Fernando Sabino
Biografia:
Fernando Tavares
Sabino, filho do procurador de partes e
representante comercial Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares
Sabino, nasceu a 12 de outubro de 1923, Dia da Criança, em Belo
Horizonte.
Em 1930, após aprender a ler com a
mãe, ingressa no curso primário do Grupo Escolar Afonso Pena, tendo
como colega Hélio Pellegrino, que já era seu amigo dos tempos do
Jardim da Infância. Torna-se leitor compulsivo, de tal forma que
mais de uma vez chega em casa com um galo na testa, por haver dado
com a cabeça num poste ao caminhar de livro aberto diante dos
olhos. Desde cedo revela sua inclinação para a música, ouvindo
atentamente sua irmã e o pai ao piano.
Em 1934, entra para o escotismo, onde
permanece até os 14 anos. Disse ele em sua crônica "Uma vez
escoteiro":
"Levei seis anos de minha infância com um lenço enrolado no
pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir
que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é
verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha
mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas
aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser
sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre escoteiro".
Com 12 anos incompletos, em 1935,
torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia" da Rádio
Guarani de Belo Horizonte. Freqüenta o Curso de Admissão de D.
Benvinda de Carvalho Azevedo, no qual adquire conhecimentos de
gramática que lhe serão muito úteis no futuro em sua profissão.
Ingressa no curso secundário do Ginásio Mineiro, onde demonstra
grande interesse pelo estudo de Português. Suas primeiras tentativas
literárias sofrem influências dos livros de aventuras que vive
lendo, principalmente Winnetou, de Karl May, e dos romances
policiais de Edgar Wallace, Sax Rohmer e Conan Doyle, entre outros.
Nessa época, por iniciativa do irmão Gerson, tem seu primeiro conto
policial estampado na revista "Argus", órgão da Secretaria
de Segurança de Minas Gerais. Passada a primeira emoção vem o
desapontamento: o nome do autor, na revista, consta como sendo
Fernando Tavares "Sobrinho".
Em 1938, ajuda a fundar um jornalzinho
chamado "A Inúbia" (mesmo sem saber exatamente o que isso vem
significar) no Ginásio Mineiro. Ao final do curso, embora desatento,
"levado" e irrequieto, conquista a medalha de ouro como o primeiro
aluno da turma. Começa a colaborar regularmente com artigos,
crônicas e contos nas revistas "Alterosas" e "Belo
Horizonte". Participa de concursos de crônicas sobre rádio e de
contos, obtendo seguidos prêmios.
Nadador, em 1939, bate vários recordes em sua especialidade: o nado
de costas. Compete e ganha inúmeras medalhas em campeonatos nas
cidades de Uberlândia, São Paulo e Rio de Janeiro. Participa da
Maratona Nacional de Português e Gramática Histórica, empatando com
Hélio Pellegrino no segundo lugar em Minas Gerais e em todo o
Brasil. Viajam juntos ao Rio para receber em sessão solene o prêmio
das mãos do mineiro Gustavo Capanema, então Ministro da Educação.
Aprende taquigrafia, em 1940, para escrever mais depressa. Começa a
ler, com grande obstinação, os clássicos portugueses a partir dos
quinhentistas Gil Vicente e João de Barros, entre outros, até os
romancistas como Alexandre Herculano, Almeida Garrett e Camilo
Castelo Branco. Antes de chegar a Eça de Queiroz e a Machado de
Assis, aos 17 anos, está decidido a ser gramático. Escreve um artigo
de crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire, que tem o orgulho
de ver estampado no jornal de letras "Mensagem", graças ao
diretor Guilhermino César, escritor mineiro que se torna amigo de
Fernando Sabino e seu grande incentivador. João Etienne Filho,
secretário de "O Diário", órgão católico, é outro a
estimulá-lo no início de sua carreira. Nele publica artigos
literários, juntamente com Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e
Hélio Pellegrino, formando com eles um grupo de amigos para sempre.
No período de 1941 a 1944 presta serviço militar na Arma de
Cavalaria do CPOR. Inicia o curso superior na Faculdade de
Direito. Convive com escritores e, por indicação de seu amigo Murilo
Rubião, ingressa no jornalismo como redator da "Folha de Minas". Orientado
por Marques Rebelo, reúne seus primeiros contos no livro "Os
Grilos não Cantam Mais", publicado no Rio de Janeiro à sua
própria custa. Bem recebido pela crítica, lhe vale principalmente
pela carta recebida de Mário de Andrade, a partir da qual inicia com
ele uma correspondência das mais preciosas para a sua carreira de
escritor. (veja em
Lições do Mestre). Colabora no jornal literário do Rio "Dom
Casmurro", revista "Vamos Ler" e "Anuário Brasileiro
de Literatura".
