Adrianne Fontoura
Pintura fraseada
O som, o sono, o sonho, o ser
e tudo mais que te pertence,
não sei quanto, até onde,
ou quando mais do que eu pense,
prenda e atribua ao que se esconde
valor maior do que o aparente, revelado,
o que me fala, o que me conta;
o que me sara, me fere enamorado
de toda sensação que desponta.
O copo, o vinho; o corpo sozinho
e todo o resto não visto,
sem nome, noite, beijo, carinho
e o saber da busca por quem insisto,
tanto quero, estranho, afago e espero.
A voz que vejo, passos que visto,
me despindo da pele, me desespero.
Em carne viva, na boca salgada
o pranto rola; rimel, maquiagem,
nanquim, água que tudo desbota da amada
que te esboça com tinta, palavra, (sem) imagem.
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