Alana Alencar
T.P.M.
Inconseqüentemente o que ofereço a mim
e o que destruo no possuir consolo
o que desisto e insisto
no momento em que me formo e me informo.
O que discuto no amplo, estreitamente amplo
o que nomeio porque ganha nome
lapida e incentiva onde me encontro.
O que assumo e anseio
o problema de estar na responsabilidade do ato de duvidar
da pesquisa
do sono, do desassossego.
A desordem mundial de neurônios da minha cabeça fértil e
desorientada inventa
altera
ultrapassa
limita e reage
sacia e embriaga
morde a ferida e machuca
arrasa
trata o enlatado como o pó que engasga e seca a garganta
molhada.
É o quê
o que trava
o que afeta a moral
a dor que suporta, a aflição, a ida, a volta, o medo, segredo
e gratuitamente a intuição.
O desperdício, o vício, o íntimo, crítico, ávido e tímido
na flexibilidade amarrada
acirrada.
Um desânimo oportuno
o que arrebenta e dilui
entra num vácuo e detesta e expõe
funde as notas e as letras, as cordas e acordes, sobrecarrega.
Entre altos e baixos degraus calados que gritam a vez do primeiro,
do último, do segundo
da repetição, da mão, do pé, de todo sentido lógico, ligado e
preso e solto, livre
tátil onde atenuo
o que se descreve e perde o jeito
flagela a situação arrojada, engajada, suportada e
insuportavelmente leve e pesada.
O que for sabor, cor, tempo, tempero
o que acalma e dilata e afasta e assusta nenhuma letra sensata
dos olhos
das veias
caneta e papel.
É o desejo de ir embora, agora, sem antes, sem saber do que foi
pregado
grudado
o que não quer sair
o que some e aparece para enterrar o que não se come, consome
a dívida contada.
O que é reto e torto,
o que tende para um lado, a curva
e eu deitada, todo mundo, o mundo e mais alguém
e mais ninguém para o mínimo da arte pulsar de impulsos
o poder da inspiração
os movimentos
o sorriso, a lágrima num gole de fracasso
o sucesso
o asfalto, afeto, terraço; mesa, quarto e cozinha.
Espinhos têm flor
amor tem desejo
e tudo o que faz luzir e apagar
o pensamento, o sentimento, o nada
o que dá vazão
à obra escrita, o perdão, o arrepio
o preto no branco no preto, na falta da cor, todas as cores, o frio
e o calor.
É o que percebo, a falta de vergonha, o gesto obsceno, o que é
profano, indecente
gente e poeira
o erro humano
o sem sentido do cigarro, a fumaça, o ópio, a espera
o gaguejar estúpido e aflito, enlouquecido, o que de forma
alguma teme.
A vontade dos verbos em artigos
pronomes e adjetivos repremidos, eu, nós e você
a ponta da agulha, o arder por dentro
o que é voraz e animal, desentendido, entediado
o filme revelado, o valor da vida assumida e nada mais
mas o mais um pouco calejado sem cansar
o velho e o novo em sintonia de sinônimos
o que é correto e provém do erro
o desconcerto e o conserto de instrumentos musicais.
O que de fato explica
o que não agüento mais
taxas hormonais
minha t.p.m. aguçada.
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