Em 1942, é admitido como funcionário da Secretaria de Finanças de
Minas Gerais e dá aulas, nas horas vagas, de Português no Instituto
Padre Machado. Conhece pessoalmente o poeta Carlos Drummond de
Andrade, dele se tornando amigo através de correspondência e, mais
tarde, no Rio, de convivência.
No ano seguinte é nomeado oficial de gabinete do secretário de
Agricultura. Faz estágio de três meses como aspirante no Quartel de
Cavalaria de Juiz de Fora, período que serviria de inspiração para
hilariantes episódios no livro "O Grande Mentecapto". Inicia
uma colaboração regular para o jornal "Correio da Manhã", do
Rio e conhece seu futuro amigo Vinicius de Moraes. Prepara sua
mudança para o Rio de Janeiro. Publica o ensaio "Eça de Queiroz
em face do cristianismo" na revista "Clima", de São Paulo
(SP).
Integra, em 1944, a equipe mineira na Olimpíada Universitária de São
Paulo, como pretexto para conhecer pessoalmente Mário de Andrade.
Lêem, em voz alta, os originais da novela "A Marca", que é
publicada em seguida pela José Olympio Editora. Muda-se para
o Rio, assumindo o cargo de Oficial do Registro de Interdições e
tutelas da Justiça do Distrito Federal. Convive com Rubem Braga,
Vinicius de Moraes, Carlos Lacerda, Di Cavalcanti, Moacyr Werneck de
Castro, Manuel Bandeira e Augusto Frederico Schmidt, entre outros.
Participa da delegação mineira no Congresso Brasileiro de Escritores
em São Paulo, no ano de 1945, onde, durante a sessão plenária de
encerramento, em desafio à polícia ali presente, sugere ao publico
que seja lida a Moção de Princípios proclamada pelo Congresso,
exigindo do ditador Getúlio Vargas a abolição da censura e a
restauração do regime democrático no Brasil, com convocação de
eleições diretas. Conhece Clarice Lispector, dando início a uma
intensa amizade.
No ano seguinte forma-se em Direito e licencia-se do cargo que
exerce na Justiça, embarcando com Vinícius de Moraes para os Estados
Unidos. Passa a residir em Nova York, trabalhando no Escritório
Comercial do Brasil e, posteriormente, no Consulado Brasileiro.
Começa a escrever o romance "O Grande Mentecapto", que só
viria retomar 33 anos depois. Colabora com o jornal "Diário de
Notícias", do Rio.
Em 1947, envia crônicas de Nova York para serem publicadas aos
domingos nos jornais "Diário Carioca" e "O Jornal", do
Rio, que são transcritas por diversos jornais do resto do
país. Começa a escrever "Ponto de Partida" (romance), e
outro, "Movimentos Simulados", os quais não chega a concluir
mas que serão aproveitados em "Encontro Marcado". Realiza uma
série de entrevistas com Salvador Dali e faz reportagem sobre Lazar
Segal.
Volta ao Brasil em 1948, a bordo de um navio cargueiro que se
incendeia em meio a uma tempestade, a caminho de Bermudas. No Rio, é
transferido para o cargo de escrivão da Vara de Órfãos e Sucessões.
Crônica semanal no Suplemento Literário de "O Jornal".
Em 1949, escreve crônicas e artigos para diversos jornais
brasileiros. Em 1950, reúne várias delas sobre sua experiência
americana no livro "A Cidade Vazia".
Publicação em tiragem limitada do livro "A Vida Real", em
1952, composto de novelas sob a inspiração de "emoções vividas
durante o sono". Escreve, sob o pseudônimo de Pedro Garcia de
Toledo, diariamente, "O Destino de Cada Um", nota policial no
jornal "Diário Carioca". Escreve crônicas com o título geral
"Aventuras do Cotidiano", no "Comício", "semanário
independente" fundado e dirigido por Joel Silveira, Rafael Correia
de Oliveira e Rubem Braga. Colaboração com a revista "Manchete"
a partir do primeiro número, que se prolongará por 15 anos, a
princípio sob o título "Damas e Cavalheiros", posteriormente
"Sala de Espera" e "Aventuras do Cotidiano".
Em 1954 faz campanha política no Recife e em Fortaleza, a convite de
Carlos Lacerda. Lança tradução do dicionário de Gustave Falubert.
Viaja pelo sul do Brasil em companhia de Millôr Fernandes. Em
companhia de Otto Lara Resende, então diretor da "Manchete",
antecipa em entrevista pessoal e exclusiva o lançamento da
candidatura do General Juarez Távora à Presidência da República.
