Do
Círculo Hermenêutico Periférico
ou
Da
Introdução aos Símbolos
Soares Feitosa
1.
Prólogo & proposta
Todos os seres vivos interpretam mensagens. Seja o
protozoário da malária que um dia “descobre” a malignidade
do DDT contra si, e, imediato, se transmuta num novo organismo resistente
ao DDT; seja uma velha e antes assustada baleia que, depois da práticas conservacionistas, vai perdendo, pouco a pouco, o medo do homem. Todos
os procedimentos dos seres vivos, plantas, sementes, vírus, animais
de pequeno e grande portes, conscientes ou inconscientes, resultam da
interpretação de mensagens. Ai dos que se enganarem! Ai da
semente que, antes do tempo, venha a detonar os mecanismos de germinação.
Germinará no seco, à morte, é claro. Em suma, a hermenêutica
como arte, ciência ou método (deixemos as classificações
de lado, por enquanto) é a verdadeira e provavelmente única
chave e chance da sobrevivência. [A propósito de germinações antes do
tempo, este texto, Dormências]
É coisa antiga, 1960, por aí: uma enciclopédia da
revista Life, americana, a foto da corrida dos espermatozóides.
Um batalhão de corredores à maratona de São Cristóvão
(São Paulo, Brasil) seria menos homogênea do que aquela tropa
compacta de 5 milhões ou muito mais, bravamente à espetacular corrida da
fecundação. Claro que aqueles minúsculos seres vivos
(ou não seriam seres?) estavam a “ler” e a interpretar os sinais
elétricos, eletrônicos, feromônios (ou, que fossem senhas,
mensagens de
uma mídia que ainda não sabemos ao certo, como), emitidos
pelo óvulo, lá, paradão, a dezenas de quilômetros
proporcionais. Dizem, que mantida a escala "espermatozóide versus homem", um nado
maior que atravessar o Canal da Mancha.
Pois bem, no momento exato, microssegundos, em que um deles,
felizardo, passou seus genes ao novo ser (ou não seria ainda um
ser?), um novo e oposto sinal é emitido: fujam! E, imediatamente “lido”
e interpretado pelos corredores restantes, avisando-os que a
corrida acabou. Dante, no Inferno, não descreveu aflição
maior: aquela malta de corredores, antes tão seguros e resolutos,
agora subindo nas paredes e nadando a esmo. Embaralhados. Puro desespero.
E morte.
Em suma, aquele “homúnculo”, como se fosse um, espermatozóide
de meu pai (e o do teu pai, também, meu caro leitor) soube ler e
interpretar adequadamente as senhas falopianas — mãe. Entre dirigir-se à trompa
vazia, houve por escolher a outra, e, à frente de todos,
chegou primeiro.
Qual a diferença entre aquele que chegou e os outros que não
chegaram? Só esta: o vencedor "leu" o que havia de ler.
Só isto. E o vale de lágrimas que há de enfrentar
nos novos caminhos a escolher, às infinitas “mensagens” desta mensagem-total
chamada Vida. [E aqui muito cá pra nós: o que é Vida?]
A proposta é discutir os mecanismos de interpretação,
demonstrando que os julgamentos, ditos conscientes, nada têm de conscientes
porque se ligam ao "círculo hermenêutico periférico".
[Haveria, enfim, um julgamento dentro do texto, dentro dos autos? Ou, pelo
contrário, os julgamentos se dão "em torno" dos autos, "ao redor" dos
texto? É o que me parece — "em torno" —, hoje, 16.07.2001, ao redigir
este prólogo].
Avancei, de 16.07.2001 até o dia
11.09.2001, alguns capítulos deste projeto. Com a tragédia do 11 de Setembro,
escrevi Gêmeas eram as
senhas das torres gêmeas ou O homem limpo de coisas é a medida do Homem.
Não sei concretamente os motivos, deixei tudo como estava, umas cem páginas já
escritas. E nunca mais.
A proposta não é mais um livro de
interpretação dos sonhos. Muito menos cuidarei de horóscopos, previsões,
profecias, coisas do tipo. A análise tentará buscas "raízes", simbologias tão
antigas quanto a humanidade. Veja, meu caro leitor, este símbolo a "queda" em
relação ao Paraíso Perdido. O problema é que em nenhum texto religioso, o
Paraíso teria sido construído à beira de um despenhadeiro, o primeiro casal
rebolado lá embaixo, pol! no chão, as costelas quebradas.
