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Adrianne D. Meyer-Gruhl Fontoura 

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Contos:


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

 

Bernini_Apollo_and_Daphne_detail

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, Fran�a, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Adrianne Fontoura


 

Música

 

 

Nas mãos que harpejam, ferem, desmancham
no silêncio noturno o frio teclado
- de onde arrancam as notas, o eco -
escutei o destino, insistente chamado.

Pelas mãos desarmadas de espadas e foices
senti sobre a pele o toque encantado
daquilo que ecoa em calado sussurro.
Ouço as vozes e o que é falado.

Mãos me libertam da cegueira eterna
da massa, do mundo desacordado.
Abraço as sombras de acordes que soam.
Quem fala é a música. Insistente é o chamado.
 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Adrianne Fontoura


 

Ícaro


Ícaro, o vão ainda existe
pois te vejo em sonho qual bicho alado.
Teu rosto que beija, que morre é triste
mesmo se só ou acompanhado.


Não sei por que esta visita;
esses olhos, mãos sangrentas, o lábio amado
são nuvens de pedra em coração que palpita
mesmo se só ou acompanhado.


Se vejo-te em vida, em morte, ao acaso,
és e vens a ser o amor esperado.
Último romântico, te deixo em descaso.
Com meu adeus vais acompanhado.
 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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S�rgio Castro Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

Adrianne Fontoura


 

Rafael

 

 

Procurei por teus olhos verdes, azuis,
duros e frios tal qual diamante.
Olhar que me foge, escapa, me leva;
que nada confessa, entrega ou mente.


Olhos que a luz ilumina, altera;
da morte à vida, da vida à guerra;
mares de pedra, naufrágio, espera;
Lua do céu, água da terra.


Mas, ai, olhos! Pior dor é essa boca
impassível num sorriso estreito e breve.
Dor e vida... a diferença é pouca:
os lábios intocados queimam como a neve.


Roem minha alma, meu ser minha mente.
Me fere a boca de dentes cerrados.
Com minha ausência vai o silêncio
dos mares ainda não navegados.


Belas palavras se perdem, acabam
em tal desespero, mudez, contorção.
Busco um sinal, um verso ao acaso
nos olhos, na boca; em meu coração.


Mas por que tanto insisto?
O que quero saber?
Talvez meu sonho de pássaro livre
também pertença ao teu não-dizer.
 

 

 

Soares Feitosa, dez anos

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Jos� H�lder de Souza

 

 

 

 

 

 

 

 

Adrianne Fontoura


 

Despedida


 

Vi a lágrima que correu por teu olho;
silenciosa dor em gota gelada.
Percorre teu rosto, te queima a boca
que fora sorriso; agora é calada.

Perdi a conta de todas as vezes
que vi a tal cena, onde sou a bandida.
Te fiz sofrer com meus erros e falhas
e com lágrimas viste a minha partida.

Movo infernos, manejo espadas,
provo o sangue e a lágrima incerta.
Pactos quebrados já foram alegria;
no instante presente, ferida aberta.

Na cama procuro um beijo, um rastro,
certeza qualquer pra saber de quem chora.
Encontro a prova em salgado oceano.
Mas quem é que fica? Quem parte agora?

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

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José Saramago, Nobel

 

 

 

 

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Maura Barros de Carvalho, Tentativa de retrato da alma do poeta