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Deise Assumpção

deiseassumpcao@uol.com.br

William Bouguereau (French, 1825-1905), A Classical Beauty

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia :

Poemas do livro Cofre:

Poemas do Inventário Poético da Cidade de Mauá:

Poema inédito:


Ensaio, crítica, resenha & comentário:


Fortuna Crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Slave market

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), João Batista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Consummatum est Jerusalem

Deise Assumpção



Biografia:

 

Deise Aparecida Martineli de Assumpção nasceu em Pirassununga – SP, em 10 de outubro de 1946. Desde 1968 reside em Mauá, no ABC Paulista.

Formada em Letras, com especialização em Literatura Brasileira, tem uma longa atuação no magistério, que vai desde a regência de classe na escola primária da zona rural até o ministrar aulas de Língua Portuguesa e Literatura no ensino fundamental e médio.

Participa de congressos e outros eventos da área, tendo vários trabalhos publicados.

Alguns de seus poemas constam de antologias, revistas e sites literários.

Cofre (Alpharrabio Edições) é sua primeira publicação em livro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

Deise Assumpção



Poemas do Inventário de Mauá:

(Os dois poemas abaixo fazem parte do Inventário Poético da Cidade de Mauá, projeto da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, que reúne um grupo de poetas através da Oficina Aberta da Palavra).

 

 

ANTIGA RUA SEIS
 


caracol no morro
última volta
antigamente só a pé
137 degraus


na placa novo nome
tão comprido
ninguém diz
nem se sabe
quem foi o homem


escadas domésticas
obrigam clãs
encarapinham portas
à esquerda escalam
à direita despencam
cachorros latem


ali
a moradora mais antiga
marido alcoólatra já morreu
visita os doentes do bairro
ensina catecismo


em frente
lado de baixo
safanões e berros
o pai despacha
o menino pra escola


carrinho de rolimã
braços para o alto
reveza campeões

duas meninas
chegam da escola
versão barata
da última moda
embrulha trejeitos
adolescentes

o bar da Rita
pão, pinga
e primeiras necessidades
cheiro de fritura
jogo e sorvete
vende na caderneta
menos o gás


de repente acaba
caminho do céu truncado
mirante de avenida e varais

manobrar o carro
desconjunta o braço
no retrovisor juro:
um anjo da guarda azul
como naquele quadro
da casa da minha vó

 


SICUT
    LILIUM

 


dos corações de pedra
                                        lascas
em dízimo
(as portas do inferno não prevalecerão):

a gruta
pré-adâmica
no miolo da cidade:


recôndito ostensório
da pedra virgem de cor
(serpente calcada aos pés
coroa de doze estrelas)
prenhe


de rostos:
barro arrebatado da multidão esquizofrênica
tecido
na fonte batismal
hóstias de carne e sangue
assim paridas remissas
à fome abissal:


(Obs.: Poema alusivo à Igreja Matriz Imaculada Conceição de Mauá, em cujo altar-mor há a inscrição Sicut Lilium, com a disposição e formato de letra do título do poema.)
 

   

 

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

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Maria Maia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Maja Desnuda

Deise Assumpção


 

Poema inédito:

 

DO FUNDO
 


cachorros
sabia-lhes os portões
todos para evitar
escândalo
se na casa visitada
um, mesmo: não faz nada,
pode entrar
me conheci já menina
vergonha encolhida
no medo


as outras já usavam
de loja, com enchimento
até que a mãe me fez
um: sobras de tecido
as bolinhas vermelhas
sob a blusa
branca uniforme escolar
enrubescendo
mais que não
sutiã

do baú
versos
remendam poemas
na pele
mulher-poeta
desconfia
a própria voz
 

   

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Jorge Tufic

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal de Tributos

Deise Assumpção



Comentário sobre Estudos & Catálogos - Mãos:
 


Caro Soares Feitosa:
 

Muito gostoso chegar em casa e encontrar o "Jornal de Poesia" versão papel. Tem outro sabor. Obrigada.

Tomo a liberdade de fazer duas considerações sobre seu Estudos & Catálogos - Mãos, mesmo correndo o risco de ser repetitiva frente aos inúmeros comentários já elencados.

A agilidade da linguagem atrai o leitor, mas isso é apenas juroLeia Estudos & Catálogos - Mãos sobressalente. Rende mesmo é a crítica forte sem ser pesada, ironia lírica. O texto salta dos ferros em brasa, com direito a um passeio n’Os Sertões de Euclides e pelas orações populares, para "os meninos da cidade grande". E quando a diferença entre os mundos se insinua e parece estabelecer juízo de valor e enveredar para o tão decantado saudosismo dos tempos e lugares idos, essa agilidade aproxima-os. A crítica não se faz opondo-os, mas aproximando-os inesperadamente pela via estética. No jogo entre as marcas de bois e o times e o arial, os dois mundos colocam-se em pé de igualdade.

O lirismo toma conta do texto num outro jogo: masculino versus feminino. Mais uma vez é a linguagem que mostra a diferença homem-mulher, valorizando um e outro. Derruba num passe poético machismos e feminismos. Lembrou-me Eça no conto Adão e Eva no paraíso, quando a narrativa vai justamente mostrando a função do homem e da mulher na formação do humano. E os "papeluchos" de oração em "letra calma"? Você os escolheu para fechar o rol das funções da mulher. Lembrou-me a Otacília, de Riobaldo.

Bem, fiquemos por aqui. E aguardemos novas surpresas como Estudos & Catálogos - Mãos.

Um abraço,


Deise


PS: Como posso adquirir o livro prefaciado?

 

   

 

Michelangelo, Pietá

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Antônio Houaiss

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deise Assumpção


 

REMISSÃO DO TEMPO

                                    a Bruno, meu neto

 

...um menino nos nasceu,

um filho nos foi dado...

 

pele de orvalho

riso de éden

olhos de espanto

balbucio criando o mundo

 

primícia de imemoriais clãs

cruzados:

 

       perdão

            (de adultérios e amores frustrados,

            enlaces forjados,

            desavenças e dívidas,

            abortos e holocaustos,

            catástrofes)

 

       sagração

       de núpcias

             (as do primeiro olhar,

             as conquistadas,

             as desde sempre)

 

cegou

o pêndulo da casa antiga

 

atrai-me

olhos, mãos e beijo

(eu, já não-seios,

apenas colo)

para antes de meu tempo

de sugar

 

 

Mauá, 20/05/2004


 

   

 

Baloubet du Rouet, campeoníssimo de Rodrigo Pessoa

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Gilberto Mendonça Teles

 

 

04/11/2005