A Ciência nos fala de árvores e primatas arbóreos,
com uma ascendência em comum com o homem. Cair da árvore começa a fazer sentido. Pois um dos "símbolos" mais fortes de
nossa humana vida, ainda que jamais tenhamos subido num coqueiro, muito menos
num mandacaru cheio de espinhos, é precisamente a queda. Carregamos, pelo resto
dos tempos, parece, um símbolo ancestral: cair, o medo de cair, não apenas em sentido figurado,
mas cair lá de cima, despencar no chão.
Os símios, é raro, continuam caindo das
árvores. Ninguém faz nada. No máximo, desce alguém, faz ali uma pequena zoada,
às vezes nem isto — vide programas da vida selvagem —, e a vítima é deixada à
morte.
Quem garante que o Humano não teria surgido num súbito gesto de
misericórdia: descer para acudir o caído, afagando-o, recebendo o reconhecimento
e, com isto, reconhecendo-se as respectivas faces? E, partir dali, o
rosto, o rosto de Deus, o Outro. Por favor, não é uma interpretação religiosa,
sem esquecer porém que a religião, qualquer delas, propõe-se exatamente a isto:
religar.
Tema a ser desenvolvido
nestes ensaios, a nossa condição humana que passa necessariamente pela
misericórdia — não é no sentido religioso, por favor, mas não deixa de sê-lo.
Clique aqui, por favor:
uma bela
experiência.
Queda & misericórdia andam juntas. Veja,
é imperioso que ouçamos do caído: «Caí!», ou, no mínimo, saibamos do olhar
súplice da desproteção. Só assim, com alguma crueldade, legitimamos nossa mão
estendida, posto que até bem pouco aquela mesma mão, agora estendida, verberava,
de amplo regozijo, os necessários «Bem feito!».
Agora, com uma nova crise, a crise Brasil, veio-me a idéia de retomar o tema: o
possível roteiro ao julgamento das coisas. Um manual de instrução. Cadê o
manual? Fazemos ou não um julgamento racional? Acho que não. Pego, agora aqueles
textos anteriormente escritos, boto-os para o final deste trabalho, abordando
antes, diretamente, os símbolos. Não apenas o que entendemos por logomarca, mas
algo mais amplo, digamos, procedimentos, posturas, "manias", "rezas" que se
repetem e repetem, desde...!
O cientistas falam em cinco milhões de
anos, ou mais, em que um ramo dos primatas teria ganho a linguagem e o senso
moral — nós, os humanos. Só há uns cinco mil anos, um pouco mais talvez, tivemos
acesso à escrita. Não é nada! Se fizermos a comparação com um ano de 365 dias,
só no último dia de dezembro, quase no seu final, é que aprendemos a ler.
Aprendemos? Quem disse?! Poucos lêem. Poucos sabem ler. E, dos poucos que sabem,
a maioria nunca abre livro algum.
Se ninguém lê, como, pois, o
aprendizado? Pelo símbolos! Uma "linguagem" que vem desde os tempos, assunto que
abordaremos com muita calma. Volto a repetir: nada de misticismo; nada de
horóscopos, nada a ver com astrologia, com todo respeito. A posição dos astros
será vista, sim, não como influência dos astros, mas como a força simbólica do
nosso olhar, memória ancestral de milhões de noites de deserto, aos céus. A
tábula não é rasa!
Pois bem, um dia, julho de 2005, a idéia
de abrir a página do Partido dos Trabalhadores na rede mundial de computadores.
E o susto! Seus símbolos. Leitor, convido-o!
Índice - basta clicar:
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Início desta desta página: Do Círculo Hermenêutico
Perifério ou Dos Símbolos — Prólogo e proposta.
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O
Partido dos Trabalhadores e sua crise de 25 anos, algo a ver com
os símbolos?
-
Os símbolos
do PT, decifrações.
-
Os
símbolos de Severino Cavalcanti e sua crise mensalinha.
-
Os símbolos do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste
-
Decifrando os símbolos do BB e BNB
-
Ascensão e queda de Roberto Jefferson — símbolos: o riso,
as palmas e o silêncio.
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Mais
símbolos, os varapaus da Bíblia
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