Juscelino Kubitscheck, governador de Minas Gerais, também candidato
à Presidência, o convida para jantar no Palácio Mangabeiras, em
1955. Decepcionado com a conversa, assume no "Diário Carioca"
a cobertura da agitada campanha de Juarez Távora. Viaja por todo o
país — mais de 150 cidades — em companhia do mineiro Milton Campos,
candidato a vice.
Em 1956, publica o romance "O Encontro Marcado", um grande
sucesso de crítica e de público, com uma média de duas edições
anuais no Brasil e várias no exterior, além de adaptações teatrais
no Rio e em São Paulo.
É exonerado, a pedido, em 1957, do cargo de escrivão, passando a
viver exclusivamente de sua produção intelectual como escritor e
jornalista. Passa a escrever crônica diária para o "Jornal do
Brasil" e mensal para a revista "Senhor".
O relato da viagem à Europa, feita pela primeira vez por Fernando
Sabino em 1959 está no livro "De Cabeça para Baixo". Comparece
ao lançamento de "O Encontro Marcado" em Lisboa,
Portugal. Visita vários países, remetendo crônicas diárias para o "Jornal
do Brasil", semanais para "Manchete" e mensais para a
revista "Senhor", perfazendo um total de 96 crônicas em 90
dias de viagem.
Até o ano de 1964, depois de sua volta ao Rio, dedica-se à produção
de dezenas de roteiros e textos de filmes documentários para
diversas empresas.
Em 1960 faz viagem a Cuba, como correspondente do "Jornal do
Brasil", na comitiva de Jânio Quadros, eleito Presidente da
República e ainda não empossado. Faz reportagem sobre a revolução
cubana, "A Revolução dos Jovens Iluminados", constante do
livro com que inaugura a Editora do Autor, fundada por ele em
sociedade com Rubem Braga e Walter Acosta, ocasião em que também são
lançados "Furacão sobre Cuba", de Jean-Paul Sartre (presente
ao acontecimento com sua mulher Simone de Beauvoir); "Ai de ti,
Copacabana", de Rubem Braga; "O Cego de Ipanema", de
Paulo Mendes Campos e "Antologia Poética", de Manuel
Bandeira. Fernando Sabino lança o livro "O Homem Nu"
pela nova editora.
Em 1962 publica "A Mulher do Vizinho", que recebe o Prêmio
Cinaglia do Pen Club do Brasil. Seu livro "O Encontro Marcado"
é publicado na Alemanha. Escreve o argumento, roteiro e diálogos do
filme dirigido por Roberto Santos "O Homem Nu", tendo Paulo
José no papel principal. Posteriormente, a história é novamente
filmada, com o ator Cláudio Marzo no papel principal.
No programa "Quadrante", da Rádio Ministério da Educação, em 1963,
Paulo Autran lia crônicas semanais de Sabino e de Carlos
Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Dinah Silveira de Queiroz,
Cecília Meireles, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Uma seleção
dessas crônicas foi publicada pela Editora do Autor em dois
volumes:"Quadrante 1" e "Quadrante 2". Como os demais
colaboradores de órgãos oficiais, é automaticamente efetivado no
cargo de redator do Serviço Público, da Biblioteca Nacional e mais
tarde da Agência Nacional, cabendo-lhe a elaboração de textos para
filmes de curta metragem. Seu livro "O Encontro Marcado" é
editado na Espanha e na Holanda.
É contratado, em 1964, durante o governo João Goulart, para exercer
as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em Londres.
Continua mandando seus relatos para o "Jornal do Brasil", "Manchete"
e revista "Cláudia". Faz a leitura semanal de uma crônica na
BBC de Londres em programa especial para o Brasil.
Em 1965 fica a seu encargo de compor a delegação britânica que
participará no Festival Internacional de Cinema no Rio de Janeiro.
Comparecem os diretores Alexander Mackendrick, Fritz Lang e Roman
Polanski. Representa o Brasil no Festival Internacional de Cinema,
em Edimburgo, na Escócia, e no Congresso Internacional de Literatura
do Pen club em Bled, na Iugoslávia, onde reencontra Pablo Neruda.
Faz a cobertura, em 1966, da Copa do Mundo de Futebol para o "Jornal
do Brasil". Desfaz a sociedade na Editora do Autor e, com Rubem
Braga, funda a Editora Sabiá.
