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Francisco Orban

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

 

Allan Banks, USA, Hanna

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Francisco Orban



Bio-bibliografia



Natural do Rio de Janeiro. É poeta, escritor e jornalista

 

Livros publicados:

  • Sobrado das Horas Editora Taurus/Timbre 1990;

  • Cesto das Canções com pássaros- Editora Leviatã, 1996;

  • Recomendações aos sonhadores- Editora 7Letras 2001 (Prêmio Cecília Meireles- UBE-2002);

  • Estaleiros de Vento- Inédito - (ganhou o Prêmio Walmir Ayala/União Brasileira de Escritores/2003)

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco Orban



Poema I


Se ser do mar é destino
o que dizer da jangada
de toda jangada do mundo
que faz do vento jornada?

A jangada ja trançada
na salinidade da orla
pousa no mar silenciosa
para do mar ser levada

Mas o mar que a nomeia
com o vento a devora
e a insere em seu horizonte
de acaso e vôo sem hora

E entre tantos movimentos
de outros seres de água
a jangada, ja desperta,
cria novo paradeiro,
agora de ave do mar
assentada no destino
que o mar lhe trouxe de volta
 

 

 

 

Titian, Noli me tangere

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Maria Maia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco Orban



Poema II


A década de setenta
foi meu último quilombo.
Dela eu bebo
uns crepusculos de outonos
no gargalo
um mapa de Riachuelo
o gosto de um breve janeiro

Desse Quilombo guardo
o passaporte falso de estrangeiro
a pele dos que viveram o furacão
as mãos dos condutores de veleiros

Nunca mais voltei a essa pátria
que hoje é só um deserto de verbos
seus heróis caíram no cotidiano
nos escritórios sem alforria dos dias
onde cumprem os mesmos roteiros

Desses anos trago
a roupa da aventura que vestia
e um velho violão inadequado
para a nova ordem da mobília

 

 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Myriam Fraga

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco Orban



Poema III
(O Poema de areia)


Vejo em teu rosto
uma integridade tão bela
que a mim me pergunto
se não o guardarei para sempre
pelas estações da terra

Queria beijar-te
andar junto contigo
correr pelo corredor da noite
E contar-te que fui um menino
de vento
e que já te amava
mesmo antes de amar os navios
já te amava, quando tudo ainda
era o perfume da possibilidade
e a areia do amor
escorria por nossas mãos
nas tardes abertas
pelo sentimento de saber
que o amor estava ao nosso alcance
como os navios,a poesia e os carnavais

O que aconteceu
me pergunto?
E mudo sigo pela cidade
com a foto do teu rosto
no coração,

Milhares de dias
ainda faltam
para viver sem saber
o que a febre do nosso amor
nos traria
com sua leveza
seu estado de comunhão
e alegria

Pergunto agora aos veleiros
Por que te aceno em vão, pelo mundo
E por que a mim couberam as mãos
dos que esperaram tudo?
e novamente me vejo
diante de teu rosto
de uma integridade tão bela
que meu amor te seguirá para sempre
pelas estações da terra
Como um dia, a mim seguiram
Os navios, a poesia e os carnavais
 

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Helena Armond

 

 

14/10/2005