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Daniel Mazza

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Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Bernini_Apollo_and_Daphne_detail

 

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Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Daniel Mazza e seu primeiro livro


Daniel Mazza nasceu em Fortaleza (CE) em 30 de agosto de 1975. Concluiu a faculdade de medicina pela Universidade Federal do Ceará, com posterior especialização em hematologia pela Universidade de São Paulo. 

A despeito de dedicar-se ao estudo das técnicas de versificação e já ensaiar os primeiros poemas desde 1992, sempre relutou bastante em publicar seus versos. Fim de Tarde é o seu primeiro livro. A obra é   composta por poemas escritos no período de 1993 a 2003, marcando, assim, o término de mais de uma década de silenciosa produção literária.

Correspondência:

R. Campos Sales 183, ap. 141

CEP 14015-110

Ribeirão Preto-SP.

dmazzalivro@yahoo.com.br

 

No final, a foto da capa de Fim de Tarde

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

 

Anderson Braga Horta

Diário do Nordeste, Fortaleza, Ceará, Brasil

11.11.2007


 

 

A força da poesia: rigor formal e invenção

 

A poesia, em essência, é atemporal. Mas a sua fruição requer tempo. Não se compadece a contemplação com a síndrome da pressa dos tempos modernos, e o século jovem ainda se embaraça nesse legado de um sentimento de irresistível urgência.


 

É, assim, com certo remorso que escrevo sobre a recente e premiada poesia de Daniel Mazza, (classificado em 1° lugar, na categoria Obra Inédita, no X Prêmio Ideal Clube de Literatura- Prêmio Gerardo Mello Mourão) se bem que, no caso presente, a correria não se deve a esse novo ´mal du siècle´, mas às circunstâncias que me movem a penaAnderson Braga Horta estando o livro já praticamente em máquina. Relevem essa desculpa para justificar a superficialidade da abordagem de uma poesia que é rio denso e profundo, a exigir mergulho lento e total.

Neste volume, breve, mas poeticamente significativo, Mazza enfrenta com galhardia, no plano formal, os desafios do verso medido que não se quer rígido, do soneto que se recusa ao bafio das gavetas esquecidas, e, finalmente, do verso livre que se quer genuinamente novo, sem ingenuidades anárquicas.

No terreno por vezes limoso do que-dizer, o desafio é mais radical, visto que não se limita ao jogo das formas, mas encarna a batalha das essências, visível desde o título das duas primeiras partes, ´A Morte´ e ´A Culpa´, e vislumbrada no da terceira e última, ´A Cruz e a Forca´, que assume as honras da capa.

De pronto, no soneto inicial, ´A Morte´ nos impacta com a força imagética do poeta, que a apresenta como ´um jardineiro sem podão´, a procurar no jardim folhas caídas. O impacto se renova e se apura no soneto seguinte, primeiro do binômio ´Morte e Sono´, em que o segundo termo se define como ´um pouco da morte represada / nas comportas da noite´.

O rigor com que o poeta exerce o seu ofício, bem como, em oximoro apenas aparente, sua metrificação avessa aos rigores parnasianos, evidencia-se, naturalmente, em todo o volume. Para a exemplificação desse rigor e dessa característica métrica, reclama, contudo, a atenção do leitor um poema determinado, ´A Bala Viva´, em que uma e outra qualidade se reúnem sob um título e se realizam num verso que remetem à seqüência mágico-metafórica de um dos mais extraordinários poemas de João Cabral de Melo Neto, Uma Faca Só Lâmina. E João Cabral foi, decerto, dentre nossos grandes poetas, o que mais obstinadamente pregou e construiu uma poesia de concisão e rigor, expressa em forma ao mesmo tempo moderna e conscienciosamente trabalhada. Outro poema destacável na primeira parte desse livro é ´Breviário da Morte´, esse vento de cuja passagem resta, afinal, ´na poeira, em silêncio, quase invisa, / tênue pegada´.

O tema da segunda parte, ´A Culpa´, é de difícil exploração. Mesmo assim, sai-se Daniel Mazza muito bem da empreitada, com uma série de poemas curtos, incisivos, bem realizados, notáveis pela feitura de bastante homogênea qualidade.

Na última parte, que estende o título ao livro, o poema ´Litania do Corpo´ merece menção à parte, porque nele se pronuncia com evidência maior que alhures a segunda grande influência visível em A Cruz e a Forca: a de Augusto dos Anjos, traduzida particularmente nos temas da desagregação e da morte, e num vocabulário próximo das ciências naturais, notadamente biológicas.

Outra composição que se sobressai é ´A Garagem´, de que salta aos olhos a impressionante imagem final, do quartinho que ´transbordava escuridão´. A Cruz e a Forca é de temática sombria e imagética tenebrosa. Felizmente, porém, não se contamina das trevas que revolve, porque iluminado pela força da poesia.



"A Cruz e a Força"
Daniel Mazza
112 páginas
BOOK
R$ 20
 

 

Direto para a página de Anderson Braga Horta

 

 

Manoel de Barros

 

Augusto dos Anjos