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Ernâni Getirana
Comentário de Habitação:
E depois dizem que as palavras são para
ser... ditas. Pode ser. Mas, certamente, para ser ditas do modo que
a vida é feita e parida.
EMPATIA PURA. É o que esse poema provoca na gente. A capacidade que
SF tem de burilar as palavras sem arranhar-lhes as entranhas, mas,
ao contrário, preservando a docilidade de cada uma delas, com seu
travo próprio, sua maciez específica, sua casa-idéia metafórica,
isso é o que é.
Elas, as palavras, essas bichinhas
arrebanhadas por SF, nesse jeito todo seu de nordestinizá-las,
alinhavando-as com benzeduras, coisas do agrado do polígono, (
secamente e ainda belo ) lugar-alfabético onde o poema de SF ganha
vôo usando as correntes ascendentes da sensibilidade.
HABITAÇÃO: Homem-tatu, caracol,
metalinguagem esgueirando-se por entre as frestas da poesia, ela
também, casa dos deuses e, na verdade, casa de qualquer homem que
ousa debruçar-se sobre si mesmo nessa casa-planeta que habitamos
todos nós, filhos da palavra, habitação da esperança.
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