A Sabiá inicia sua carreira de grande sucesso, em 1967, lançando —
além dos de seus proprietários — livros de Vinicius de Moraes, Paulo
Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade, Manuel
Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Cecília
Meireles, Dante Milano, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto,
Autran Dourado, Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Murilo Mendes,
Stanislaw Ponte Preta — e a série "Antologia Poética" dos
maiores poetas contemporâneos, não só brasileiros como, também, dos
sul-americanos Pablo Neruda e Jorge Luiz Borges. Edita romances de
grande sucesso internacional como "Boquinhas Pintadas", de
Manuel Puig, "O Belo Antônio", de Vitaliano Brancati, "A
Casa Verde", de Mario Vargas Llosa, e toda a obra do Prêmio
Nobel Gabriel García Márquez, a partir do famoso "Cem Anos de
Solidão". Seu livro "O Encontro Marcado" é lançado na
Inglaterra. Publica o artigo "Minas e as Cidades do Ouro"
pela revista "Quatro Rodas".
No anos seguinte "O Encontro Marcado" é lançado na Inglaterra
em pocket-book. No dia 13 de dezembro a Editora Sabiá
programou uma festa no Museu de Arte Moderna, no Rio, com o
lançamento de vários livros, entre os quais: "Revolução dentro da
Paz", de Dom Hélder Câmara; "Roda Viva", de Chico Buarque
de Holanda; "O Cristo do Povo", de Márcio Moreira Alves e,
fechando com chave de ouro, "Nossa luta em Sierra Maestra",
de Che Guevara. Nesse dia é editado o Ato Institucional que
oficializa a ditadura militar e, como não poderia deixar de ser, a
festa não se realiza.
Sabino segue para Lisboa, Roma, Paris, Berlim, Londres e Nova
York, em 1969, como enviado especial do "Jornal do Brasil",
para uma série de reportagens sobre "O que está acontecendo nas
maiores cidades do mundo ocidental". Publica, pela Sabiá, um
livro de literatura infantil: "Evangelho das Crianças",
escrito com a colaboração de Marco Aurélio Matos.
A convite do governo alemão, em 1971, volta à Europa. Realiza
reportagem sob o título "Ballet de Márcia Haydée em Stutgart"
para a revista "Manchete". De volta ao Brasil realiza um
super-8 curta-metragem sobre Rubem Braga, "O Dia de Braga",
exibido pela TV Globo e que lhe servirá de modelo para os futuros
documentários em 35 mm sobre escritores brasileiros.
Em 1972, vende a Sabiá para a José Olympio. Viaja para Los Angeles,
onde produz e dirige com David Neves, para a TV Globo, uma série de
08 mini-documentários sobre Hollywood, "Crônicas ao Vivo". Entrevista
Alfred Hitchcock e Broderick Crawford. Escreve três reportagens
para a "Realidade".
Com David Neves, no ano seguinte, funda a Bem-Te-Vi Filmes Ltda.
Filma "A Ponte da Amizade", documentário rodado em Assunção Paraguai, para o Departamento Comercial do Itamaraty, registrando a
participação do Brasil na Feira Internacional de Indústria e
Comércio. Realiza uma série de documentários cinematográficos "Literatura
Nacional Contemporânea", sobre dez escritores brasileiros: Érico
Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, João
Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Jorge Amado, João Guimarães
Rosa, Pedro Nava, José Américo de Almeida e Afonso Arinos de Melo
Franco.
Em 1974, viaja a Buenos Aires, de onde escreve crônicas para o "Jornal
do Brasil". Em 1975, vai ao Oriente Médio, com David Neves e
Mair Tavares, onde produz e dirige o filme "Num Mercado Persa",
documentário sobre a participação do Brasil na Feira Internacional
de Indústria e Comércio, em Teerã. Publica "Gente I" e "Gente
II", com crônicas, reminiscências e entrevistas de
personalidades de destaques nas letras, nas artes, na música e no
esporte.
1976, entre viagens a Buenos Aires, cidade do México, Los Angeles,
marca o lançamento do livro "Deixa o Alfredo Falar!".
Participa da Feira do Livro de Buenos Aires. Após 16 anos de
colaboração, deixa o "Jornal do Brasil".
Inicia, em 1977, a publicação de crônica semanal sob o título de "Dito
e Feito" no jornal "O Globo". Sua colaboração se
prolongará por 12 anos sem qualquer interrupção e era reproduzida no
"Diário de Lisboa" e em oitenta jornais no Brasil. Viagem a
Manaus, da qual resulta no livro "Encontro das Águas". Com
Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga,
integra a série "Para Gostar de Ler".
Vai à Argélia, em 1978, realizar filme sobre Argel e a participação
brasileira na Feira Internacional de Indústria e Comércio,
intitulado "Sob Duas Bandeiras". Como em todas as viagens que
realiza ao exterior, envia crônicas para o jornal "O Globo".
