domingos
tem gosto de sal.
O que plasmoliza
as células.
Não o que salva,
o que aponta
caminho para
a vida Eterna.
Os domingos
são feitos tempestades.
Arrasam
caminhos,
destroem
casas.
Não chuvas leves
que enverdecem
campos,
que ajudam os pobres.


Os domingos
são como a morte,
nos abatem,
nos fazem tristes.
Os domingos..
Ah! Os domingos...

Prefiro as Segundas-feiras.

 

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Regine Limaverde

Não te avisaram


Nao te avisaram
que eu chegaria?
Nem pelos astros
pudeste sentir minha chegada?
Pois a tua, nao me foi surpresa.
Ha dias que sentia no ar, um cheiro.
Punha meu nariz
para cima
e cheirava o cheiro
do vento.
E o vento
cheirava a macho.
Um cheiro diferente,
de terra molhada,
de mato pisado.
Estranho!!!
Nao te avisaram
que eu chegaria?
Pois tua chegada
nao me foi surpresa.
Ha dias que sentia
uma moleza,
daquelas de final de amor,
aquela morrinha
no corpo,
vontade de dormir..
Satisfacao do ato de amor.
E eu sabia.
Algo chegava.
Aquele desfalecimento
em meu corpo
era aviso.

Nao te avisaram
da minha chegada?
Pois atua ne foi sussurrada.
Ouvi vozes ,
sons onde nao havia
ninguem. Pensei em morte.
Tive medo.
vesti-me de branco,rezei.
Mas entendi que o momento
era grave.
E fui relaxando,
sentindo,
cheirando,
escutando.

Nao te disseram
que eu chegaria?
Pois de ti todos
me avisaram
e foi por isto que
me preparei.
Estou pronta ,meu amor.
Daremos inicio ao
que ja existia.
Tua chegada
foi meu
renascimento para o mundo.
Aqui estou.Use-me.

 

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