Em 1979, retoma e acaba em dezoito dias de trabalho ininterrupto o
romance "O Grande Mentecapto", que havia iniciado há 33 anos,
um sucesso literário. O livro servirá de argumento para o filme com
o mesmo nome, dirigido por Oswaldo Caldeira e com Diogo Vilela no
papel principal. É adaptado para o teatro em Minas e São Paulo.
Publica "A Falta Que Ela Me Faz". Recebe o Prêmio Jabuti pelo
romance "O Grande Mentecapto". Filma a participação do Brasil
na Feira Internacional de Indústria e Comércio em Hannover, em 1980.
Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro na categoria de Literatura,
concedido pelos Conselhos Estaduais de Educação e Cultura do Rio de
Janeiro. Realiza viagens ao Peru e aos Estados Unidos, e dois
documentários em vídeo sobre a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro,
em 1981.
Em 1982, lança o romance "O Menino no Espelho", ilustrado por
Carlos Scliar, que passa a ser adotado em inúmeros colégios do país.
Percorre várias cidades brasileiras, participando do projeto
Encontro Marcado, ciclo de palestras de escritores nas universidades
provido pela IBM.
Lança o livro "O Gato Sou Eu", em 1983.
Publica os livros "Macacos Me Mordam", conto em edição
infantil, com ilustrações de Apon e "A Vitória da Infância",
seleção de contos e crônicas sobre crianças, em 1984. Seu livro "O
Grande Mentecapto" é lançado em Lisboa.
"A Faca de Dois Gumes" é seu novo livro, em 1985. Uma das
novelas é adaptada para o cinema, com o mesmo título, dirigida por
Murilo Sales. Escreve uma peça teatral, baseada em "Martini Seco",
encenada no Rio de Janeiro. É condecorado com a Ordem do Rio Branco
no grau de Grã-Cruz pelo governo brasileiro. Publica, no "New
York Times", o artigo "The Gold Cities of Minas Gerais".
Em 1986, realiza inúmeras viagens: Londres, Tókio, Hong-Kong, Macau
e Singapura. Escreve "Belo Horizonte de todos os tempos" para
o Banco Francês-Brasileiro.
Publica "O Pintor que Pintou o Sete", história infantil, a
novela "Martini Seco" em edição para-didática, e três
seleções: "As Melhores Histórias", "As Melhores Crônicas"
e "Os Melhores Contos", em 1987.
É lançado "O Tabuleiro das Damas", um esboço de
autobiografia, em 1988. Escreve suas últimas crônicas para "O
Globo", do qual se despede no final do ano.
Em 1989 o filme "O Grande Mentecapto" é premiado no Festival
Internacional de Gramado. Novas viagens pelo mundo e o lançamento do
livro "De Cabeça Para Baixo", reportagens literárias e
jornalísticas sobre as suas viagens pelo mundo de 1959 a 1986.
No ano seguinte esse filme é exibido no Festival Internacional de
Cinema em Washington D.C., e recebe um prêmio. Lança o livro "A
Volta Por Cima".
Em 1991, lança o livro "Zélia, Uma Paixão", biografia
autorizada de Zélia Cardoso de Mello, Ministra da Fazenda no governo
Collor, com tratamento literário. Os escândalos em sua vida privada
e sua saída do governo foram motivo de grande repercussão entre os
brasileiros, criando clima hostil ao escritor. Por ironia do
destino, nesse mesmo ano sua novela "O Bom Ladrão", do livro "A
Faca de Dois Gumes", é lançada em edição extra como brinde ao
dicionário de Celso Luft, com tiragem recorde de 500.000 exemplares.
Viaja ao Chile, em 1992, para preparar a edição de "Zélia, Uma
Paixão" em castelhano. Edição paradidática de " O Bom Ladrão".
Lança, em 1993, "Aqui Estamos Todos Nus", uma trilogia de
novelas "de ação, fuga e suspense".
No ano seguinte lança o livro "Com a Graça de Deus", "uma
leitura fiel do Evangelho inspirada no humor de Jesus".
Em 1995, a Editora Ática relança a seleção, revista e aumentada, de
"A Vitória da Infância", com a qual Fernando Sabino
reafirma sua determinação ao longo da vida inteira de preservar a
criança dentro de si. Ou, como ele mesmo escreveu: "Quando eu era
menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando
crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que
quero ser menino".
O autor faleceu dia 11 de outubro de 2004 na cidade do Rio de
Janeiro. A seu pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz
Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".
Fonte:
Projeto Releituras
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